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editorial<br />
Armando Ferrentini<br />
aferrentini@editorareferencia.com.br<br />
Subindo a la<strong>de</strong>ira<br />
Por força das circunstâncias e ainda <strong>de</strong>vido a uma batalha sem fim a que o<br />
país está envolvido, tivemos um primeiro semestre abaixo do esperado,<br />
ou ao menos abaixo da média dos últimos anos, com exceção <strong>de</strong> 2018, que<br />
apresentou resultados melhores nos primeiros seis meses do ano, em comparação<br />
com os mesmos períodos imediatamente anteriores. Tudo indica,<br />
porém, que o segundo semestre já iniciado terá um <strong>de</strong>sempenho melhor,<br />
impulsionado por um distanciamento da disputa política que marcou 2018.<br />
Há que se consi<strong>de</strong>rar também uma espécie <strong>de</strong> retomada por quem resolveu<br />
ignorar as diatribes oficiais, caminhando em direção ao sucesso, sem se dar<br />
conta das previsões pessimistas que prometiam anos <strong>de</strong> chumbo até as próximas<br />
eleições presi<strong>de</strong>nciais.<br />
Sem dúvida, um país on<strong>de</strong> os bons são punidos e os maus glorificados sinaliza<br />
fortemente para o caos. Mas o Brasil não é só isso e por não ser só isso há uma<br />
parte in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da vida política nacional acostumada a construir um melhor<br />
futuro, sejam quais forem os governantes <strong>de</strong> plantão e as ca<strong>de</strong>ias i<strong>de</strong>ológicas<br />
que muitas vezes nos pren<strong>de</strong>m a discussões inúteis, porém paralisantes,<br />
retardando o caminhar da gran<strong>de</strong> maioria para frente.<br />
Assim, temos boas esperanças no segundo semestre que se iniciou, sempre<br />
lembrando, porém, que <strong>julho</strong> é um mês “intermediário”: pertence à<br />
segunda parte do calendário, mas adora ficar neutro, pagando por esperar<br />
o que virá <strong>de</strong>pois.<br />
E esse <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong>sta feita, é mais promissor que os seus anteriores mais recentes.<br />
Se <strong>de</strong> um lado não <strong>de</strong>sistimos do país dividido em dois no seu pensamento<br />
i<strong>de</strong>ológico, por outro temos o fortalecimento da consciência <strong>de</strong> que a verda<strong>de</strong>ira<br />
<strong>de</strong>mocracia não é aquela <strong>de</strong> folhetim, on<strong>de</strong> as promessas costumam superar<br />
a realida<strong>de</strong>.<br />
Sabemos que as promessas sem sentido <strong>de</strong> progresso tiveram o seu tempo<br />
para se firmar e fracassaram. Assim, resta-nos acreditar no que sempre impulsionou<br />
o país, apesar <strong>de</strong> todas as suas mazelas: o trabalho, o investimento, a<br />
assistência social, um futuro breve promissor e principalmente o <strong>de</strong>scrédito<br />
em sonhos impossíveis e mentirosos, que em nenhuma parte do planeta, apesar<br />
<strong>de</strong> muitas vezes tentado, <strong>de</strong>ram certo.<br />
Porque não po<strong>de</strong> dar certo nenhum sonho impossível, principalmente aqueles<br />
cujos <strong>de</strong>tentores proíbem outros tipos <strong>de</strong> sonhos. E quando o sonho não é<br />
livre, só nos resta a liberda<strong>de</strong> para agir, o que o país começa a apren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> sofrer fracassadas e felizmente rápidas experiências <strong>de</strong> regimes superados<br />
pelo tempo nos próprios nascedouros.<br />
Com isso, apostamos nossas fichas todas em um segundo semestre melhor<br />
para todos, com o Brasil crescendo vagarosamente, mas sem retrocesso. Esse<br />
é o sonho mais a<strong>de</strong>quado para todos.<br />
***<br />
Des<strong>de</strong> os seus primórdios e já a partir <strong>de</strong> se transformar em um negócio à<br />
parte dos próprios anunciantes, através inicialmente <strong>de</strong> pequenos corretores<br />
que evoluíram para se constituir em agências <strong>de</strong> propaganda, sempre se <strong>de</strong>u<br />
importância maior para os aten<strong>de</strong>ntes – donos ou não do que mais tar<strong>de</strong> se<br />
convencionou chamar <strong>de</strong> agências –, porque afinal eram eles que traziam os<br />
anunciantes para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa.<br />
Esse <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>saguou <strong>de</strong> vez na entida<strong>de</strong> agência, passando até mesmo<br />
a ser chique uma empresa, seja qual fosse o seu ramo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, ter uma<br />
agência como parceira, cuidando da sua ainda que incipiente comunicação.<br />
Com o tempo, porém, passou-se a exigir muito mais do que a simples comunicação<br />
publicitária: esta teria <strong>de</strong> se diferenciar da praticada pelos concorrentes<br />
