contos lauro ferrao

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Meu coração ficou na curva do Rio Paranaíba
do ambiente. Se ele adorava tanto o Rio Paranaíba, por que
morreu em terra? Tocados pelo sentimento mútuo de fazer
realizar um sonho, os dois pegaram o Paranaíba, um pelos
pés e o outro pelos braços, balançando-o e, em seguida,
jogaram o corpo no rio. Ele foi descendo pela correnteza,
afundando aos poucos e, por último, a mão que parecia estar
dando adeus.
Mário e Alcides experimentaram a sensação de
que fizeram um ato de pura justiça e de amizade. Foram
embora sentindo que o amigo estava onde sempre sonhou.
Avisaram os parentes de que o João Paranaíba estava
bebendo com eles, foi dar um mergulho e sumiu nas águas.
Cedo os bombeiros compareceram para realizar a
busca do corpo. Uma grande aglomeração foi se formando
na Avenida Beira Rio, um querendo testemunhar o achado,
outros para ver os serviços dos bombeiros e outros aproveitando
o grande movimento para vender picolé, pipoca e
churrasquinho.
O burburinho era intenso, porém as águas do
Paranaíba calmamente continuavam a entoar uma canção
serena para embalar o sono profundo e eterno do amigo de
Mário e Alcides.