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WWW.POS<strong>VENDA</strong>.PT OUTUBRO 2020<br />
P<br />
PERSONALIDADE<br />
Por outro lado, não quisemos ter muitos<br />
parceiros, mas trabalhar com aqueles<br />
que queriam crescer com a B-Parts e<br />
com os quais poderíamos ter um bom<br />
volume e que estavam dentro dos critérios<br />
que tínhamos definido. Só desta<br />
forma podemos controlar a qualidade e<br />
os processos.<br />
MM: Um dado interessante é que o nosso<br />
crescimento não foi feito através da<br />
integração de mais fornecedores mas, no<br />
crescimento que tivemos o ano passado<br />
em cada um dos fornecedores anuais.<br />
A informação, com dados e métricas,<br />
que damos aos nossos fornecedores, em<br />
relação à atividade que temos com cada<br />
um deles, é muito valorizada pelos nossos<br />
fornecedores. E isso foi também uma<br />
mais valia que trouxemos à atividade deles,<br />
que nos passaram a ver como parceiros<br />
e não só como clientes.<br />
Têm cada vez mais a certeza que as<br />
peças reutilizáveis têm um futuro assegurado<br />
no negócio das peças auto<br />
(aftermarket)?<br />
MM: Poderia haver dúvidas no passado,<br />
mas agora é que não existem mesmo dúvidas<br />
disso. Consideramos a peça reutilizável<br />
um vetor fundamental na reparação<br />
automóvel. Agora com este passo que a<br />
PSA deu em relação à B-Parts, que pode<br />
parecer contra natura, na realidade verifica-se<br />
que não é. Por exemplo, a Toyota<br />
identifica as peças para reutilização que<br />
monta na origem nos seus carros, não<br />
sendo aliás o único fabricante que o faz.<br />
LV: Os construtores sabem que têm de<br />
melhorar a sua pegada ambiental. Por<br />
isso, quando olhamos para os motores,<br />
peças de chapa e para a eletrónica, não<br />
se compreende porque razão não podem<br />
ser reutilizadas. Aliás, potencialmente<br />
as peças de eletrónica são o produto de<br />
futuro nas peças reutilizadas. Por outro<br />
lado, as peças reutilizadas são boas para<br />
o utilizador, para o reparador, para as seguradoras,<br />
como para outras entidades.<br />
Acham que falta uma mesa associativa<br />
das peças reutilizadas, por exemplo, no<br />
seio de alguma associação?<br />
MM: Não existe de facto nenhuma associação<br />
que represente as peças reutilizadas.<br />
Este setor ainda é visto como o<br />
parente pobre. Mas isso vai mudar.<br />
Quem vende peças novas no aftermarket<br />
olha para as peças reutilizáveis<br />
com desconfiança. O que lhes têm a<br />
dizer nesta altura?<br />
MM: Eu estive muitos anos no setor do<br />
aftermarket e não só, e por isso tenho conhecimento<br />
do que se passa. Atualmente,<br />
para um operador do aftermarket, o negócio<br />
está muito maduro e esmagado. Se<br />
existem oportunidades neste setor, uma<br />
delas será seguramente o setor das peças<br />
reutilizadas.<br />
É um setor que em parte ainda está desorganizado,<br />
mas que tem tido uma aceleração<br />
brutal na sua organização. Tratase<br />
de um setor que já resolve muitos<br />
problemas da reparação, sendo também<br />
um setor que emprega muita gente e que<br />
movimenta muito dinheiro.<br />
Hoje em dia, pode-se definir qualidade<br />
numa peça reutilizável?<br />
LV: Depende. Para muitas peças a inspeção<br />
visual é suficiente para se chegar<br />
à conclusão da sua qualidade, nomeadamente<br />
na colisão. Para outras, como<br />
as peças eletrónicas, muitos centros de<br />
abate já fazem diagnóstico eletrónico ao<br />
carro e comprovam a qualidade da mesma.<br />
Noutras peças, como os elevadores<br />
dos vidros, um teste prático confirma o<br />
seu funcionamento, assim como acontece<br />
com uma caixa de velocidades ou um<br />
motor. Noutras peças não é fácil comprovar<br />
a sua qualidade.<br />
De qualquer maneira, existe a questão<br />
das garantias...<br />
MM: Nós damos garantias de 3 meses,<br />
6 meses ou um ano, conforme as peças.<br />
Mas, na realidade, somos cada vez mais<br />
permissivos em relação às garantias, mas<br />
estamos ainda a aprender. É um setor em<br />
que ainda existe muito vigarice e fraude,<br />
o que nos obriga a ter algum cuidado<br />
com esta questão.<br />
Como é que trabalham as garantias?<br />
LV: Em primeiro lugar, nós temos um<br />
contrato de fornecimento com todos<br />
os nossos fornecedores. Neste contrato<br />
existem regras que têm de ser cumpridas<br />
em termos de garantias, mas os problemas<br />
obviamente que podem acontecer.<br />
Nesse caso acionamos a garantia, fornecendo<br />
uma peça equivalente ao mesmo<br />
nível de preço ou devolvemos o valor da<br />
encomenda. Todos temos a consciência<br />
que estamos a falar de peças reutilizadas.