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mkt<br />
Unsplash<br />
O novo normal,<br />
ou o normal<br />
<strong>de</strong> sempre?<br />
“The best way to predict your<br />
future is to creat it”<br />
Abraham Lincoln<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
que virá, e como seremos, é o que muitos<br />
se perguntam. Nas últimas sema-<br />
O<br />
nas li mais <strong>de</strong> 100 <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> pessoas<br />
esboçando seus primeiros traços sobre um<br />
provável novo normal. Separei três para este<br />
comentário. Dois que procuram alertar<br />
as pessoas enternecidas com a pan<strong>de</strong>mia<br />
<strong>de</strong> bonda<strong>de</strong> que inundou os corações, e fazem<br />
seus alertas; e um carregado <strong>de</strong> esperanças.<br />
Começo com o pianista e maestro<br />
argentino Daniel Barenboim.<br />
“Acho muito difícil imaginar como será<br />
a vida <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ste maldito vírus. As pessoas<br />
otimistas pensam que agora vimos<br />
como somos todos iguais, que não há pessoas<br />
privilegiadas, que este é um vírus<br />
que nos iguala e, então, vamos mudar para<br />
sempre, cuidar dos outros e ajudaremos<br />
quem mais precisa... Eu, francamente, não<br />
acredito nisso”, diz Barenboim... E, completa:<br />
“O instinto <strong>de</strong> fazer as coisas para o<br />
bem é um instinto maravilhoso, mas que<br />
não dura”. O ódio, e tudo que é negativo, é<br />
muito mais excitante do que o bem. O bom<br />
e positivo transmitem calma. Quando você<br />
encontra uma pessoa <strong>de</strong> bom caráter e bem<br />
disposta é um gran<strong>de</strong> prazer, mas não é<br />
excitante... “Assim, não tenho a menor esperança<br />
<strong>de</strong> que as pessoas mu<strong>de</strong>m por causa<br />
do coronavírus...”. Essa, a manifestação<br />
do excepcional músico e maestro Daniel<br />
Barenboim.<br />
O segundo <strong>de</strong>poimento é do escritor e<br />
doutor em filosofia pela USP Luiz Felipe<br />
Pondé, que vai direto ao ponto. “A epi<strong>de</strong>mia<br />
das utopias fala coisas do tipo, iremos<br />
respeitar mais os humil<strong>de</strong>s, seremos mais<br />
solidários... ok, diz Pondé, durante a epi<strong>de</strong>mia,<br />
sim, mas, passada a peste, a maioria<br />
voltará a ser e se comportar como sempre<br />
foi. Os humanistas da quarentena voltarão<br />
a fazer lives dos hotéis caros que frequentam...<br />
O mundo estará mais pobre. Os pobres<br />
mais pobres e menos dinheiro circu-<br />
lando. A economia será uma ciência ainda<br />
mais triste... o mundo será mais competitivo<br />
porque mais inseguro... a segurança<br />
dará <strong>de</strong> sete a um na liberda<strong>de</strong>. O mundo<br />
será mais remoto e dos solitários... Encaremos<br />
os fatos. No Brasil, só classes média e<br />
alta po<strong>de</strong>m fazer quarentena. Só eles têm<br />
reserva financeira. A maioria esmagadora<br />
da população vai pedir esmola, seja do<br />
Estado, seja nas ruas... Perguntar por que<br />
pobre não faz quarentena é o mesmo que<br />
perguntar por que eles não comem bolo, já<br />
que não têm pão...”.<br />
E o terceiro do escritor mais lido dos<br />
últimos 10 anos, Yuval Harari. “Será um<br />
mundo diferente. Se melhor ou pior,<br />
isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> nossas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> agora.<br />
O mais importante é perceber que não<br />
há apenas um resultado <strong>de</strong>terminístico<br />
para esta crise. Temos escolhas a fazer. E,<br />
se fizermos as escolhas certas, po<strong>de</strong>remos<br />
não apenas superar o vírus, mas emergir<br />
da pan<strong>de</strong>mia tendo construído um mundo<br />
melhor”.<br />
E vocês o que acham? Passada a pan<strong>de</strong>mia,<br />
o novo normal será rigorosamente o<br />
velho normal? Piorado, talvez para os sinceros,<br />
ou melhorado, talvez para os ingênuos...<br />
Quem sabe, otimistas... E você, já<br />
pensou como você amanhecerá no day after?<br />
Algumas pessoas <strong>de</strong>cidiram escrever<br />
agora, como acham que serão no Day After<br />
Coronacrise. Escrever e guardar, e só abrir<br />
dois ou três anos <strong>de</strong>pois para ver se verda<strong>de</strong>iramente<br />
se conhecem...<br />
Um dia, diante do caos em que se encontrava<br />
o mundo, Abraham Lincoln cunhou<br />
a frase com que inicio este artigo. Mais<br />
adiante aperfeiçoada pelo adorado mestre<br />
e mentor Peter Drucker, que trocou o verbo.<br />
Em vez <strong>de</strong> “creat it”, “build it”. E é o<br />
que temos procurado fazer aqui na Madia,<br />
e recomendar a todos os nossos clientes <strong>de</strong><br />
consultoria. “A melhor maneira <strong>de</strong> prever o<br />
futuro é construí-lo”.<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
28 <strong>21</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark