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Revista Apólice #210

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❙❙Marcelo Varela, da XL Catlin<br />

mento dos processos de sinistros tenha<br />

sido fortemente sentido pelas entidades<br />

envolvidas em escândalos de corrupção,<br />

bem como as empresas listadas, as pequenas<br />

e médias empresas não sofreram<br />

grandes consequências e as taxas desses<br />

setores permanecem inalteradas. Além<br />

disso, novos atores ainda estão entrando<br />

no mercado, trazendo mais concorrência.<br />

O fato é que tanto as empresas estão<br />

mais preocupadas quanto as seguradoras<br />

estão mais cautelosas. “Por enquanto, a<br />

maioria dos sinistros reclamados referem-<br />

-se a pagamento de defesa. As grandes<br />

multas e penalidades ainda estão por vir,<br />

porque os sinistros ainda estão se desenrolando”,<br />

prevê o advogado João Marcelo<br />

dos Santos, da Santos & Bevilaqua.<br />

A crise econômica que afeta diretamente<br />

alguns setores, causando perdas<br />

financeiras significativas, aumentando o<br />

escrutínio de investidores, assim como<br />

os recentes casos de corrupção, estão no<br />

centro deste aumento de sinistralidade,<br />

conforme explica Celso Soares Junior,<br />

da Zurich. “As ações de classe nos<br />

EUA atingem diversas empresas brasileiras,<br />

de setores distintos, o que por<br />

si só causa preocupação no setor. Em<br />

razão disso, o processo de subscrição se<br />

tornou mais rígido: coberturas amplas<br />

concedidas anteriormente passam a ter<br />

limitações e há ainda um impacto direto<br />

em preço”, completa.<br />

As companhias que atuam neste<br />

setor também estudam rever exclusões e<br />

cláusulas dos próximos contratos.<br />

❙❙João Marcelo dos Santos, advogado<br />

Situação atual<br />

Uma cotação de seguro novo ou de<br />

renovação para empresas com perfil de<br />

risco mais claro é mais difícil, porque o<br />

mercado segurador tem analisado mais<br />

aspectos. “A subscrição passou a ser mais<br />

detalhada. O soft market, de condições<br />

abertas e redução de preços, não faz parte<br />

da realidade atual. Antes de assumir o risco,<br />

as seguradoras analisam o histórico da<br />

empresa e seu setor e, de modo geral, têm<br />

observado mais os programas anticorrupção<br />

e antifraude (compliance), adequando<br />

a precificação”, destaca Soares, da Zurich.<br />

O executivo conta que também se<br />

tornaram mais comuns as cláusulas excludentes<br />

na apólice. As perguntas sobre<br />

programas de compliance se tornaram<br />

uma constante nas cotações de D&O.<br />

“O objetivo é entender se há estrutura de<br />

fiscalização e controles, principalmente<br />

no que se refere ao relacionamento com<br />

o governo e práticas anticoncorrenciais”,<br />

explica. Estas respostas impactam diretamente<br />

em aceitação/escopo de cobertura<br />

ofertado e preço. Os valores podem ser<br />

revistos conforme a empresa comprove<br />

sua real intenção de agir contra riscos.<br />

“Questões relativas à estruturação de<br />

programas de compliance, como o estabelecimento<br />

de canais de denúncia,<br />

investigações independentes, códigos de<br />

conduta e treinamentos aos colaboradores<br />

são analisadas no momento da subscrição”,<br />

acresenta .<br />

O advogado João Marcelo Santos<br />

acredita que as desavenças jurídicas em<br />

❙❙Celso Soares Junior , da Zurich<br />

torno do seguro de D&O ainda trarão<br />

grande aprendizado para o setor. “As<br />

questões que envolvem os sinistros de<br />

D&O não podem ser consideradas do<br />

campo do direito penal nem do direito administrativo.<br />

Quem trabalha com seguros<br />

está mais familiarizado com conceitos<br />

de compliance e esta será uma nova área<br />

de atuação”. Para ele, na situação atual<br />

das regulações, quem está na frente é o<br />

Ministério Público, que possui posição<br />

privilegiada porque participam da criação<br />

dos precedentes.<br />

Então o que o futuro reserva? “Todas<br />

as evidências sugerem que a demanda<br />

pelo seguro D&O no Brasil vai continuar<br />

a aumentar. No entanto, o movimento no<br />

Brasil, e na verdade em todo o mundo,<br />

por maior accountability sugere que as<br />

reivindicações também irão aumentar”,<br />

assinala Varela, da XL Catlin. Neste<br />

cenário, os clientes provavelmente solicitarão<br />

limites maiores, o que significa<br />

que as seguradoras terão de encontrar<br />

capacidade adicional, bem como subscrever<br />

os riscos de D&O com mais cuidado.<br />

Para as seguradoras que oferecem<br />

cobertura para D&O no Brasil, os próximos<br />

anos devem ser um desafio. “No<br />

entanto, com maior clareza da SUSEP e<br />

fortes práticas de subscrição, o mercado<br />

deverá estar preparado para oferecer a<br />

executivos e diretores alguma proteção<br />

para quando tomarem decisões informadas<br />

com base na crença sincera de que<br />

tais decisões são no melhor interesse da<br />

empresa”, conclui Varela.<br />

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