26 ENTREVISTA Gwenael de Calan mão” e colaborar com uma gama maior de outros players do que hoje. O modelo de negócio de empresas a trabalhar de forma isolada, em ambiente fechado e virada para si própria, deixará de funcionar. O que devem as oficinas fazer para se adaptarem às expectativas dos novos clientes, mais familiarizados com as novas tecnologias, como a Internet e as redes sociais? O primeiro passo para as oficinas é garantir que ficam “visíveis” no mundo digital, isto é, quando um potencial cliente procura uma oficina no seu smartphone. Por exemplo, o primeiro passo é garantir o mapeamento e o registo adequados da oficina nos mapas digitais existentes (Google maps, mapa do iPhone, Waze, Here, Facebook). Aqui, os parceiros da Caruso, como a Uberall, podem ajudar. Um segundo passo poderia passar por implementar uma função de marcação online da oficina. Uma vez mais, a Caruso O responsável da Caruso, ao lado de Jorge Neves da Silva, da ANECRA, esteve na 29.ª Convenção da associação pode apoiar oficinas e grossistas na procura deste tipo de soluções. Com o crescimento de veículos elétricos, as oficinas independentes devem estar prepara<strong>das</strong> para assisti-los. O que faz a Caruso ao nível dos dados de veículos elétricos para as oficinas? A conectividade e a gestão de dados serão a chave para o sucesso dos veículos elétricos. O primeiro estudo em que estamos a trabalhar é no carregamento de veículos elétricos num ambiente de rede inteligente. Alguns dos nossos parceiros também estão a desenvolver aplicações específicas para diagnóstico de baterias desses veículos e otimizar o seu processo de carregamento. As oficinas independentes devem ser capazes de desempenhar um papel de relevo nesta cadeia de valor, desde que lhes possamos dar a oportunidade de acederem aos dados desses veículos. Acredita que o aumento dos veículos híbridos e elétricos gerará mais negócio para as oficinas? Esta questão é difícil de responder. Os primeiros ensinamentos com veículos híbridos plug-in, como o Toyota Prius, tendem a demonstrar que, normalmente, geram menos serviços para oficina do que os veículos “convencionais. Mas, aqui, importa distinguir os diferentes tipos de tecnologias híbri<strong>das</strong>: start/stop, híbrido leve, híbrido plug-in, totalmente elétrico. Como disse, importa ter em conta que o parque automóvel é antigo e que a grande maioria dos veículos na Europa ainda utiliza motores “convencionais”. Para ter sucesso, as oficinas precisam de evoluir de uma empresa tradicional de reparação para um fornecedor de serviços de mobilidade inteligente. Como deve esta mudança ser feita? Que meios tem a oficina à sua disposição para se tornar num fornecedor de serviços de mobilidade inteligente? Essa mudança não acontecerá da noite para o dia. Uma vez mais, a estrutura do parque automóvel funciona como um “amortecedor” de tais mudanças. No entanto, as oficinas têm de informar-se elas próprias e começar a “testar” novas soluções e novas tecnologias. Cada oficina tem as suas especificidades e os seus clientes. Não creio que existirá um “único caminho” rumo à mobilidade inteligente. Prevemos o aparecimento de uma grande quantidade de diferentes casos e novas oportunidades de negócio, que variarão em função do país, do parque automóvel, do tipo de clientes... Como podem as oficinas, transformar desafios, como a digitalização e a mobilidade elétrica, em oportunidades de negócio para os clientes? Prestando informação, começando a experimentar, mantendo-se abertas a novos modelos de negócio/oportunidades e a novas maneiras de trabalhar dentro de um ecossistema de parceiros, em vez de atuarem de forma autónoma no dia a dia. As oficinas têm fortes ativos para o futuro que podem capitalizar. Como especialistas “locais” em reparações mecânicas e eletrónicas, devem ser capazes de oferecer serviços de manutenção, quaisquer que sejam as soluções de mobilidade elétrica do futuro. Quais são os maiores desafios que as oficinas independentes enfrentam hoje? A curto prazo, acredito que é garantir uma concorrência justa entre as redes OE e IAM, através do acesso igual aos dados dos veículos conectados por parte de todos os players do mercado. A médio prazo, o software e os dados desempenharão um papel muito mais importante no aftermarket. As oficinas precisarão de dominar essas novas tecnologias e não apenas os diagnósticos ECU e as reparações mecânicas de hoje. No entanto, as oficinas IAM têm razões para estar otimistas: nos últimos 10 anos, ganharam quotas de mercado aos canais oficiais <strong>das</strong> marcas. As oficinas IAM provaram, no passado, que podem ser flexíveis e que conseguem ajustar-se à mudança. Também costumam ter vantagens competitivas em termos de preço e proximidade com o cliente em relação aos canais oficias <strong>das</strong> marcas. Como podem as oficinas garantir a fidelidade do cliente a longo prazo? É difícil dizer. Dependerá dos futuros modelos de propriedade dos automóveis, <strong>das</strong> novas soluções de mobilidade e dos diferentes tipos de clientes. A estrutura da cadeia de valor da mobilidade e a posição dos diferentes players na mesma evoluirão nos próximos anos. Fundamentalmente, acredito que os players que permaneçam abertos à mudança, que trabalhem de forma profissional, que invistam regularmente em equipamentos, que disponham de formação e que tenham infraestruturas adequa<strong>das</strong>, continuarão a ser bem sucedidos. Que visão tem a Caruso em relação ao futuro da mobilidade do aftermarket? Existirá um ecossistema digital e conectado, com todos os veículos conectados e todos os dados disponíveis, que permitirão criar serviços inovadores. Q Janeiro I 2019 www.jornal<strong>das</strong>oficinas.com
Seja patrocinador veja mais em melhormecatronico.pt 4ª EDIÇÃO Patrocínadores 2019