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Revista Curinga Edição 22

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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Comum<br />

Paraíso<br />

de<br />

Papel<br />

Ambicionados com a possibilidade de enriquecer, muitas<br />

pessoas caem em golpes com promessas de lucro que<br />

seriam muito vantajosos... Se fossem verdade...<br />

Uma empresa. Dois irmãos. Um império em ascensão<br />

que inicia sua ruína. Essa é a história que<br />

os empresários Wesley e Joesley Batista começaram<br />

a escrever na fatídica data de 17 de maio de<br />

2017. Neste dia, implodiu na mídia a divulgação de<br />

uma fita onde os donos da JBS revelavam o enorme<br />

esquema de corrupção do qual participavam. As<br />

gravações entregues ao Ministério Público Federal<br />

(MPF) registravam ainda pedidos de propina do<br />

Presidente da República, Michel Temer, e do então<br />

Presidente do PSDB, Aécio Neves, licenciado do<br />

cargo logo após os registros.<br />

O resultado dessas investigações já é de conhecimento<br />

de todos. No entanto, um novo processo<br />

contra a empresa ainda se arrasta. Os irmãos Batista<br />

seguem, até a presente edição dessa revista,<br />

investigados pela Comissão de Valores Mobiliários<br />

(CVM) - órgão que regula o mercado de capitais<br />

- por terem se aproveitado de informações privilegiadas<br />

da delação para se beneficiarem do impacto<br />

na economia do mercado.<br />

A jornalista financeira Carolina Sandler explica:<br />

“Os executivos da JBS foram informados que<br />

o acordo de delação premiada e os áudios com o<br />

Presidente da República seriam vazados para a imprensa<br />

com antecedência. Eles buscaram se aproveitar<br />

da informação privilegiada e compraram dólares<br />

antes do terremoto que abalou os mercados<br />

financeiros”. A cotação do dólar disparou e a JBS<br />

conseguiu lucrar com a operação. “Antes da divulgação,<br />

o dólar havia fechado a R$ 3,13 na venda e<br />

chegou a superar o patamar de R$ 3,40 no dia seguinte<br />

- uma alta de mais de 8%”, esclarece.<br />

O golpe feito com uso de informações privilegiadas<br />

tem o nome de insider trading e, segundo a<br />

CVM, ocorre quando alguém faz uso de dados relevantes<br />

que ainda não tenham sidos levados em<br />

conta, com o fim de obter, para si ou para outro,<br />

vantagens na negociação de valores mobiliários. “O<br />

papel da CVM é de disciplinar e fiscalizar o mercado.<br />

Entre outras prioridades, busca garantir que a<br />

compra e venda de ações com base em insider trading<br />

seja punida”, acrescenta Sandler.<br />

Quando a esmola é grande<br />

A advogada Gabrielle Delmutti explica que<br />

existem outros tipos do que consideramos como<br />

“golpes de mercado”. Exemplo são as pirâmides financeiras,<br />

esquemas previsivelmente não sustentáveis<br />

que prometem ganhos milagrosos e dependem<br />

de uma contínua inserção de novos membros.<br />

Segundo a advogada, o que caracteriza um investimento<br />

ilegitimo é a obscuridade na forma de<br />

como são distribuídos os lucros. “Esse recrutamento<br />

incessante de novos adeptos é a base do negócio<br />

das pirâmides financeiras”. O esquema de pirâmide<br />

é considerado crime contra a economia popular,<br />

pela Lei 1.521/51 da Constituição, com pena de 6<br />

meses a 2 anos de detenção, além de multa.<br />

Delmutti ressalta também a importância de verificar<br />

anteriormente a empresa ou produto no qual<br />

se pretende investir. “Uma breve pesquisa pode dar<br />

um novo panorama ao possível investidor sobre a<br />

legalidade ou não desse investimento”. Ela conclui:<br />

“Desconfie, não existe dinheiro fácil”.

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