A STARTUP ENXUTA - ERIC RIES
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Segundo a voz corrente, era praticamente impossível ingressar com uma nova rede de MI no<br />
mercado sem investir muito dinheiro em marketing.<br />
O motivo é simples. Por causa do poder dos efeitos de rede, os produtos de MI possuem<br />
altos custos de troca. Para trocar de uma rede para outra, os clientes teriam de convencer<br />
amigos e colegas a trocar com eles. Esse trabalho extra para os clientes cria uma barreira à<br />
entrada no mercado de MI: com todos os consumidores travados num produto estabelecido,<br />
não há clientes disponíveis com os quais estabelecer uma nova abordagem.<br />
Na IMVU, decidimos por uma estratégia de construir um produto que combinaria o grande<br />
apelo às massas da MI tradicional com a alta receita por cliente de videogames<br />
tridimensionais (3D) e mundos virtuais. Em virtude da quase impossibilidade de levar ao<br />
mercado uma nova rede de MI, decidimos criar um produto complementar ao serviço de MI<br />
(add-on ou plugin), que atuaria em conjunto com as redes existentes. Dessa maneira, os<br />
clientes poderiam adotar os produtos virtuais e a tecnologia de comunicação por meio dos<br />
avatares da IMVU sem ter de trocar seus provedores de MI, aprender uma nova interface de<br />
usuário e – mais importante – trazer seus amigos com eles.<br />
De fato, consideramos que esse último ponto era fundamental. Para o produto add-on ser<br />
útil, os clientes teriam de utilizá-lo com seus amigos. Cada mensagem traria incorporada a ela<br />
um convite para se associar à IMVU. Nosso produto seria basicamente viral, espalhando-se<br />
por todas as redes de MI existentes como uma epidemia. Para alcançar esse crescimento viral,<br />
era importante que o produto add-on atendesse ao máximo de redes de MI existentes e<br />
funcionasse em todos os tipos de computadores.<br />
Seis meses para o lançamento<br />
Com essa estratégia em mente, meus sócios e eu começamos um período de intenso trabalho.<br />
Como diretor de tecnologia, era minha responsabilidade, entre outras coisas, construir o<br />
software que suportaria a interoperabilidade com as redes de MI. Assim, trabalhamos durante<br />
meses, investindo muitas horas no esforço de lançar o primeiro produto. Nós nos demos um<br />
prazo duro de seis meses – 180 dias – para lançar o produto e atrair nossos primeiros clientes<br />
pagantes. Era um cronograma cansativo, mas estávamos determinados a lançar o produto no<br />
prazo.<br />
O produto add-on era tão grande e complexo, e tinha tantas peças em movimento que<br />
tivemos de fazer diversas concessões para concluí-lo no prazo. Honestamente: a primeira<br />
versão era terrível. Passamos horas intermináveis discutindo quais bugs (defeitos de<br />
programação) consertar e quais eram aceitáveis, quais funcionalidades ainda tentar<br />
implementar e quais cortar. Foi um tempo maravilhoso e amedrontador: estávamos cheios de<br />
esperança a respeito das possibilidades de sucesso e tomados pelo medo das consequências<br />
de lançar um produto ruim.<br />
Pessoalmente, receava que a baixa qualidade do produto manchasse minha reputação como<br />
engenheiro. As pessoas achariam que eu não sabia como construir um produto de qualidade.<br />
Todos temíamos macular a marca IMVU; afinal, cobrávamos das pessoas por um produto que<br />
não funcionava muito bem. Imaginávamos as manchetes desfavoráveis dos jornais: