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mais desenvolvidos. Para não falar que<br />
é possível promover uma transformação<br />
digital na comercialização de seguros<br />
no Brasil.”<br />
Elizabeth Powell, underwriter do<br />
sindicato Sompo Canopius no Lloyd’s of<br />
London, conhece o mercado brasileiro<br />
por causa de sua passagem pelo IRB<br />
Brasil Re. Ela menciona a “tempestade<br />
perfeita”, destacando que o governo, seja<br />
Dilma ou Temer, deve atacar a inflação<br />
alta com todas as forças. “Aliada à desaceleração<br />
da economia e ao desemprego<br />
em alta, a inflação mina o lado comercial<br />
das operacões de seguros e resseguros.<br />
É o maior risco. Quanto à crise, é preocupante,<br />
mas muitos países passam<br />
por crises e elas tendem a ser superadas<br />
com o tempo, os negócios precisam se<br />
ajustar à dinâmica de crescimento mais<br />
lento”, ponderou Elizabeth, citando como<br />
exemplo a crise do início dos anos 2000<br />
na Argentina e, mais tarde, o baixo desempenho<br />
da economia nos últimos anos<br />
de Cristina Kirchner. “O novo governo<br />
está dando um choque econômico e<br />
muita coisa está mudando na Argentina,<br />
muitas oportunidades estão surgindo<br />
para o setor de seguros e resseguros. Há<br />
um ano havia pouca esperança.”<br />
Reservadamente, um alto executivo<br />
do próprio Lloyd’s conta que, por causa<br />
2011<br />
2012<br />
2013<br />
2014<br />
2015<br />
da desvalorização cambial, o mercado<br />
de resseguros brasileiro sofreu forte<br />
redução em 2015, quando o volume de<br />
prêmios medido em dólares teve uma<br />
redução de 23%. “No entanto, isso não<br />
muda nosso apoio ao país. O Lloyd’s<br />
está comprometido com o Brasil e continuará<br />
a apoiar o mercado brasileiro.<br />
Temos confiança de que no médio prazo<br />
a economia brasileira vai se recuperar<br />
e, consequentemente, o mercado de<br />
seguros e resseguros voltará a crescer.<br />
Entretanto, para que o setor de seguros<br />
e resseguros brasileiro possa se desenvolver<br />
e crescer de forma sustentável,<br />
é fundamental uma melhor integração<br />
com o mercado internacional, implementando<br />
um processo de liberalização<br />
e desburocratização no setor.”<br />
Em meio à tramitação do processo<br />
de impeachment na Câmara, um documento<br />
publicado pela Europe Insurance,<br />
associação de seguradoras europeias,<br />
faz menção ao excesso de intervenção<br />
do governo no mercado ressegurador,<br />
limitando a oferta de capacidade por<br />
parte de resseguradoras estrangeiras.<br />
“O Brasil representa um mercado muito<br />
importante para a indústria seguradora<br />
europeia. Atuais relações podem ser<br />
ampliadas e melhoradas com a retirada<br />
de barreiras comerciais e aumentando<br />
Mau tempo<br />
Como se forma uma “tempestade perfeita” na economia (em %)<br />
Crescimento<br />
do PIB<br />
2,7<br />
1<br />
2,3<br />
0,1<br />
-3,8<br />
Inflação<br />
6,5<br />
5,8<br />
5,9<br />
6,4<br />
10,6<br />
Fator fiscal<br />
51,3<br />
54,8<br />
53,3<br />
58,9<br />
66,2<br />
Fontes: IBGE e Banco Central<br />
Kurt Karl, da Swiss Re<br />
a convergênca regulatórias”, assinala<br />
o paper.<br />
Outro ponto de atenção é o segmento<br />
de óleo e gás, energia e grandes<br />
obras, todos atrelados com a Petrobras.<br />
Com a consolidação do preço do petróleo<br />
no mercado internacional em nível<br />
baixíssimo e o escândalo de corrupção<br />
apurado pelas investigações da operação<br />
Lava-jato, as seguradoras e resseguradoras<br />
tendem a faturar menos prêmios<br />
nesse nicho de mercado. A avaliação é<br />
de Deniese Imoukhuede, diretora da AM<br />
Best, agência de classificação de risco,<br />
baseada em Londres, especializada no<br />
mercado segurador.<br />
“A geração de prêmios será menor<br />
que os resutados obtidos em anos anteriores,<br />
com o preço do petróleo em<br />
patamares mais elevados. Com a queda<br />
da commodity, naturalmente a tendência<br />
é de desaceleração das transações pelas<br />
seguradoras. Isso já está acontecendo<br />
em outros países emergentes, não só no<br />
Brasil. Seguradoras na Rússia e Nigéria<br />
já sofrem o impacto dessa nova precificação.<br />
O problema é que no Brasil<br />
tem esse escândalo de corrupção que<br />
está paralisando tudo, inclusive afetará<br />
os segmentos de seguros da cadeia de<br />
negócios que envolve a Petrobras, como<br />
energia e construção. A receita aqui é<br />
partir para a diversificação de carteira”,<br />
aconselha a executiva da AM Best.<br />
* Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o setor de<br />
seguros e resseguros na Gazeta Mercantil<br />
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