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contas públicas<br />
SERVIÇO da dívida<br />
também aumentOU<br />
O CIP chama atenção para a<br />
necessidade de o Estado rever<br />
as formas mais vantajosas de<br />
endividamento para não comprometer<br />
o investimento na provisão do bemestar<br />
das populações.<br />
Em mil milhões de meticais<br />
dívida externa<br />
dívida interna<br />
total<br />
6,4<br />
9,5<br />
4,7<br />
5,7<br />
11,1<br />
15,2<br />
1º Sem. 2019<br />
1º Sem.<strong>2020</strong><br />
“A assistência social no âmbito do Covid-19 foi colocada numa<br />
rubrica denominada ‘Demais Transferências a Famílias’,<br />
que não capta o esforço do Governo no apoio aos carenciados<br />
rais que afectam os rácios inicialmente<br />
previstos, através de um orçamento<br />
rectificativo, os documentos orçamentais<br />
não irão trazer informação<br />
suficientemente realista e aberta para<br />
que a sociedade capte o nível de esforço<br />
do Governo em acções para fazer<br />
face à Covid-19, o que é problemático<br />
num contexto que se exige maior<br />
transparência”, alerta o CIP.<br />
A instituição lamenta, igualmente, o<br />
facto de o Relatório de Execução Orçamental<br />
começar com uma explicação<br />
do desempenho que, no seu entender,<br />
enfatiza tudo menos o Covid-19. E<br />
exemplifica: “A execução do primeiro<br />
semestre foi influenciada negativamente<br />
pela seca que vem assolando<br />
a zona Sul desde o ano transacto, pela<br />
ocorrência de chuvas anormais em<br />
algumas províncias das regiões Centro<br />
e Norte do País, registadas no primeiro<br />
trimestre, tudo aliado à instabilidade<br />
militar nas Zonas Centro e Norte<br />
do País, afectando negativamente<br />
os sectores de actividades agro-pecuárias,<br />
infra-estruturas sociais e o<br />
comércio”, concluiu.<br />
Preservar a confiança dos parceiros externos<br />
A boa notícia extraída pelo CIP é que,<br />
“em relação ao financiamento do orçamento,<br />
destaca-se o desembolso do<br />
Apoio ao Orçamento no montante de<br />
20,7 mil milhões de meticais, referente<br />
aos 309 milhões de dólares do FMI. Nota-se<br />
que o nível de execução dos desembolsos<br />
do financiamento via Conta<br />
Única do Tesouro (CUT) se sobrepõe<br />
aos efectuados fora da CUT, com 56,8%<br />
e 43,2% respectivamente. Isto pode ser<br />
um indicador de que se pode estar a<br />
reverter o cenário de falta de confiança<br />
por parte dos parceiros movida pela<br />
necessidade de apoiar o País a fazer<br />
face à pandemia”. No entanto, esta<br />
vantagem pode ficar diluída se “este<br />
cenário não for acompanhado por um<br />
esforço do Governo em melhorar os níveis<br />
de transparência”.<br />
O que nos deve trazer a Proposta do OE 2021?<br />
O CIP sugere que o ideal é que este<br />
documento venha enriquecido pelo<br />
facto de o Cenário Fiscal de Médio<br />
Prazo 2021 a 2023 já ter sido produzido.<br />
Ou seja, já há bases sólidas para as<br />
projecções e de modo a garantir consistência<br />
entre os documentos. Por<br />
exemplo, nas tabelas que apresentam<br />
as classificações da despesa funcional,<br />
económica e administrativa sugere-se<br />
que se apresentem as projecções para,<br />
pelo menos os dois anos subsequentes<br />
cobertos pelo Cenário Fiscal de Médio<br />
Prazo, O mesmo serve para Receitas.<br />
As projecções para os anos subsequentes<br />
são úteis para dar credibilidade<br />
às projecções do Governo. Além disso,<br />
a Proposta do OE 2021 deve trazer<br />
um balanço detalhado da execução dos<br />
recursos recebidos e gastos no âmbito<br />
do Covid-19 no ano <strong>2020</strong>, bem como a<br />
justificação por detrás da definição dos<br />
limites de endividamento e emissão de<br />
garantias do Estado. Deve ainda mostrar<br />
as projecções da inflação, taxa de<br />
juro e crescimento do PIB real de forma<br />
mais informativa e acompanhada<br />
de uma fundamentação. Neste contexto,<br />
em vez de só reproduzir as projecções<br />
que estavam na Lei para o Orçamento<br />
do Estado para <strong>2020</strong>, dever-se-<br />
-ia usar as estimativas mais recentes.<br />
Por exemplo, o Governo, no dia 26 de<br />
Agosto de <strong>2020</strong>, reviu a taxa de crescimento<br />
real do PIB para 0,8%, em vez de<br />
2,2%. Esta nova taxa deve ser a base<br />
para as projecções de 2021 com informação<br />
detalhada sobre os pressupostos<br />
por detrás desta projecção.<br />
www.economiaemercado.co.mz | <strong>Setembro</strong> <strong>2020</strong><br />
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