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Educação Física Escolar: Pesquisas e Reflexões

Maria Isaura Plácido Soeiro Maria Ione da Silva ISBN: 978-85-7621-084-9 Editora: Edições UERN

Maria Isaura Plácido Soeiro
Maria Ione da Silva

ISBN: 978-85-7621-084-9 Editora: Edições UERN

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Conforme Venâncio e Betti (2010), para que mudanças substanciais ocorram no cotidiano<br />

das aulas de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> é necessário participação e adesão do professorado e explícita<br />

valorização do trabalho docente, por parte do Estado e da sociedade. A <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> há<br />

algum tempo busca sugestões de organização e sistematização de conteúdos, portanto espera-se<br />

um impacto positivo e promissor provocado pelas propostas curriculares nos ambientes<br />

escolares, seja para questionar o processo de implantação ou para promover mudanças na direção<br />

dos debates pedagógicos da área.<br />

De acordo com os autores, até o momento poucas investigações tiveram a preocupação<br />

em aprofundar a análise e avaliação dos pressupostos teórico-metodológicos, bem com as<br />

possíveis repercussões nas intervenções pedagógicas das aulas de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>. Para Venâncio<br />

e Betti (2010), os estudos publicados até o momento caracterizam-se, como já assinalamos<br />

anteriormente, por abordar aspectos bastante específicos da proposta, mas também há aqueles<br />

que, em perspectiva oposta, tratam de aspectos muito gerais.<br />

Em alguns estudos seria possível perceber que os autores partem de um pré-conceito, a<br />

favor ou contra a PPC-EF, ou mesmo em relação à proposta da Secretaria da <strong>Educação</strong> como<br />

um todo. Então, ou não buscam respaldo empírico para confirmar suas posições prévias, ou o<br />

fazem mediante equívocos metodológicos. Por exemplo, o trabalho de Lippi (apud VENÂNCIO<br />

e BETTI, 2010) cita argumentos de Giroux e Maclaren: os professores que atendem às classes<br />

trabalhadoras necessitam passar por processos formativos que ampliem o entendimento dos<br />

conceitos de classe, ideologia, cultura, gênero, etnia e raça presentes na prática pedagógica e na<br />

paisagem pós-moderna. Ignora aquele autor que tais conceitos estão, implícita ou explicitamente,<br />

presentes nos “eixos temáticos” da PPC-EF.<br />

Ademais, prosseguem Venâncio e Betti (2010), embora Lippi afirme que no método<br />

utilizado (bricolagem) a validade e o rigor científico se estabelecem pela multiplicidade de vozes,<br />

o pesquisador não incluiu entre os entrevistados os professores universitários, autores da PPC-<br />

EF. Um dos critérios para a escolha dos entrevistados é bastante questionável: equilíbrio entre<br />

representantes que tradicionalmente se posicionam a partir de idéias progressistas e<br />

conservadoras. Porém, se é “progressista” ou “conservador” segundo o julgamento de quem, sob<br />

que critérios? Mas, concluem Venâncio e Betti (2010) que tal omissão não impediu o pesquisador<br />

de qualificar os elaboradores da PPC-EF como “neutros” e a serviço do projeto neoliberal de<br />

<strong>Educação</strong>. Tal (des)qualificação demonstra desconhecimento do movimento histórico da<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Física</strong> <strong>Escolar</strong>, chegando a conclusões prematuras sobre um processo políticopedagógico<br />

ainda em andamento no cotidiano dos professores de <strong>Educação</strong> <strong>Física</strong>.<br />

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