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Rollo Tomasi (2013), O Homem Racional - PT-BR

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Lembro-me de ter percebido apenas aos poucos isso na primeira vez que assisti a um

programa popular na TV com um olhar crítico. Simplesmente não havia atores ou

papéis positivamente masculinos em nenhum programa, e sim, todo homem era

ridicularizado por sua masculinidade. Isso então levou a outros aspectos da sociedade e

da mídia que eu estava começando a perceber. A alegoria de tomar a pílula vermelha é a

de despertar. A feminização estava em toda parte, mas minha culpa interior e

condicionada por sequer considerar a possibilidade da primazia feminina estava

impedindo minha desconexão dela.

Lembro-me, a princípio, de me sentir culpado por sentir-me ofendido apenas por

perceber isso. Eu me senti envergonhado por pensar que talvez as coisas não fossem tão

"normais" quanto as mulheres gostariam que eu pensasse. O que eu não entendi é que

isso fazia parte do meu condicionamento. Internalizar um sentimento de vergonha por

questionar essa "normalidade". Muitos homens nunca passam dessa programação e

nunca se desplugam. Isso está muito entremeado em "quem eles são", e o conflito

interno resultante os levará a negar a realidade de sua condição e, às vezes, a lutar

ativamente contra outros que desafiam a normalidade de que precisam para existir.

Depois de superar a vergonha, comecei a perceber outros padrões e convenções sociais

interligadas que promoviam esse femi-centrismo. Da macrodinâmica das leis de

divórcio e definições legais de estupro, ao viés de gênero no recrutamento militar

(chamando apenas homens para morrer em guerra) e até os menores detalhes do

discurso mundano no bebedouro do trabalho, comecei a perceber quão esmagadora é

essa influência em nossas existências.

Observando o Framework

Recentemente eu escutei um talk show de rádio de aconselhamento, onde uma mulher

ligou em aflição emocional com as ações do marido. Aparentemente ela namorou o

homem por um ano ou dois antes do casamento e eles falaram sobre como nenhum dos

dois queria filhos desde o início. Antes do casamento ambos concordaram, sem filhos.

Até que, cerca de um ano depois de seu casamento, a esposa havia secretamente parado

com a pílula e fez esforços deliberados em suas atividades sexuais com o marido, a fim

de engravidar. O problema era que ela não estava ficando grávida. Só mais tarde o

homem confessou que ele fez uma vasectomia para não arriscar ter filhos com qualquer

mulher que ele tivesse se juntado.

A indignação que se seguiu não foi direcionada para a duplicidade e os esforços ocultos

da mulher para enganar o marido, fazendo-o pensar que ela tinha tido uma gravidez

acidental, mas todos os fogos do inferno estavam concentrados na suposta mentira que o

homem havia contado.

Isso serve como um excelente exemplo de como a realidade feminina molda as direções

de nossas vidas. Publicamente e em particular, nem mesmo uma reflexão tardia foi

poupada para a motivação da mulher e as medidas desesperadas para alcançar seu

imperativo sexual, porque o imperativo feminino é normalizado como o objetivo correto

de qualquer conflito.

O imperativo existencial de uma mulher, sua felicidade, seu contentamento, sua

proteção, seu aprovisionamento, seu empoderamento, literalmente qualquer coisa que

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