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ende com clareza as mudanças do futebol. Em épocas passadas,
o futebol mais bonito do mundo era o brasileiro, traduzido
por Eduardo Galeano, como “feito de jogo de cintura, ondulações
de corpo e voos de pernas que vinham da capoeira, dança
guerreira dos escravos negros”. Hoje o talento é quase sempre
sobreposto pelo futebol de ângulos retos, pensado e estudado
nos seus mínimos detalhes.
A seleção portuguesa não me surpreendeu, pois não
apresentou nada mais além do que o futebol moderno propõe.
Jogar fechado, organizado na defesa, compacto, diminuindo
os espaços entre os setores, com transições rápidas e
precisas, explorando os erros do oponente. Simples e complexo
ao mesmo tempo, mas nunca surpreendente e impossível
de acontecer.
Tostão escreveu, inclusive, com sua imensa sabedoria,
que “a França, por ter um time superior, por jogar em casa e
pela Marselhesa, era a favorita, mas não seria uma grande surpresa
se Portugal conquistasse a Eurocopa, por ter Cristiano
Ronaldo e um sólido sistema defensivo”.
Não há segredo na conquista portuguesa. Em treze partidas,
desde 2014, a seleção portuguesa nunca perdeu sob a
batuta do treinador Fernando Santos. A grande sacada dos
nossos colonizadores foi entender que eles estão, ainda, muito
longe de serem os melhores. O próprio treinador assumiu.
“Entramos sabendo que não éramos os melhores do mundo,
mas também que para nenhum adversário é fácil ganhar de
Portugal. Estudamos bem os adversários para não sermos surpreendidos
e conseguimos contê-los”.
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