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BAILARINO

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o rei e

o furacão

Nunca tive muita intimidade com a bola. Sei jogar, sou esforçado.

Um operário em campo. Quando arrisco uma partida,

percebo que sou muito mais eficiente com as palavras do que

calçando chuteiras e meiões.

Mas nem por isso abro mão de desfilar minha habilidade

com a perna canhota nos gramados que me aceitam. Jogo sim e

não estou nem aí para os craques de pelada que esbravejam por

um lance perdido, um passe errado ou uma furada na defesa.

Mas isso me lembra de algo que li na biografia da Bruxa,

Marinho Chagas, dia desses. Era um domingo de Maracanã – o

teatro dos maiores artistas do futebol, como o próprio Marinho

intitulou genialmente. Em campo, Botafogo e Santos pelo campeonato

brasileiro de 1972. Era a estreia do Diabo Louro.

Naquele dia, Marinho largaria o anonimato para ser estrela.

Até então, sua carreira se resumia a suas várias peladas nas Sete

Bocas, no bairro do Alecrim, e uma ascensão meteórica, passando

pelo pequeno Riachuelo de Natal, e os tradicionais, mas pequenos,

ABC e Náutico.

Mas o fato é que naquele dia Marinho adentrava em campo

ansioso. Se já era um sonho de criança jogar no mais tradicional

estádio do mundo, avaliem a emoção quando o galego do

Alecrim viu do outro lado, mas lado a lado, o Rei, sua majestade,

Pelé.

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