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Rollo Tomasi (2013), O Homem Racional - PT-BR

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alma gêmea, o medo do “UM que escapuliu” que a faz ter esse investimento emocional,

quase espiritual.

A definição de poder não é sucesso financeiro, status ou influência sobre os outros, mas

o grau em que temos controle sobre nossas próprias vidas. Adotar a mitologia da almagêmea

exige que reconheçamos a impotência nesta parte de nossas vidas. Melhor seria,

creio eu, promover uma compreensão saudável de que não há A UMA. Há algumas

boas e há algumas más, mas não há A UMA.

Religião da alma gêmea

O que você acabou de ler foi um dos meus primeiros posts nos fóruns do SoSuave por

volta de 2003-04. Eu estava terminando minha graduação e tive a Falácia do UM

ilustrada graficamente para mim em uma aula de psicologia. Eu estava na sala de aula,

cercado por (em sua maioria) estudantes muito mais jovens do que eu, todos muito

astutos e tão intelectuais quanto poderiam ser por volta dos vinte e poucos anos. A certa

altura, a discussão chegou à religião e grande parte da classe expressou ser agnóstico ou

ateu, ou "espiritual, mas não religioso". O raciocínio era claro, que a religião e a crença

poderiam ser explicadas como construções psicológicas (medo da mortalidade) que

foram expandidas para a dinâmica sociológica.

Mais tarde, nessa discussão, surgiu a ideia de uma "alma-gêmea". O professor na

verdade não usou a palavra "alma", mas sim expressou a idéia pedindo para que

levantassem as mãos os alunos da turma que acreditavam que "havia alguém especial

para eles lá fora" ou se temiam " O UM que escapuliu". Quase a classe inteira levantou

as mãos. Por todo o seu empirismo racional e apelos ao realismo em relação à

espiritualidade, eles (quase) unanimamente expressaram uma crença quase kármica em

se conectar com outra pessoa idealizada em um nível íntimo por toda a vida.

Mesmo os caras da Fraternidade e as garotas festeiras que eu sabia que não estavam

procurando por nada a longo prazo em seus hábitos de namoro, ainda levantaram suas

mãos em concordância com a crença em UM. Alguns mais tarde explicaram o que

aquilo significava para eles, e a maioria tinha definições diferentes daquela idealização -

alguns até admitiam ser uma idealização, à medida que a discussão progredia - mas

quase todos ainda apresentavam o que, de outra forma, seria chamado de crença

irracional na "predestinação", ou, mesmo entre os menos espirituais, que é apenas parte

da vida se juntar a alguém significativo e havia "alguém para todos".

Essa discussão foi o catalisador para uma das minhas realizações ao despertar - apesar

de todas as probabilidades, as pessoas em grande parte sentem-se intituladas, ou

merecedoras de um amor importante em suas vidas.

Estatística e pragmaticamente isso é ridículo, mas aí está. A ficção feminizada da

Disney deste conceito central foi romantizada e comercializada ao ponto de se tornar

uma religião, mesmo para os que não são expressamente religiosos. O anseio

Shakespeareano pela UMA, a busca por outra alma (gêmea) destinada a ser nossa

parceira foi sistematicamente distorcida além de toda razão. E, como vou elaborar mais

tarde, os homens chegam a tirar suas próprias vidas na ilusão de terem perdido sua alma

gêmea.

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