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alma gêmea, o medo do “UM que escapuliu” que a faz ter esse investimento emocional,
quase espiritual.
A definição de poder não é sucesso financeiro, status ou influência sobre os outros, mas
o grau em que temos controle sobre nossas próprias vidas. Adotar a mitologia da almagêmea
exige que reconheçamos a impotência nesta parte de nossas vidas. Melhor seria,
creio eu, promover uma compreensão saudável de que não há A UMA. Há algumas
boas e há algumas más, mas não há A UMA.
Religião da alma gêmea
O que você acabou de ler foi um dos meus primeiros posts nos fóruns do SoSuave por
volta de 2003-04. Eu estava terminando minha graduação e tive a Falácia do UM
ilustrada graficamente para mim em uma aula de psicologia. Eu estava na sala de aula,
cercado por (em sua maioria) estudantes muito mais jovens do que eu, todos muito
astutos e tão intelectuais quanto poderiam ser por volta dos vinte e poucos anos. A certa
altura, a discussão chegou à religião e grande parte da classe expressou ser agnóstico ou
ateu, ou "espiritual, mas não religioso". O raciocínio era claro, que a religião e a crença
poderiam ser explicadas como construções psicológicas (medo da mortalidade) que
foram expandidas para a dinâmica sociológica.
Mais tarde, nessa discussão, surgiu a ideia de uma "alma-gêmea". O professor na
verdade não usou a palavra "alma", mas sim expressou a idéia pedindo para que
levantassem as mãos os alunos da turma que acreditavam que "havia alguém especial
para eles lá fora" ou se temiam " O UM que escapuliu". Quase a classe inteira levantou
as mãos. Por todo o seu empirismo racional e apelos ao realismo em relação à
espiritualidade, eles (quase) unanimamente expressaram uma crença quase kármica em
se conectar com outra pessoa idealizada em um nível íntimo por toda a vida.
Mesmo os caras da Fraternidade e as garotas festeiras que eu sabia que não estavam
procurando por nada a longo prazo em seus hábitos de namoro, ainda levantaram suas
mãos em concordância com a crença em UM. Alguns mais tarde explicaram o que
aquilo significava para eles, e a maioria tinha definições diferentes daquela idealização -
alguns até admitiam ser uma idealização, à medida que a discussão progredia - mas
quase todos ainda apresentavam o que, de outra forma, seria chamado de crença
irracional na "predestinação", ou, mesmo entre os menos espirituais, que é apenas parte
da vida se juntar a alguém significativo e havia "alguém para todos".
Essa discussão foi o catalisador para uma das minhas realizações ao despertar - apesar
de todas as probabilidades, as pessoas em grande parte sentem-se intituladas, ou
merecedoras de um amor importante em suas vidas.
Estatística e pragmaticamente isso é ridículo, mas aí está. A ficção feminizada da
Disney deste conceito central foi romantizada e comercializada ao ponto de se tornar
uma religião, mesmo para os que não são expressamente religiosos. O anseio
Shakespeareano pela UMA, a busca por outra alma (gêmea) destinada a ser nossa
parceira foi sistematicamente distorcida além de toda razão. E, como vou elaborar mais
tarde, os homens chegam a tirar suas próprias vidas na ilusão de terem perdido sua alma
gêmea.