Educação Física Escolar: Pesquisas e Reflexões
Maria Isaura Plácido Soeiro Maria Ione da Silva ISBN: 978-85-7621-084-9 Editora: Edições UERN
Maria Isaura Plácido Soeiro
Maria Ione da Silva
ISBN: 978-85-7621-084-9 Editora: Edições UERN
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Nossa questão inicial é: o que preocupa um professor de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>? Em termos<br />
gerais, a resposta provisória é que um bom professor preocupa-se justamente em ser um<br />
professor cada vez melhor e fazer melhor seu trabalho.<br />
Então, o que significa ser um “bom professor” e “fazer bem” seu trabalho com a<br />
<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>? E como esse trabalho poderia ser melhorado? Em revisão realizada por Sanches<br />
Neto, Conceição e Okimura-Kerr (2011) sobre a relevante pesquisa de Cunha (1989), algumas<br />
características atribuídas a bons professores são pormenorizadas pela autora em categorias,<br />
embora ressalte que a ideia de “bom professor” é variável e que os dados descritivos de sua<br />
pesquisa não lhe permitiam fazer generalizações:<br />
- história de vida: implica a valorização da própria história de vida, sobretudo enquanto<br />
aluno, e a análise crítica de sua relação com ex-professores, no sentido de repetir condutas<br />
tidas como positivas e refutar as negativas. Neste capítulo é esse o nosso principal foco de<br />
análise;<br />
- saberes da docência: refere-se ao saber que constroem na própria experiência, enquanto<br />
docentes, e à possibilidade de aprender com colegas de trabalho, com alunos e mediante a<br />
reflexão sobre o próprio trabalho;<br />
- formação pedagógica: consiste numa forma diferencial no que se refere a princípios<br />
curriculares e axiologia. Quanto mais a preparação pedagógica responde às necessidades<br />
dos professores no momento que a realizam, mais eles a valorizam;<br />
- prática social: indica a lucidez da dimensão política mais ampla do próprio trabalho<br />
docente, tido como caminho escolhido para alcançar as modificações sociais;<br />
- modelagem de conduta: destaque para profissionais tidos como altamente competentes<br />
na área de intervenção, por isso depreende-se que haveria uma tendência de repetir<br />
práticas de pessoas que os professores admiram;<br />
- discernimento da realidade sociocultural e do trabalho na educação escolarizada:<br />
capacidade de analisar a realidade brasileira, vinculando-a ao modelo de escolarização em<br />
andamento no país, e análise ampla das questões educacionais no contexto social<br />
brasileiro.<br />
O ponto de partida para a noção de projeto, salienta a autora, seria a ideia de que os<br />
professores escolhem alternativas de vida, pois relatavam o que acontecia no seu cotidiano, numa<br />
tentativa intencional de dar sentido ou coerência às experiências fragmentadas sociais e<br />
pedagógicas. Ao considerar que a instituição educacional, com seu projeto coletivo, permeia o<br />
trabalho docente, a autora percebeu que era mais forte o projeto do próprio professor do que o<br />
institucional, com seus valores, peculiaridades e expressões.<br />
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