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Edição de 21 de dezembro de 2020

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última página<br />

Unsplash<br />

Só o amor<br />

reconstrói<br />

Flavio Waiteman<br />

20<strong>21</strong> vai ser um ano <strong>de</strong> reconstrução: negócios,<br />

carreiras, relacionamentos. Vamos<br />

tentar reconstruir aquilo que a vida,<br />

o tempo e esse ano <strong>de</strong> <strong>2020</strong> não permitiram.<br />

Mas como reconstruir se hoje a linha <strong>de</strong><br />

pensamento dominante é o <strong>de</strong>strutivismo? O<br />

<strong>de</strong>strutivismo é um movimento global que se<br />

<strong>de</strong>dica a <strong>de</strong>struir “o que está aí”, sem colocar<br />

nada <strong>de</strong> valor no lugar. É um movimento primo-irmão<br />

do negacionismo, que se propaga<br />

pelas re<strong>de</strong>s e tem o gran<strong>de</strong> feito <strong>de</strong> permitir<br />

que opiniões tenham o mesmo peso que fatos,<br />

por exemplo. O <strong>de</strong>strutivismo mergulhou<br />

o mundo na profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> argumentos <strong>de</strong><br />

uma 7ª série que zoa o tempo todo.<br />

Alguns exemplos <strong>de</strong> ilustres lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>sse<br />

movimento são os presi<strong>de</strong>ntes que eleitos<br />

<strong>de</strong>mocraticamente acabam negando o processo<br />

<strong>de</strong>mocrático. Mesmo que isso<br />

<strong>de</strong>strua a <strong>de</strong>mocracia. Ministros<br />

“comunicação<br />

e vacina se<br />

parecem. a<br />

comunicação<br />

requer amor,<br />

energia,<br />

<strong>de</strong>dicação.<br />

ciência.<br />

insights”<br />

que se esforçam para acabar com<br />

o objetivo <strong>de</strong> existência dos próprios<br />

ministérios. É o que acontece<br />

quando, por exemplo, o Ministério<br />

do Meio Ambiente facilita leis<br />

que <strong>de</strong>stroem o meio ambiente.<br />

Aliás, alguns ministros parecem<br />

que estão lá <strong>de</strong> castigo, cuidando<br />

<strong>de</strong> coisas que não gostam <strong>de</strong>finitivamente.<br />

O cara da Saú<strong>de</strong>, por<br />

exemplo, joga contra a vacina que<br />

po<strong>de</strong> salvar a todos. Já pensou<br />

você ao lado <strong>de</strong>sse cara cavando<br />

uma trincheira? Esse movimento está por toda<br />

a parte e faz um sucesso danado na política,<br />

na cultura, na educação e um relativo sucesso,<br />

espero que passageiro, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nossa indústria<br />

da comunicação. Muita gente nos últimos<br />

anos tem expressado opiniões muito ruins<br />

sobre publicida<strong>de</strong> e publicitários. Desprezam<br />

as i<strong>de</strong>ias chamando-as <strong>de</strong> commodities e,<br />

por fim, acabam criando negócios, inovações<br />

e startups que se parecem com... agências. E<br />

até mesmo na origem da indústria da comunicação<br />

existe um mal-estar com marcas centenárias<br />

<strong>de</strong> comunicação. É um movimento<br />

que vimos no último ano. Gran<strong>de</strong>s holdings<br />

juntam várias empresas em apenas uma. E assim<br />

as marcas importantes da indústria vão se<br />

juntando e <strong>de</strong>saparecendo numa fileira interminável<br />

<strong>de</strong> nomes e vão per<strong>de</strong>ndo seu inestimável<br />

valor. Fora o <strong>de</strong>sespero das telefonistas<br />

que precisam <strong>de</strong>corar e repetir um nome diferente<br />

a cada dois meses, po<strong>de</strong> ficar no ar uma<br />

<strong>de</strong>sconfiança: como empresas <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

conseguem convencer os anunciantes a criar<br />

marcas, se no ramo <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong><br />

a marca não tem tanta importância assim<br />

a ponto <strong>de</strong> abrirem mão <strong>de</strong>las? A pergunta<br />

é retórica, por favor, não me enviem respostas.<br />

Mas estamos falando <strong>de</strong> 20<strong>21</strong>. E precisamos<br />

tratar da reconstrução <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> nossas<br />

vidas. Ânimo!<br />

E daí que vamos precisar <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong><br />

ciência. Que estão intimamente ligados.<br />

As i<strong>de</strong>ias científicas como as vacinas, por<br />

exemplo, são construídas com muito amor,<br />

pois haja amor para tentar mil formas <strong>de</strong> fazer<br />

até <strong>de</strong>scobrir a melhor para resolver um<br />

problema. E só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tentar e pensar no<br />

laboratório, lançar para as pessoas. Comunicação<br />

e vacina se parecem. A comunicação<br />

requer amor, energia, <strong>de</strong>dicação. Trabalho<br />

em equipe. Ciência. Insights.<br />

Respeito. Tempo, suor. Por isso<br />

precisa ser muito bem remunerada.<br />

E é com amor, por exemplo,<br />

que dois jovens universitários do<br />

Paraná criaram o Sleeping Giants<br />

Brasil, que tira um dinheiro importante<br />

dos sites que mentem e<br />

confun<strong>de</strong>m as pessoas e acabam<br />

por transformar pessoas relativamente<br />

boas em trogloditas da<br />

caverna <strong>de</strong> platão. Acorrentados<br />

com medo das sombras. Esses<br />

garotos estão tentando colocar a<br />

comunicação nos eixos: mentira<br />

é mentira. Fatos são fatos. Aliás, o nome fake<br />

news é muito sexy para a coisa feia que é. Vamos<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> usá-lo.<br />

Se esses jovens fazem isso apenas com coragem<br />

e um perfil no Twitter, imagine o que<br />

o Zuckerberg e as plataformas po<strong>de</strong>riam fazer<br />

para restabelecer a verda<strong>de</strong> e um mundo<br />

melhor. A gente sabe que o ódio é o campeão<br />

<strong>de</strong> audiência das re<strong>de</strong>s hoje e gera um lucro<br />

danado para algumas empresas da Califórnia,<br />

mas já está na hora <strong>de</strong> a gente resolver isso<br />

também. Follow the money. Desejo a você<br />

que esse momento que estamos vivendo seja<br />

apenas o vale narrativo que precisa existir<br />

para que o pico da história aconteça no próximo<br />

ano. Um ano on<strong>de</strong> o amor, a inteligência<br />

e a vacina tenham o protagonismo em nossas<br />

vidas. E que nos <strong>de</strong>ixem comer o peru Sadia<br />

em paz enquanto aguardamos um 20<strong>21</strong> melhor<br />

para todos.<br />

Flavio Waiteman é sócio e CCO da Tech and Soul<br />

elaviowaiteman@me.com<br />

42 <strong>21</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> <strong>2020</strong> - jornal propmark

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