contos lauro ferrao

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Meu coração ficou na curva do Rio Paranaíba
sentado em um tamborete enrolando um cigarro de palha.
João Batista sentou-se em outro tamborete e começou a
falar, enquanto o pai ouvia do filho as novidades.
– Papai, o senhor precisa conhecer a Bolsa de Valores.
A gente investe hoje e em dois meses o investimento dobra.
Meu patrão tem apartamento na paia, carro importado e
viaja para Europa duas vezes por ano. É o melhor negócio
do mundo.
Seu pai foi absorvendo as informações e escutando
com atenção as novidades da cidade grande. João Batista
não parava de falar e elogiar as grandes vantagens de
investir na Bolsa de Valores. O velho estava só ouvindo,
quando arregalou os olhos ao escutar do filho:
– Então, papai, eu vim aqui para aconselhar o Senhor
a vender a fazenda para investir na Bolsa de Valores.
O pai pensou, pensou e depois de passar um bom
tempo perguntou:
– Meu filho, me explica uma coisa, se a gente investe
nessa tal de Bolsa e ganha tanto dinheiro, quem está
perdendo?
João Batista mais que depressa tentou explicar:
– Não, pai, ninguém leva prejuízo. Todo mundo
ganha.
– Que besteira é essa, meu filho, gastei tanto dinheiro
e você estudou tanto e não sabe do básico. Quando alguém
ganha muito dinheiro, tem alguém levando um grande
prejuízo.
João Batista calou-se, faltaram-lhe palavras para
refutar os argumentos do pai, pois sabia que, na verdade,
tudo aquilo era um grande jogo.