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PME Magazine - Edição 17 - julho 2020

Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!

Madalena Cascais Tomé, CEO da SIBS, é a figura de capa da edição de julho da PME Magaizne, dedicada à retoma económica do pós-Covid. Leia-a aqui!

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JULHO 2020

PMEMAGAZINE.SAPO.PT

“EMPRESAS VÃO TER DE RESISTIR NUM CENÁRIO

ADVERSO MUITO DIFÍCIL” - Mário Jorge Machado

Ana Rita Justo

ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

O setor têxtil foi profundamente afetado pela quebra de

atividade com a Covid-19. A certificação para produção de

máscaras sociais e equipamentos de proteção veio ajudar,

mas a incerteza ainda é grande. Mário Jorge Machado,

presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

(ATP) revela as principais preocupações do setor.

PME Magazine – Que impacto no setor teve a certificação

para a chamada máscara social?

Mário Jorge Machado – Uma grande percentagem

(cerca de 70%) de empresas do setor têxtil e vestuário

aderiu ao lay-off simplificado, total ou parcial, em

consequência de uma drástica redução na procura, não

havendo ainda expectativas positivas face a uma retoma

da atividade no setor. A produção de máscaras sociais

(e de outros equipamentos de proteção individual

ou artigos para a área hospitalar) permitiu que algumas

empresas do setor continuassem a ter alguma atividade.

Todavia, na maioria dos casos essa atividade não

é suficiente para manter ativos todos os trabalhadores

dessas empresas. Apenas umas centenas de empresas

estão envolvidas na produção destes produtos. No

último inquérito que fizemos, um quarto das empresas

assinalaram estar a trabalhar nesta área.

PME Mag. – Pode partilhar connosco as principais

conclusões desse inquérito?

M. J. M.– Das respostas que já recebemos, podemos

partilhar o seguinte: 42% das empresas que responderam

tiveram uma redução do volume de negócios superior

a 50% em abril, sendo que as expectativas para

maio se mantêm na mesma linha, com 36% das empresas

a afirmar que terão uma quebra na faturação superior

a 50%. 69% das empresas previam continuar em

lay-off (total ou parcial) em junho.

PME Mag. – Quais as principais preocupações apresentadas

pelas empresas?

M. J. M.– As empresas identificam a falta de encomendas,

atrasos nos pagamentos por parte dos clientes,

problemas de tesouraria, dificuldades no acesso aos

apoios do Estado, com particular destaque para as dificuldades

de acesso às linhas de crédito Covid-19. Há

uma grande incerteza quanto à retoma nos próximos

dois meses: apenas 8% das empresas acredita numa

retoma da atividade com níveis superiores a 80%, até

ao final do mês de julho; 19% acredita que a essa data

poderemos ter uma retoma entre 60% a 80%; 25% antevê

uma retoma entre 40% a 60%; 23% prevê que seja

Presidente da ATP defende reforço dos apoios ao setor têxtil

entre 20% a 40% e outros 25% estimam uma retoma da

atividade inferior a 20%.

PME Mag. – Como estão as empresas do setor a reagir

a esta nova realidade? O que mudou?

M. J. M.– Conforme referi, a realidade que ainda se

vive no setor é pautada pela falta de procura e quebra

nas encomendas, sobretudo de artigos de moda e

têxteis para o lar, mas também nalguns produtos mais

técnicos, como têxteis para o setor automóvel. Esta

quebra de procura tem impacto em toda a cadeia de

abastecimento, desde as matérias primas até ao produto

final, passando pelas atividades de enobrecimento.

Se pensarmos no vestuário ou têxteis para a casa,

verificou-se uma quebra drástica no consumo deste

tipo de artigos nos últimos meses, um pouco por todo

o mundo (a maioria dos produtos fabricados em Portugal

têm como destino mercados da União Europeia) e,

apesar de estarmos a assistir a uma abertura gradual

das lojas, há uma grande incerteza e falta de confiança

quanto ao futuro, com muitas variáveis no desconhecido,

como por exemplo, a possibilidade de um novo

surto e de novas medidas restritivas e ainda o impacto

da pandemia no nível do rendimento das famílias e incerteza

quanto às suas prioridades e níveis de consumo.

Neste contexto, é ainda difícil planear e antecipar

as necessidades de produção. Face a este cenário de

incerteza, acreditamos que as marcas, nos próximos

tempos, irão privilegiar encomendas mais pequenas

e fornecedores que sejam flexíveis e capazes de uma

resposta rápida, atributos que caracterizam a indústria

têxtil e vestuário portugueses. Todavia, até ao momento,

a maioria das empresas deste setor vai ter de resistir

num cenário adverso muito difícil, para o qual será

fundamental o reforço dos apoios, nomeadamente na

componente financeira.

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