inspiração Viagens e pessoas mudam percepção André Machiaverni fala que on<strong>de</strong> existir alguém pronto para fazer parte da história <strong>de</strong>le é <strong>de</strong> lá que vem sua inspiração para o dia a dia, como a recente viagem que fez para Bali 28 9 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> - jornal propmark
Fotos: Arquivo Pessoal André Machiaverni é sócio e diretor <strong>de</strong> planejamento da agência Meza André MAchIAvernI especial para o PrOPMArK Não importa on<strong>de</strong>, quando e nem como. Existe sempre alguém pronto para fazer parte da nossa história. A minha inspiração vem <strong>de</strong>ssas pessoas que, sem muito <strong>de</strong>sconforto, te fazem querer jogar tudo para cima em busca <strong>de</strong> uma aventura rumo ao inexplorado. Encontrei algumas assim na minha mais recente viagem com a Carla, minha mulher, com <strong>de</strong>stino a Bali. Mais um capítulo inesquecível das nossas vidas. Começando pelo sr. Wayan, um senhor <strong>de</strong> uns 60 anos, que <strong>de</strong>scobri sem querer em um fórum na internet e trabalha como motorista na região <strong>de</strong> Ubud. Ele nos levou para conhecer os campos <strong>de</strong> arroz em Tegallalang, on<strong>de</strong> perdi meu telefone no meio da plantação. Já no hotel à noite, ainda inconformado <strong>de</strong> também ter perdido todas as fotos mais recentes da viagem (algumas entre as que ilustram esta página), liguei para ele e pedi que me levasse <strong>de</strong> volta. “Mr. André, é muito perigoso! O lugar é cercado e trancado esta hora, além <strong>de</strong> não haver iluminação!”, ele me disse. No final, mais do que me levar <strong>de</strong> volta, o sr. Wayan pulou comigo a cerca <strong>de</strong> proteção e encarou a caminhada <strong>de</strong> 45 minutos no meio da lama e da escuridão, armados apenas com a lanterna do celular da Carla. No final, não apenas encontrei o aparelho, mas também outra <strong>de</strong>ssas pessoas especiais. Meu iPhone não estava no ponto indicado pelo GPS e sim com uma senhora camponesa que o havia encontrado e levado para casa, ali perto. Poucas vezes vi alguém ficar tão feliz simplesmente por encontrar o dono <strong>de</strong> um objeto perdido e ter o prazer <strong>de</strong> <strong>de</strong>volvê-lo, ainda mais algo que po<strong>de</strong>ria ter lhe rendido uma quantia interessante. A mim, certamente valeu infinitamente mais do que aquilo que economizei com um aparelho novo. Outro cara inspirador foi o Putu. Na cultura local, Putu é o nome dado ao primeiro filho <strong>de</strong> um casal. Ele também era motorista e foi indicado pelo Nano Nobrega, um irmão que a vida me <strong>de</strong>u e que conheci durante os cinco anos em que morei em Los Angeles, estudando e trabalhando. O Putu nos levava <strong>de</strong> uma região a outra <strong>de</strong> Bali. Entre elas estava o Tirta Empul, um lugar especial para os nativos, com águas sagradas. Foi o mesmo templo que ele frequentou todos os dias durante os nove meses <strong>de</strong> gestação da sua filha. Os médicos disseram que ela não seria saudável, então ele rezou diariamente por lá até ela nascer. Perfeita. Quando ele nos <strong>de</strong>ixou no aeroporto ao fim da viagem, além <strong>de</strong> todas as memórias, nos <strong>de</strong>u dois braceletes que ele mesmo havia levado <strong>de</strong> volta ao templo para que fossem “benzidos” como presente em agra<strong>de</strong>cimento por termos dados a ele a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos mostrar sua terra. Um preto para mim e um branco para a Carla, que juntos simbolizam o equilíbrio. Nos tornamos amigos, inclusive no Facebook, e eu o ensinei a usar o Instagram para atrair mais clientes (@putu.krishna.35). Eu sei que, quando a gente fala <strong>de</strong> Bali, a maioria das pessoas quer ouvir histórias sobre o mar, a ioga, os corais e os surfistas inveterados. Mas neste caso, assim como em outra vez que estive lá com amigos para surfar, o que mais me impressionou não foram as ondas perfeitas, mas o empenho que as pessoas fazem para que você se sinta bem. Na minha opinião, locais como Bali são paraísos naturais. Porém, sem as pessoas que moram ali, a ilha seria só mais um lugar bonito. O ponto <strong>de</strong>ssa história toda é que cada uma <strong>de</strong>las, assim como tantas outras que não tive espaço para contar aqui, participaram da construção <strong>de</strong> uma viagem inesquecível. Provaram para mim, mais uma vez, que aquilo que chamamos <strong>de</strong> “extra mile” em cada job que trabalhamos é <strong>de</strong> fato o que faz a diferença para que nossos clientes queiram sempre voltar. O Summit do Facebook, os cursos da Sungularity, Cannes, SXSW, palestras sobre empreen<strong>de</strong>dorismo, VR, AI, o Carnaval na Sapucaí... tudo isso nos dá informações e referências muito legais. Mas, no fundo, o que faz a diferença na pancadaria do dia a dia, no meio dos prazos e das entregas, é nossa relação com pessoas. As que nos ensinaram nas experiências anteriores e as que estão do nosso lado naquele momento, cada uma trazendo a própria bagagem, para construir juntos algo que faça sentido além <strong>de</strong> só solucionar um briefing. É nessa hora que eu sinto que vem a inspiração. Viagem Vale carimbar o passaporte para Bali. O adorno das suas imagens avassaladoras é emoldurado por pessoas que vivem na região e ajudam a manter a sua exuberância. A religiosida<strong>de</strong>, a tenacida<strong>de</strong> do sr. Putu e as plantações <strong>de</strong> arroz (fotos acima) ficam para sempre na memória <strong>de</strong> quem se expõe a esse paraíso natural <strong>de</strong> águas sagradas (foto à esquerda). jornal propmark - 9 <strong>de</strong> <strong>abril</strong> <strong>de</strong> <strong>2018</strong> 29