Educação Física Escolar: Pesquisas e Reflexões
Maria Isaura Plácido Soeiro Maria Ione da Silva ISBN: 978-85-7621-084-9 Editora: Edições UERN
Maria Isaura Plácido Soeiro
Maria Ione da Silva
ISBN: 978-85-7621-084-9 Editora: Edições UERN
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dois professores que trabalham na rede estadual participaram de um estudo em que confrontaram<br />
suas próprias expectativas em relação à PPC-EF na época de sua implantação, no 1º semestre de<br />
2008 (SANCHES NETO et al., 2011). Os dados permitem notar certo amadurecimento dos<br />
professores em relação às suas próprias críticas, uma vez que se dedicaram a pesquisar os<br />
problemas levantados por eles próprios de modo bastante rigoroso, incluindo a conclusão de<br />
uma Dissertação de Mestrado pela professora participante do estudo (FREITAS, 2011).<br />
No trabalho de Freitas (2011), a investigação tratou da noção de autonomia com<br />
professores de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> que têm trabalhado a PPC-EF na rede estadual. A autora também<br />
pesquisou as impressões de coordenadores pedagógicos acerca da autonomia perante a proposta<br />
e constatou, no que se refere à PPC-EF, que autonomia é diferente de somente ter a liberdade de<br />
fazer escolhas e, portanto, não é a proposta que, por si só, vai ou não promover a autonomia dos<br />
professores.<br />
Segundo Sarti (2008), costuma-se atribuir parte do fracasso escolar aos professores, tidos<br />
como reprodutores de velhas práticas e avessos às mudanças. Isso aparece nos discursos<br />
educacionais, ora enfatizando a indisposição do magistério para inovações, ora ressaltando sua<br />
incapacidade para acompanhá-las.<br />
Não obstante, a política que acompanha qualquer proposta pública, se baseada nessa<br />
visão reacionária acerca do professorado, contribuiria para concretizar esse viés ideológico. Para a<br />
autora, os discursos educacionais dessa ordem trazem duas argumentações básicas: os professores<br />
não seriam suficientemente comprometidos com a educação para aderirem às reformas, ou então<br />
seriam incompetentes, sem organização e preparo suficiente para assumir as mudanças e aderir<br />
aos esforços reformadores da educação.<br />
A autora cita argumentações de Azanha para afirmar que, no caso da docência, a<br />
valorização do cotidiano – que sendo criativo, poderia conferir teor inventivo às práticas –<br />
remete às considerações das maneiras como os professores se apropriam dos “rebuliços<br />
mudancistas” que se impõem à vida das escolas (AZANHA apud SARTI, 2008, p. 49). Com isso,<br />
pensamos que falta às políticas públicas subsidiarem essa apropriação do cotidiano de trabalho<br />
com a consequente elaboração de saberes pelos próprios professores.<br />
Algumas iniciativas de continuidade na formação dos professores, vinculadas à PPC-EF,<br />
parecem apontar para a criticidade desejável aos docentes desde seu ingresso na rede, uma vez<br />
que a participação em curso recente de formação esteve associada à classificação no último<br />
concurso público realizado no Estado. Por conta disso, os professores aprovados no referido<br />
concurso participam de curso de formação relacionado ao currículo, antes de assumirem o<br />
trabalho pedagógico com os alunos. Durante a implantação da proposta em 2008, outro curso<br />
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