e Thais Ruco capa | pasi Uma missão social a cumprir Produto nasceu desenhado para atender as classes menos favorecidas. Foi desenvolvido e aprimorado ouvindo as demandas do público consumidor e atualmente vai muito além do propósito inicial Kelly Lubiato e Thais Ruco 14
Vamos contar uma história que aconteceu há 30 anos, mas que continua muito atual. Usando as palavras que estão em alta, ela mostra que a inovação pode acontecer a qualquer momento, necessitando apenas da mudança do mindset dos líderes das empresas. Aplicando conceitos de MGA (Management General Agent), uma corretora de seguros criou um produto disruptivo e com conceitos sustentáveis para a sociedade. A história do PASI começa como um ato de coragem e ousadia de seu fundador. Era uma corretora como outra qualquer, de perfil genérico, que comercializava de tudo. Neste período, as empresas internacionais começavam a ocupar mais espaço e era preciso pensar “fora da caixa”. “O mais difícil foi determinar o rumo que queríamos tomar”, define Alaor da Silva Junior, fundador do PASI. “Conseguimos encontrar este norte em 1988, quando identificamos o perfil social do mercado segurador, que tinha uma lacuna. Não existia nenhuma modalidade de seguro específica para atender as classes menos favorecidas do País”, recorda. Nesta época, o presidente da Associação dos Servidores da Universidade Federal de Minas Gerais pediu que fosse desenvolvido um seguro para repor o caixa da entidade com valores gastos com o auxílio funeral fornecido às famílias dos associados. As famílias, que não tinham como arcar com o funeral, pediam dinheiro emprestado à associação, porém não conseguiam devolver este valor. Era indispensável que o seguro para cobrir este auxílio funeral tivesse um prêmio muito baixo. “Eu já estava aguçado para buscar uma solução e este foi o momento zero da mudança de nosso perfil. Assim nasceu a primeira ideia”, diz o fundador do PASI. “O desafio era fazer a reposição do valor (indenização) em um prazo máximo de uma semana. Basicamente, era um valor determinado para que a associação pudesse repor seu caixa”, diz. Do laboratório à realidade Em novembro de 1988, foi criado o protótipo do produto. Porém, em menos de um mês, a seguradora passou a não conseguir mais realizar a indenização no prazo de uma semana. Alaor não desistiu, pelo contrário, se desafiou a conseguir mais: desenvolver um produto que realizasse o pagamento em 24 horas após o recebimento da documentação exigida. O presidente da entidade disse a Alaor que, se conseguisse fazer um pagamento ainda mais rápido do que em uma semana, tinha outra entidade para indicar. “Fiquei tão entusiasmado que quis ampliar ainda mais o projeto e levar para empresas. Pensei: se a família de um professor universitário fica sem recursos quando ele morre, imagine a família dos trabalhadores de classes mais modestas, que não têm qualquer acesso ao seguro”, conta o empreendedor. Foi quando, mesmo antes da regulamentação do produto, Alaor buscou e conseguiu a adesão de mais 15 empresas. “Éramos uma corretora de seguros comum, por isso aproveitei os segurados mais próximos, com grupos de trabalhadores significativos, e perguntei se teriam a coragem de me ajudar como clientes experimentais desse projeto”. Com as empresas, foram mais 3.250 trabalhadores, de diversos setores da indústria, totalizando 9.250 vidas na primeira vigência do produto PASI. “Busquei uma nova companhia, que pudesse nos atender e, no dia 23 de março de 1989, saiu a aprovação para que, junto ao corpo técnico da seguradora, trabalhassem na finalização do produto. “Em poucos meses, de outubro de 1988 a maio de 1989, tudo aconteceu. Saímos do laboratório para a realidade, íamos atuar no seguro com perfil social”, alegra-se o idealizador e presidente da empresa. O PASI nasceu em 1 de junho de 1989, como o primeiro seguro social do Brasil destinado às classes menos favorecidas. Interessante é perceber como os acontecimentos são cíclicos: “O PASI é o precursor dos MGAs (Management General Agent), que o mercado tanto fala hoje. Agora, querem indenizar em pouco tempo e já fazemos isso há 30 anos”, declara Fabiana Resende, filha de Alaor, que atua como diretora Executiva da empresa. “Nem existia startup e o PASI já estava sendo uma, fazendo exatamente este modelo de testar, fazer de novo, errar, ajustar”, observa. Expansão por todo o Brasil Uma semana após o lançamento do produto, no da 8 de junho, o PASI estava realizando a primeira indenização em 24h. O beneficiário que recebeu essa indenização era irmão de uma professora. Entregou a documentação um dia antes e foi lá pessoalmente receber o cheque. Ele ficou impressionado com a velocidade da indenização, perguntou se era o normal do mercado. “Expliquei que se tratava de um projeto, era a primeira indenização que estava acontecendo em 24 horas, e o propósito era atender as famílias no momento exato de suas necessidades”, diz o idealizador do PASI. O homem entregou seu cartão de visitas, disse que era presidente de uma empresa e que o PASI havia acabado de ganhar mais 800 segurados. “Anos depois voltei a receber um cartão dele, mas era congratulando o nosso trabalho”. 15