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Economia & Mercado Setembro 2020

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segurança alimentar ENERGIA<br />

“Repercussões são piores<br />

que a própria doença”<br />

Cerca de 6,7 milhões de crianças com<br />

menos de cinco anos correm o risco de<br />

sofrer níveis perigosos de desnutrição<br />

este ano devido à pandemia do novo<br />

coronavírus, segundo o Unicef. A partir<br />

de uma análise publicada na revista The<br />

Lancet, em Julho, calcula-se que 80%<br />

das crianças em risco vivem na África<br />

subsaariana e no sul da Ásia. “É cada<br />

vez mais claro que as repercussões<br />

da pandemia estão a prejudicar as<br />

crianças mais do que a própria doença”,<br />

conclui a directora executiva da Unicef,<br />

Henrietta Fore. O agravamento da<br />

dieta e a interrupção dos serviços de<br />

nutrição vão piorar outras formas de<br />

desnutrição em crianças e mulheres,<br />

como o nanismo, deficiência de<br />

micronutrientes, sobrepeso e obesidade.<br />

Segundo a Unicef, nos primeiros meses<br />

da pandemia houve uma redução geral<br />

de 30% na cobertura de serviços vitais<br />

de nutrição, como a suplementação<br />

de vitaminas, com alguns países a<br />

registarem uma interrupção muito maior.<br />

Os esforços do Governo no combate à<br />

desnutrição crónica já tinham ganho<br />

alguma expressão em 2016, quando o<br />

Conselho de Ministros aprovou o regulamento<br />

da fortificação dos alimentos<br />

que gera a obrigatoriedade da fortificação<br />

de farinhas de milho e de trigo,<br />

óleo alimentar, açúcar e sal. Nessa<br />

mesma altura, o regulamento apresentou<br />

metas bem definidas: beneficiar<br />

1,8 milhões de pessoas com o programa<br />

de fortificação da farinha de<br />

milho; 11 milhões de pessoas com a fortificação<br />

da farinha de trigo; 11,5 milhões<br />

de pessoas com o óleo alimentar<br />

e; 13 milhões com o açúcar.<br />

O programa, que tinha sido lançado<br />

três anos antes, em 2013, compreende,<br />

por exemplo, a fortificação do sal com<br />

iodo, o óleo com a vitamina A e fortificação<br />

da farinha de trigo e de milho<br />

com ferro, ácido fólico, vitaminas<br />

de complexo B e zinco, cuja deficiência<br />

contribui para a alta prevalência de<br />

anemias e das infecções recorrentes<br />

nas crianças. Na altura, esta estratégia<br />

foi considerada a mais eficiente no<br />

controlo das deficiências em micro nutrientes<br />

por adicionar apenas 1% nos<br />

custos aos consumidores. Ficou estabelecido<br />

que as empresas que não aderissem<br />

à fortificação de alimentos nos<br />

termos da legislação eram sujeitas à<br />

penalização.<br />

Todos os processos no quadro deste<br />

programa são liderados pelos ministérios<br />

da Indústria e Comércio e da Saúde,<br />

na qualidade de presidente e vice-<br />

-presidente do Comité Nacional para a<br />

Fortificação de Alimentos (CONFAM).<br />

2021 traz um cenário difícil<br />

Além de Moçambique, no mapa da<br />

África Austral, a directora regional<br />

do PMA destacou a grave situação do<br />

Zimbabué, país com 16 milhões de habitantes<br />

e com as piores estatísticas<br />

de falta de alimentos, com cerca de 4,3<br />

milhões de pessoas a precisar de ajuda<br />

urgente.<br />

O contexto comum é agravado por<br />

uma prolongada crise socioeconómica.<br />

Lola Castro referiu que na África Austral,<br />

entre os próximos meses e 2021,<br />

a insegurança alimentar pode atingir<br />

níveis “que já não se verificavam há<br />

vários anos”, atingindo 44,8 milhões de<br />

pessoas (em comparação com 41,2 no<br />

ano passado) sobretudo devido à seca<br />

e às dificuldades económicas ligadas à<br />

pandemia.<br />

www.economiaemercado.co.mz | <strong>Setembro</strong> <strong>2020</strong><br />

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