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Revista Apólice #248

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Vamos contar uma história que<br />

aconteceu há 30 anos, mas<br />

que continua muito atual.<br />

Usando as palavras que estão<br />

em alta, ela mostra que a inovação pode<br />

acontecer a qualquer momento, necessitando<br />

apenas da mudança do mindset<br />

dos líderes das empresas. Aplicando conceitos<br />

de MGA (Management General<br />

Agent), uma corretora de seguros criou<br />

um produto disruptivo e com conceitos<br />

sustentáveis para a sociedade.<br />

A história do PASI começa como um<br />

ato de coragem e ousadia de seu fundador.<br />

Era uma corretora como outra qualquer,<br />

de perfil genérico, que comercializava de<br />

tudo. Neste período, as empresas internacionais<br />

começavam a ocupar mais espaço<br />

e era preciso pensar “fora da caixa”. “O<br />

mais difícil foi determinar o rumo que<br />

queríamos tomar”, define Alaor da Silva<br />

Junior, fundador do PASI. “Conseguimos<br />

encontrar este norte em 1988, quando<br />

identificamos o perfil social do mercado<br />

segurador, que tinha uma lacuna. Não<br />

existia nenhuma modalidade de seguro<br />

específica para atender as classes menos<br />

favorecidas do País”, recorda.<br />

Nesta época, o presidente da Associação<br />

dos Servidores da Universidade<br />

Federal de Minas Gerais pediu que fosse<br />

desenvolvido um seguro para repor o caixa<br />

da entidade com valores gastos com o<br />

auxílio funeral fornecido às famílias dos<br />

associados. As famílias, que não tinham<br />

como arcar com o funeral, pediam dinheiro<br />

emprestado à associação, porém<br />

não conseguiam devolver este valor.<br />

Era indispensável que o seguro para<br />

cobrir este auxílio funeral tivesse um<br />

prêmio muito baixo. “Eu já estava aguçado<br />

para buscar uma solução e este foi<br />

o momento zero da mudança de nosso<br />

perfil. Assim nasceu a primeira ideia”,<br />

diz o fundador do PASI. “O desafio era<br />

fazer a reposição do valor (indenização)<br />

em um prazo máximo de uma semana.<br />

Basicamente, era um valor determinado<br />

para que a associação pudesse repor seu<br />

caixa”, diz.<br />

Do laboratório à realidade<br />

Em novembro de 1988, foi criado o<br />

protótipo do produto. Porém, em menos<br />

de um mês, a seguradora passou a não<br />

conseguir mais realizar a indenização no<br />

prazo de uma semana. Alaor não desistiu,<br />

pelo contrário, se desafiou a conseguir<br />

mais: desenvolver um produto que realizasse<br />

o pagamento em 24 horas após o<br />

recebimento da documentação exigida.<br />

O presidente da entidade disse a<br />

Alaor que, se conseguisse fazer um pagamento<br />

ainda mais rápido do que em<br />

uma semana, tinha outra entidade para<br />

indicar. “Fiquei tão entusiasmado que<br />

quis ampliar ainda mais o projeto e levar<br />

para empresas. Pensei: se a família de um<br />

professor universitário fica sem recursos<br />

quando ele morre, imagine a família dos<br />

trabalhadores de classes mais modestas,<br />

que não têm qualquer acesso ao seguro”,<br />

conta o empreendedor.<br />

Foi quando, mesmo antes da regulamentação<br />

do produto, Alaor buscou e<br />

conseguiu a adesão de mais 15 empresas.<br />

“Éramos uma corretora de seguros comum,<br />

por isso aproveitei os segurados<br />

mais próximos, com grupos de trabalhadores<br />

significativos, e perguntei se teriam<br />

a coragem de me ajudar como clientes<br />

experimentais desse projeto”.<br />

Com as empresas, foram mais 3.250<br />

trabalhadores, de diversos setores da<br />

indústria, totalizando 9.250 vidas na<br />

primeira vigência do produto PASI. “Busquei<br />

uma nova companhia, que pudesse<br />

nos atender e, no dia 23 de março de 1989,<br />

saiu a aprovação para que, junto ao corpo<br />

técnico da seguradora, trabalhassem na<br />

finalização do produto.<br />

“Em poucos meses, de outubro de<br />

1988 a maio de 1989, tudo aconteceu.<br />

Saímos do laboratório para a realidade,<br />

íamos atuar no seguro com perfil social”,<br />

alegra-se o idealizador e presidente da<br />

empresa. O PASI nasceu em 1 de junho<br />

de 1989, como o primeiro seguro social<br />

do Brasil destinado às classes menos<br />

favorecidas.<br />

Interessante é perceber como os<br />

acontecimentos são cíclicos: “O PASI<br />

é o precursor dos MGAs (Management<br />

General Agent), que o mercado tanto fala<br />

hoje. Agora, querem indenizar em pouco<br />

tempo e já fazemos isso há 30 anos”,<br />

declara Fabiana Resende, filha de Alaor,<br />

que atua como diretora Executiva da<br />

empresa. “Nem existia startup e o PASI<br />

já estava sendo uma, fazendo exatamente<br />

este modelo de testar, fazer de novo, errar,<br />

ajustar”, observa.<br />

Expansão por todo o Brasil<br />

Uma semana após o lançamento do<br />

produto, no da 8 de junho, o PASI estava<br />

realizando a primeira indenização em<br />

24h. O beneficiário que recebeu essa indenização<br />

era irmão de uma professora.<br />

Entregou a documentação um dia antes e<br />

foi lá pessoalmente receber o cheque. Ele<br />

ficou impressionado com a velocidade da<br />

indenização, perguntou se era o normal<br />

do mercado. “Expliquei que se tratava de<br />

um projeto, era a primeira indenização<br />

que estava acontecendo em 24 horas, e<br />

o propósito era atender as famílias no<br />

momento exato de suas necessidades”,<br />

diz o idealizador do PASI. O homem<br />

entregou seu cartão de visitas, disse que<br />

era presidente de uma empresa e que o<br />

PASI havia acabado de ganhar mais 800<br />

segurados. “Anos depois voltei a receber<br />

um cartão dele, mas era congratulando o<br />

nosso trabalho”.<br />

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