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88 Meu coração ficou na curva do Rio Paranaíba Um homem chamado Denise Como pode um casal ir ao cartório de registro civil e colocar o nome em um menino de Denise? Pode acreditar, alguém fez isso. O Denise, é claro, não gostava do nome, por isso preferia ser chamado simplesmente de “Dê”. Não foi à justiça para mudar o nome em consideração aos pais, mas nas suas horas de bebedeira, declarava a todos os presentes que, quando os pais falecessem, iria providenciar a mudança. Um dia, o Dê exagerou, parecia até que estava torcendo para que os pais morressem. Os amigos acharam um absurdo. Nos anos 1970, na cidade de Itumbiara, havia um bar chamado Magros Chope, que era a grande novidade da cidade, por isso permanecia lotado, principalmente, nos finais de semana.
CRÔNICAS E CONTOS 89 O Dê conseguiu uma mesa no fundo do salão, sentou-se e começou a beber a sua cerveja. Na época, a moda era calça muito justa, cós alto, boca de sino e sapato plataforma. A cintura era tão apertada que quase não era possível usar os bolsos. A carteira era colocada abaixo da camisa apertada pelo cós. Os mais desatentos achavam que a pessoa estava armada em consequência do volume na cintura. Mais tarde, com o bar ainda lotado, o Dê resolveu ir embora. Pediu a conta e o garçom trouxe uma folha de papel escrita, que o Dê pegou e se assustou com o valor. – Isto é um absurdo! É um roubo! Foi falando e, ao mesmo tempo, levantando para pegar a carteira. O garçom assustado achou que ele estava armado e que estava se levantando para sacar a arma. Foi quando se atracou com o Dê, desferindo vários golpes no rosto dele, ajudado pelos presentes das mesas ao lado. Assustado, o Dê se desvencilhou dos agressores e indignado pelo imbróglio, ameaçou: – Agora, vou lá em casa pegar a minha carabina e vou matar todo mundo. Ninguém acreditou, ficaram rindo da situação ridícula e engraçada, somente o Dê estava revoltado e resolvido. Chegou a casa e pegou a sua Winchester calibre 44, conhecida na época pelo apelido de “Papo Amarelo”. Na porta do bar e do outro lado da rua, começou a manobrar a carabina e gritar que ia mesmo matar todo mundo. É importante mencionar que essa carabina tem uma parte móvel por baixo que, quando é acionada, joga para fora o cartucho da bala usada e recoloca outro. Quando não é efetuado o disparo, a manobra faz jogar a bala intacta para fora. Muito nervoso, o Dê realizava a manobra, como não estava atirando, a bala era jogada para fora. Os fregueses saíram do bar e se espremeram com medo atrás de uma Kombi. Foi quando alguém alertou: – Aquela carabina está sem bala, vamos pegá-lo. Bem que o Dê tentou correr, mas a turba o alcançou, dando-lhe outra surra e, dessa vez, bateram com vontade.
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Notas Dedico este livro ao meu pai
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© Copyright 2014, Lauro Ferrão Me
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O escritor e suas vítimas Lauro Fe
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Sumário CRÔNICAS E CONTOS........
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