PME Magazine - Edição 17 - julho 2020
Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!
Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!
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o
tecnologia
essa ideia. A partir daí, a equipa da organização interna
vai acompanhando o projeto de forma mais regular
e o project leader, que é, ou quem teve a ideia, ou alguém
que pega na ideia e a leva para a frente. Quem
se assumir como project leader tem esse acompanhamento
e aí vamos garantindo que o código de conduta
do movimento é mantido. O código de conduta tem os
termos mais gerais, como todo o código desenvolvido
do zero no contexto do movimento tem de ser aberto e
não pode ser propriedade de ninguém. As pessoas são
livres de fazerem os projetos que quiserem. Qualquer
pessoa pode entrar no movimento, mas há um conjunto
de serviços, parcerias e coisas que temos acesso e os
projetos só têm acesso a esses serviços se estiverem
alinhados com os termos e condições que vinculam o
espírito do movimento, que é o não ser comercial, ser
voluntário, genericamente universal, não haver barreiras
à participação…
PME Mag. – Não há nenhum registo de patentes associado?
J. F. C. – Não. Os produtos que foram adaptados de
empresas já existentes obviamente já tinham uma propriedade
antes, mas todo o código feito, voluntariamente,
por voluntários no contexto do movimento deve
ser código aberto. Não pode ser propriedade de ninguém
e não é propriedade do movimento.
PME Mag. – Quantos projetos têm em curso?
J. F. C. – O número redondo é de 40 projetos, dos quais
cerca de 15 já estão em execução. Os primeiros projetos
que surgiram, um foi para recolher fundos e encomendar
material hospitalar e garantir que chegava a
Portugal. Percebemos logo que a linha Saúde24 ia estourar
e pensámos como podíamos utilizar um chatbot
para mitigar essa carga, acabou por não avançar com o
SNS e por ser integrado na Segurança Social. Começámos
com uma aplicação de survey para as pessoas
darem os seus sintomas e podermos mapear o país em
termos de sintomas, o Covidografia. Depois, naturalmente,
foi evoluindo para as necessidades do mercado,
como a educação. Nasce, então, o Tools4edu, que
ajuda professores e pais a aprenderem a ir para plataformas,
porque a grande parte dos professores nunca
usou um Teams, ou um Zoom, ou o Google Hangouts.
E o segundo passo era como é que se ensina um professor
que sempre deu aulas numa sala a ensinar num
contexto online, onde a dinâmica é diferente. O segundo
projeto é o Student Keep que foi recolher computadores
de pessoas que já não precisam para alunos
que não têm material informático. O terceiro patamar é
a economia local e o melhor exemplo será o Preserve,
que permite que qualquer pessoa compre vouchers nos
seus estabelecimentos preferidos: o valor é injetado no
estabelecimento e a pessoa pode utilizar durante dois
anos.
PME Mag. – Que setores estão representados entre
os voluntários?
J. F. C. – Se calhar, as primeiras mil pessoas eram
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fundadores ou trabalhadores de startups. Depois, naturalmente,
foi-se abrindo o leque. Temos pessoas de
todas as áreas e com todo o tipo de competências e de
experiências.
"Todo o código feito
por voluntários no contexto
do movimento deve ser aberto"
PME Mag. – Até quando vão manter o movimento?
J. F. C. – O espírito do movimento é mitigar os desafios
criados no contexto de pandemia. É consensual que a
pandemia não acabou. Enquanto os projetos fizerem
sentido, o movimento irá continuar. Há diferentes opiniões
e como temos sido tendencialmente democráticos,
a ideia é irmos vendo. Quando acharmos que faz
sentido tomar uma decisão sobre o movimento também
o faremos.
PME Mag. – Qual é a grande mais-valia deste movimento
para as empresas?
J. F. C. – O que as empresas retiram do projeto é pouco
relevante no sentido em que desde o início que fizemos
um esforço grande para retirar as empresas da
equação. Claro que temos empresas que estão a disponibilizar
trabalhadores quase a full time em projetos
do movimento. É uma questão de consciência de
participação cívica. Há aprendizagens naturais que se
retiram deste contexto, como repensar os modelos de
trabalho, os horários fixos, o termos de estar no escritório
o tempo todo, isso é uma questão que vai ter de
surgir e vai ter de ser debatida nas organizações. E não
apenas daqui a dez anos se tivermos outra pandemia
e tivermos de nos ajustar à pressa. Outra coisa importante
é que temos imensas empresas que não têm um
website, um email, uma aplicação, que não usam uma
ferramenta de colaboração. Seja qual for o contexto da
empresa, hoje, não faz sentido que as empresas sejam
totalmente analógicas. A forma como criámos o movimento
demonstra o valor de termos uma estrutura ágil.
Montámos 500 pessoas num grupo de Slack rapidamente,
não porque as pessoas são génios, mas porque
já conhecem o Slack e já usam Slack e sabem trabalhar
de forma ágil.
PME Mag. – Quantas pessoas já impactaram?
J. F. C. – Já foram muitas. Em casos muito concretos:
há 1000 crianças que já receberam computadores, há
11 mil pessoas que acederam ao Tools4edu e que interagiram
com conteúdo; há 700 profissionais de saúde
que têm alojamento garantido através do Rooms
Against Covid – um projeto que junta hotéis e alojamento
local vazios com profissionais de saúde que não
querem ir para casa e que, juntamente com o Turismo
de Portugal, que financia, garantimos que têm um alojamento
próximo do hospital. Mandámos vir cerca de
250 mil máscaras... Quero acreditar que milhares de
pessoas foram já impactadas por algum dos nossos
projetos.