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❙❙Marcelo Varela, da XL Catlin<br />
mento dos processos de sinistros tenha<br />
sido fortemente sentido pelas entidades<br />
envolvidas em escândalos de corrupção,<br />
bem como as empresas listadas, as pequenas<br />
e médias empresas não sofreram<br />
grandes consequências e as taxas desses<br />
setores permanecem inalteradas. Além<br />
disso, novos atores ainda estão entrando<br />
no mercado, trazendo mais concorrência.<br />
O fato é que tanto as empresas estão<br />
mais preocupadas quanto as seguradoras<br />
estão mais cautelosas. “Por enquanto, a<br />
maioria dos sinistros reclamados referem-<br />
-se a pagamento de defesa. As grandes<br />
multas e penalidades ainda estão por vir,<br />
porque os sinistros ainda estão se desenrolando”,<br />
prevê o advogado João Marcelo<br />
dos Santos, da Santos & Bevilaqua.<br />
A crise econômica que afeta diretamente<br />
alguns setores, causando perdas<br />
financeiras significativas, aumentando o<br />
escrutínio de investidores, assim como<br />
os recentes casos de corrupção, estão no<br />
centro deste aumento de sinistralidade,<br />
conforme explica Celso Soares Junior,<br />
da Zurich. “As ações de classe nos<br />
EUA atingem diversas empresas brasileiras,<br />
de setores distintos, o que por<br />
si só causa preocupação no setor. Em<br />
razão disso, o processo de subscrição se<br />
tornou mais rígido: coberturas amplas<br />
concedidas anteriormente passam a ter<br />
limitações e há ainda um impacto direto<br />
em preço”, completa.<br />
As companhias que atuam neste<br />
setor também estudam rever exclusões e<br />
cláusulas dos próximos contratos.<br />
❙❙João Marcelo dos Santos, advogado<br />
Situação atual<br />
Uma cotação de seguro novo ou de<br />
renovação para empresas com perfil de<br />
risco mais claro é mais difícil, porque o<br />
mercado segurador tem analisado mais<br />
aspectos. “A subscrição passou a ser mais<br />
detalhada. O soft market, de condições<br />
abertas e redução de preços, não faz parte<br />
da realidade atual. Antes de assumir o risco,<br />
as seguradoras analisam o histórico da<br />
empresa e seu setor e, de modo geral, têm<br />
observado mais os programas anticorrupção<br />
e antifraude (compliance), adequando<br />
a precificação”, destaca Soares, da Zurich.<br />
O executivo conta que também se<br />
tornaram mais comuns as cláusulas excludentes<br />
na apólice. As perguntas sobre<br />
programas de compliance se tornaram<br />
uma constante nas cotações de D&O.<br />
“O objetivo é entender se há estrutura de<br />
fiscalização e controles, principalmente<br />
no que se refere ao relacionamento com<br />
o governo e práticas anticoncorrenciais”,<br />
explica. Estas respostas impactam diretamente<br />
em aceitação/escopo de cobertura<br />
ofertado e preço. Os valores podem ser<br />
revistos conforme a empresa comprove<br />
sua real intenção de agir contra riscos.<br />
“Questões relativas à estruturação de<br />
programas de compliance, como o estabelecimento<br />
de canais de denúncia,<br />
investigações independentes, códigos de<br />
conduta e treinamentos aos colaboradores<br />
são analisadas no momento da subscrição”,<br />
acresenta .<br />
O advogado João Marcelo Santos<br />
acredita que as desavenças jurídicas em<br />
❙❙Celso Soares Junior , da Zurich<br />
torno do seguro de D&O ainda trarão<br />
grande aprendizado para o setor. “As<br />
questões que envolvem os sinistros de<br />
D&O não podem ser consideradas do<br />
campo do direito penal nem do direito administrativo.<br />
Quem trabalha com seguros<br />
está mais familiarizado com conceitos<br />
de compliance e esta será uma nova área<br />
de atuação”. Para ele, na situação atual<br />
das regulações, quem está na frente é o<br />
Ministério Público, que possui posição<br />
privilegiada porque participam da criação<br />
dos precedentes.<br />
Então o que o futuro reserva? “Todas<br />
as evidências sugerem que a demanda<br />
pelo seguro D&O no Brasil vai continuar<br />
a aumentar. No entanto, o movimento no<br />
Brasil, e na verdade em todo o mundo,<br />
por maior accountability sugere que as<br />
reivindicações também irão aumentar”,<br />
assinala Varela, da XL Catlin. Neste<br />
cenário, os clientes provavelmente solicitarão<br />
limites maiores, o que significa<br />
que as seguradoras terão de encontrar<br />
capacidade adicional, bem como subscrever<br />
os riscos de D&O com mais cuidado.<br />
Para as seguradoras que oferecem<br />
cobertura para D&O no Brasil, os próximos<br />
anos devem ser um desafio. “No<br />
entanto, com maior clareza da SUSEP e<br />
fortes práticas de subscrição, o mercado<br />
deverá estar preparado para oferecer a<br />
executivos e diretores alguma proteção<br />
para quando tomarem decisões informadas<br />
com base na crença sincera de que<br />
tais decisões são no melhor interesse da<br />
empresa”, conclui Varela.<br />
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