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I <strong>Congresso</strong> Internacional <strong>Rousseau</strong> x <strong>Kant</strong> – UFMA Página | 8<br />
III <strong>Congresso</strong> Nacional Jean-Jacques <strong>Rousseau</strong> – UFMA: estética e representação<br />
I <strong>Congresso</strong> <strong>Kant</strong> – UFMA: liberda<strong>de</strong>, justiça e dignida<strong>de</strong><br />
Strauss, questiona essa centralida<strong>de</strong> do “eu”, percebendo, antes <strong>de</strong> diversos outros<br />
pensadores, que o “eu” é <strong>de</strong>terminado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um “outro”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o lado <strong>de</strong> fora, e que não<br />
existe sem essas <strong>de</strong>terminações.<br />
Mas, além disso, há uma articulação <strong>de</strong> sua filosofia com a estética, passando pela<br />
literatura, música, teatro, festa, romance, escritos autobiográficos, educação e política em<br />
seu pensamento, po<strong>de</strong>ndo se encontrar uma chave <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> problemas fundamentais<br />
da filosofia contemporânea da linguagem e do sujeito.<br />
Immanuel <strong>Kant</strong> (1724-1804), sem dúvida, através da sua filosofia crítica,<br />
representa um marco no pensamento mo<strong>de</strong>rno do séc. XVIII, uma filosofia que se<br />
apresenta como sistema, portanto, com pretensões a pensar a razão em sua totalida<strong>de</strong>, isto<br />
é, tanto do ponto <strong>de</strong> vista teórico, quanto prático. Quanto especificamente a sua filosofia<br />
prática cabe assinalar que esta não apenas se preten<strong>de</strong> como uma compreensão acerca da<br />
socieda<strong>de</strong> civil, da vida civilizada, da política, da moralida<strong>de</strong>, da religião, enfim do<br />
homem, mas <strong>de</strong> como todos esses aspectos ligados a vida humana po<strong>de</strong>m ser melhorados<br />
através da filosofia e da educação, e, <strong>de</strong> um modo geral, através da ação do homem no<br />
mundo, isto é, da ação autônoma, livre, sendo esse melhoramento uma espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>ver<br />
e <strong>de</strong> telos e, portanto, <strong>de</strong> compromisso que <strong>de</strong>vemos ter para com as gerações vindouras.<br />
Po<strong>de</strong>ríamos dizer que <strong>Kant</strong> entendia e <strong>de</strong>fendia como nossa, a obrigação <strong>de</strong> fazer do<br />
mundo um lugar melhor para a espécie humana e isso viria também do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
da técnica e da ciência, mas <strong>de</strong> modo algum se confinaria a este. Em outras palavras, não<br />
seria possível na visão kantiana melhorar o mundo sem melhorar o homem; logo, só os<br />
benefícios produzidos por um mundo técnico-científico, que equivaleria aos benefícios<br />
<strong>de</strong> um mundo civilizado, entendido como fim, ao invés <strong>de</strong> como meio, estaria longe <strong>de</strong><br />
promover seres humanos livres, justos, dignos e comprometidos com a espécie.<br />
Em contrapartida, é verda<strong>de</strong> que a ausência <strong>de</strong> tais condições não<br />
po<strong>de</strong>ria favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um Estado civil capaz <strong>de</strong> administrar<br />
perfeitamente a liberda<strong>de</strong> e, consequentemente, promover a justiça, tampouco contribuir<br />
para o aumento da capacida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> agir moralmente, ou seja, dignamente. Assim,<br />
liberda<strong>de</strong>, justiça e dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong>spontam como aspectos vinculados à humanida<strong>de</strong> que<br />
encontram lugar fecundo para seu <strong>de</strong>senvolvimento e realizabilida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong> civil.<br />
Muito embora seja esta também palco <strong>de</strong> toda sorte <strong>de</strong> obstáculos a esse progresso, quer<br />
pelo excesso <strong>de</strong> coerção exercida pelas leis, quer pela preeminência da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong><br />
interesses particulares, portanto, <strong>de</strong> um imoralismo político, quer pela acomodação e