Caderno de Resumos Congresso Rousseau x Kant

I Congresso Internacional Rousseau x Kant – UFMA Página | 65
III Congresso Nacional Jean-Jacques Rousseau – UFMA: estética e representação
I Congresso Kant – UFMA: liberdade, justiça e dignidade
AUTOBIOGRAFIA ENQUANTO LINGUAGEM DO SENTIMENTO: um ensaio
sobre O Diário de Anne Frank à luz das Confissões de Jean-Jacques Rousseau
Jacenilde Sousa Diniz
jacenildesousa@hotmail.com
Orientador: Prof. Dr. Luciano da Silva Façanha
Universidade Federal do Maranhão
RESUMO: De cunho teórico, a presente pesquisa pretende investigar os aspectos
presentes no Diário da jovem judia, Anne Frank – que ultrapassem as perspectivas
simplistas das intimidades de um (a) Diarista – visando perscrutar nos escritos do Eu a
dimensão coletiva que tais escritos podem alcançar, tendo em vista que as expressões das
emoções, as mais insondáveis, por meio da linguagem do sentimento, encontram terrenos
semelhantes em todas as épocas. Parece residir um processo de reconhecimento, de
identificação. Situada em um momento específico da história, Anne Frank vivencia o
período do holocausto dos judeus, ao construir seu diário, abre a fresta por vezes com
detalhes minuciosos, a partir do seu olhar de adolescente, de aspectos sobre a guerra, que
a historicidade não poderia alcançar. Trata-se de momentos de superação, esperança,
conflitos subjetivos, mais acima de tudo refere-se à construção do ser humano. O Diário
de Anne Frank se situa no gênero literário do tipo autobiográfico inaugurado pelo filósofo
genebrino Jean Jacques Rousseau no século XVIII. Rousseau em suas Confissões
ultrapassa a dimensão do registro autobiográfico, visto que, em suas memórias apresenta
a intrínseca relação entre sua vida e suas obras, seus escritos revelam aspectos do homem
que buscava ser. Na sua autobiografia o genebrino de forma romanesca traz a tona o
resgate das ações e sentimentos que permearam sua vida, a fim de que seu Eu servisse de
exemplo para seus contemporâneos. Apesar de incompreendido, Rousseau na solidão de
seus dias, encontra respaldos para expressar sobre sua essência, abrindo espaço para que
a humanidade possa se refletir sob as mesmas vielas. A narrativa confessional do filósofo
genebrino fornecerá o fio condutor para que nesse ensaio se possam organizar
racionalmente os inúmeros aspectos que O Diário de Anne Frank, escrito dois séculos
depois, termina por encontrar nas Confissões de Rousseau. Essencialmente pela abertura
do Eu que expressa à identidade de uma coletividade sendo manifestada pela linguagem
do sentimento.
Palavras-chave: Autobiografia. Anne Frank. Rousseau. Identidade. Linguagem do
sentimento.