RENASCENDO DAS CINZAS(1)
Baseado na imortalidade da Fênix, conta a história da morte espiritual do ser. As perseguições morais no serviço público em um ambiente semelhante a uma instituição de policia militar. Traça um paralelo entre a participação popular e a corrupção do sistema democrático.
Baseado na imortalidade da Fênix, conta a história da morte espiritual do ser. As perseguições morais no serviço público em um ambiente semelhante a uma instituição de policia militar.
Traça um paralelo entre a participação popular e a corrupção do sistema democrático.
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ao sair na rua, o motorista do primeiro carro que veio em minha<br />
direção me acenou. Era uma figura também espectral e sem carnes<br />
no rosto, apenas pedaços de pele podre. Passou por mim e meu<br />
corpo bambo, agitado pelo vento, ainda titubeou até ir de encontro<br />
ao veículo e se chocar contra o capô.<br />
Tudo estava ficando muito estranho! O céu da manhã foi se<br />
tingindo de um cinza cadavérico! As nuvens pareciam feitas de<br />
muitos ossos humanos e, no alto, embora na realidade não estivessem<br />
lá, minha loucura percebia abutres com bicos ensanguentados, cujo<br />
sangue pingava e atingia meu corpo.<br />
Das paredes do instituto de ofídios e estudo de animais<br />
peçonhentos, saíam milhares de mãos tentando me puxar para<br />
dentro e eu tentava escapar delas e dos abutres.<br />
Escondi-me debaixo de uma árvore para que o sangue não me<br />
atingisse, mas a árvore tinha muitos vermes em seu tronco. Eles<br />
pareciam homens com lanças nas mãos, saindo de frestas no tronco<br />
e tentando espetar meus dedos.<br />
Muitos homens pequenos, usando armadura preta e tendo duas<br />
lanças nas mãos, agitando-as contra o vento, vinham em minha<br />
direção.<br />
Corri sem rumo, tentando escapar das gotas de sangue e dos<br />
vermes armados e, de repente, estava em outro lugar. Era uma<br />
escadaria e várias pessoas passavam por mim apressadas, até<br />
trombavam em mim, pois eu estava sentado no meio de um degrau.<br />
As mãos estavam colocadas no rosto tentando escapar desse<br />
momento tão difícil, de loucura.<br />
– Levante-se! Veja que seu transporte já está vindo! Apresse-se<br />
para tomar a condução.<br />
Era uma voz diabólica, com ecos de sofrimento, chamando<br />
no alto-falante que estava no teto, acima de minha cabeça. Ficava<br />
repetindo as mesmas coisas o tempo todo.<br />
Eu estava numa estação de metrô. Não sei em qual das<br />
estações da cidade, mas de alguma forma fui parar lá, embora não<br />
rENASCENDO DA CINZA - vITOR MOREIRA 49