e com isso foi surgindo o setor <strong>de</strong> criação, com a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar tra-<br />
balhos diferenciados da concorrência, procurando com isso principalmente<br />
agradar aos públicos-alvo, cansados da mesmice na comunicação comercial.<br />
Assim, gran<strong>de</strong>s agências nos países <strong>de</strong> economia mais avançada foram aos<br />
poucos transformando seus redatores e <strong>de</strong>senhistas em criativos, especialmente<br />
porque os recursos para um trabalho mais apurado <strong>de</strong> comunicação<br />
comercial foram surgindo cada vez mais sofisticados.<br />
Com isso, em muitas agências, verificou-se o crescimento do setor <strong>de</strong> criação,<br />
que trabalhava também ajudado por outros setores como a pesquisa, em busca<br />
dos melhores publicitários para os seus clientes, que na verda<strong>de</strong> pertenciam<br />
à pessoa jurídica das agências, nesta altura já não tendo bloqueio para se<br />
ven<strong>de</strong>rem ao mercado como agências eminentemente criativas.<br />
Muito provavelmente não tenha sido a DDB a iniciar esse ciclo, mas coube-lhe<br />
tendo em vista contas que permitiam ousar na criação, como a da<br />
Volks e o seu “besouro”, transformar-se em um marco inicial <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
força criativa na propaganda mundial. Logo <strong>de</strong>pois seguiram-se outras,<br />
pois nessa ativida<strong>de</strong> o que é novida<strong>de</strong> exclusiva <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada agência<br />
logo vira moda aberta para todos.<br />
Durante décadas as agências ditas criativas reinaram, até que as economias recessivas<br />
em diversas partes importantes do planeta obrigaram os anunciantes a retraírem<br />
seus custos, provocando o retorno do tradicional, sem “matar” o criativo.<br />
Esse tradicional incluía a valorização do atendimento, aquela pessoa <strong>de</strong>ntro das<br />
agências que representa os clientes, fala em seu nome e até se conflita não raro<br />
com os próprios “patrões” da agência, em busca do melhor para as contas que<br />
aten<strong>de</strong> e na verda<strong>de</strong> são clientes da pessoa jurídica das agências.<br />
A partir da última virada do século, os diretores e profissionais do atendimento<br />
sentiram-se preparados para protagonizar o produto final da agência, que<br />
passou a ser criado em parceria com o atendimento, cabendo a este brifar, com<br />
ou sem o anunciante presente, o que seria mais cabível em termos criativos e<br />
<strong>de</strong> boa criação àquele anunciante que já mantinha uma performance criativa<br />
invejável na sua comunicação, sempre com a garantia do produto ou serviço,<br />
para maior certeza do sucesso.<br />
Assim, a maior parte dos bons criativos <strong>de</strong> todas as agências passou a apresentar<br />
ao atendimento suas brilhantes i<strong>de</strong>ias, antes que chegassem até o anunciante.<br />
Não há exatamente domínio nessa relação, mas é evi<strong>de</strong>nte que o trabalho<br />
comum entre um e outro setor ten<strong>de</strong> a construir peças isoladas e gran<strong>de</strong>s<br />
campanhas ainda melhores do que sempre foram.<br />
Além disso, há que se consi<strong>de</strong>rar a permissão <strong>de</strong> há muito concedida por alguns<br />
anunciantes a esse grupo <strong>de</strong> profissionais trabalharem fora da caixa,<br />
sempre uma possibilida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> trabalhos memoráveis, gran<strong>de</strong>s ganhadores<br />
em Cannes.<br />
Nossa repórter Mariana Barbosa, na presente edição, conta como funciona<br />
esse entrosamento em importantes agências que atuam no Brasil, valorizando<br />
inclusive diretores e profissionais dos clientes-anunciantes, que têm a difícil<br />
missão <strong>de</strong>, além <strong>de</strong> contribuir com suas informações para a realização dos melhores<br />
trabalhos publicitários, distinguir o certo do certo e aprovar um <strong>de</strong>les.<br />
***<br />
No Fórum <strong>de</strong> Marketing Empresarial que se avizinha (23, 24 e 25 <strong>de</strong> agosto),<br />
no Sofitel Grarujá, promovido pelo Grupo Doria e pela Editora Referência (que<br />
publica o PROPMARK), <strong>de</strong>ntre os vários prêmios a serem conferidos a pessoas<br />
e empresas na noite da sexta-feira (23), teremos aplausos para mais uma mulher<br />
vencedora: Sandra Martinelli, presi<strong>de</strong>nte-executiva da ABA (Associação<br />
Brasileira <strong>de</strong> Anunciantes), eleita pelos membros do Comitê do Fórum Li<strong>de</strong><br />
Empresarial <strong>2019</strong> a Dirigente <strong>de</strong> Marketing do Ano.<br />
jornal propmark - <strong>29</strong> <strong>de</strong> <strong>julho</strong> <strong>de</strong> <strong>2019</strong> 3