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Vamos contar uma história que<br />
aconteceu há 30 anos, mas<br />
que continua muito atual.<br />
Usando as palavras que estão<br />
em alta, ela mostra que a inovação pode<br />
acontecer a qualquer momento, necessitando<br />
apenas da mudança do mindset<br />
dos líderes das empresas. Aplicando conceitos<br />
de MGA (Management General<br />
Agent), uma corretora de seguros criou<br />
um produto disruptivo e com conceitos<br />
sustentáveis para a sociedade.<br />
A história do PASI começa como um<br />
ato de coragem e ousadia de seu fundador.<br />
Era uma corretora como outra qualquer,<br />
de perfil genérico, que comercializava de<br />
tudo. Neste período, as empresas internacionais<br />
começavam a ocupar mais espaço<br />
e era preciso pensar “fora da caixa”. “O<br />
mais difícil foi determinar o rumo que<br />
queríamos tomar”, define Alaor da Silva<br />
Junior, fundador do PASI. “Conseguimos<br />
encontrar este norte em 1988, quando<br />
identificamos o perfil social do mercado<br />
segurador, que tinha uma lacuna. Não<br />
existia nenhuma modalidade de seguro<br />
específica para atender as classes menos<br />
favorecidas do País”, recorda.<br />
Nesta época, o presidente da Associação<br />
dos Servidores da Universidade<br />
Federal de Minas Gerais pediu que fosse<br />
desenvolvido um seguro para repor o caixa<br />
da entidade com valores gastos com o<br />
auxílio funeral fornecido às famílias dos<br />
associados. As famílias, que não tinham<br />
como arcar com o funeral, pediam dinheiro<br />
emprestado à associação, porém<br />
não conseguiam devolver este valor.<br />
Era indispensável que o seguro para<br />
cobrir este auxílio funeral tivesse um<br />
prêmio muito baixo. “Eu já estava aguçado<br />
para buscar uma solução e este foi<br />
o momento zero da mudança de nosso<br />
perfil. Assim nasceu a primeira ideia”,<br />
diz o fundador do PASI. “O desafio era<br />
fazer a reposição do valor (indenização)<br />
em um prazo máximo de uma semana.<br />
Basicamente, era um valor determinado<br />
para que a associação pudesse repor seu<br />
caixa”, diz.<br />
Do laboratório à realidade<br />
Em novembro de 1988, foi criado o<br />
protótipo do produto. Porém, em menos<br />
de um mês, a seguradora passou a não<br />
conseguir mais realizar a indenização no<br />
prazo de uma semana. Alaor não desistiu,<br />
pelo contrário, se desafiou a conseguir<br />
mais: desenvolver um produto que realizasse<br />
o pagamento em 24 horas após o<br />
recebimento da documentação exigida.<br />
O presidente da entidade disse a<br />
Alaor que, se conseguisse fazer um pagamento<br />
ainda mais rápido do que em<br />
uma semana, tinha outra entidade para<br />
indicar. “Fiquei tão entusiasmado que<br />
quis ampliar ainda mais o projeto e levar<br />
para empresas. Pensei: se a família de um<br />
professor universitário fica sem recursos<br />
quando ele morre, imagine a família dos<br />
trabalhadores de classes mais modestas,<br />
que não têm qualquer acesso ao seguro”,<br />
conta o empreendedor.<br />
Foi quando, mesmo antes da regulamentação<br />
do produto, Alaor buscou e<br />
conseguiu a adesão de mais 15 empresas.<br />
“Éramos uma corretora de seguros comum,<br />
por isso aproveitei os segurados<br />
mais próximos, com grupos de trabalhadores<br />
significativos, e perguntei se teriam<br />
a coragem de me ajudar como clientes<br />
experimentais desse projeto”.<br />
Com as empresas, foram mais 3.250<br />
trabalhadores, de diversos setores da<br />
indústria, totalizando 9.250 vidas na<br />
primeira vigência do produto PASI. “Busquei<br />
uma nova companhia, que pudesse<br />
nos atender e, no dia 23 de março de 1989,<br />
saiu a aprovação para que, junto ao corpo<br />
técnico da seguradora, trabalhassem na<br />
finalização do produto.<br />
“Em poucos meses, de outubro de<br />
1988 a maio de 1989, tudo aconteceu.<br />
Saímos do laboratório para a realidade,<br />
íamos atuar no seguro com perfil social”,<br />
alegra-se o idealizador e presidente da<br />
empresa. O PASI nasceu em 1 de junho<br />
de 1989, como o primeiro seguro social<br />
do Brasil destinado às classes menos<br />
favorecidas.<br />
Interessante é perceber como os<br />
acontecimentos são cíclicos: “O PASI<br />
é o precursor dos MGAs (Management<br />
General Agent), que o mercado tanto fala<br />
hoje. Agora, querem indenizar em pouco<br />
tempo e já fazemos isso há 30 anos”,<br />
declara Fabiana Resende, filha de Alaor,<br />
que atua como diretora Executiva da<br />
empresa. “Nem existia startup e o PASI<br />
já estava sendo uma, fazendo exatamente<br />
este modelo de testar, fazer de novo, errar,<br />
ajustar”, observa.<br />
Expansão por todo o Brasil<br />
Uma semana após o lançamento do<br />
produto, no da 8 de junho, o PASI estava<br />
realizando a primeira indenização em<br />
24h. O beneficiário que recebeu essa indenização<br />
era irmão de uma professora.<br />
Entregou a documentação um dia antes e<br />
foi lá pessoalmente receber o cheque. Ele<br />
ficou impressionado com a velocidade da<br />
indenização, perguntou se era o normal<br />
do mercado. “Expliquei que se tratava de<br />
um projeto, era a primeira indenização<br />
que estava acontecendo em 24 horas, e<br />
o propósito era atender as famílias no<br />
momento exato de suas necessidades”,<br />
diz o idealizador do PASI. O homem<br />
entregou seu cartão de visitas, disse que<br />
era presidente de uma empresa e que o<br />
PASI havia acabado de ganhar mais 800<br />
segurados. “Anos depois voltei a receber<br />
um cartão dele, mas era congratulando o<br />
nosso trabalho”.<br />
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