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contos lauro ferrao

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94<br />

Meu coração ficou na curva do Rio Paranaíba<br />

Os anos foram passando e Zoroastro continuou tendo<br />

premonições e criando novas teorias catastróficas. Quando<br />

passava pela rua, eu olhava para ele como o grande mensageiro<br />

do Apocalipse.<br />

No dia 13 de agosto de 2004, abri a agenda para<br />

conferir os compromissos e lá estava registrada a premonição<br />

do Zoroastro, marcada para as 14 horas. Com muita<br />

curiosidade, liguei para uns amigos a fim de saber as<br />

notícias do Zoroastro. Do outro lado da linha, Maristela<br />

perguntou aflita:<br />

– Você não sabia que o Zoroastro faleceu ontem à<br />

noite?<br />

Disse que não sabia e perguntei a hora do sepultamento.<br />

Maristela respondeu solenemente:<br />

– Às 14 horas.<br />

Fiquei perplexo e, rapidamente, preparei-me para ir<br />

ao enterro do grande Zoroastro, porque, apesar das suas<br />

maluquices, era querido por todos nós. Ao lado da cova,<br />

fiquei olhando o chão aberto e o caixão baixando lentamente<br />

aos aplausos de todos os presentes. O coveiro foi<br />

jogando terra sobre o caixão com uma pá e os amigos foram<br />

se dispersando aos poucos. Fiquei ali tentando associar a<br />

premonição de Zoroastro àquela situação.<br />

É... ele soube mesmo prever o fim do mundo, mas só<br />

para ele.

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