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Meu coração ficou na curva do Rio Paranaíba<br />
Os anos foram passando e Zoroastro continuou tendo<br />
premonições e criando novas teorias catastróficas. Quando<br />
passava pela rua, eu olhava para ele como o grande mensageiro<br />
do Apocalipse.<br />
No dia 13 de agosto de 2004, abri a agenda para<br />
conferir os compromissos e lá estava registrada a premonição<br />
do Zoroastro, marcada para as 14 horas. Com muita<br />
curiosidade, liguei para uns amigos a fim de saber as<br />
notícias do Zoroastro. Do outro lado da linha, Maristela<br />
perguntou aflita:<br />
– Você não sabia que o Zoroastro faleceu ontem à<br />
noite?<br />
Disse que não sabia e perguntei a hora do sepultamento.<br />
Maristela respondeu solenemente:<br />
– Às 14 horas.<br />
Fiquei perplexo e, rapidamente, preparei-me para ir<br />
ao enterro do grande Zoroastro, porque, apesar das suas<br />
maluquices, era querido por todos nós. Ao lado da cova,<br />
fiquei olhando o chão aberto e o caixão baixando lentamente<br />
aos aplausos de todos os presentes. O coveiro foi<br />
jogando terra sobre o caixão com uma pá e os amigos foram<br />
se dispersando aos poucos. Fiquei ali tentando associar a<br />
premonição de Zoroastro àquela situação.<br />
É... ele soube mesmo prever o fim do mundo, mas só<br />
para ele.