UnicaPhoto - Ed.18
Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
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“Com o surgimento
da pandemia,
a aceleração
dos processos
automatizados,
as redes sociais
e o metaverso, a
fotografia pré-
-industrialização,
de certa forma,
funciona como
uma resistência.”
A técnica remete ao fazer, a
tecnologia remete a automação.
Na fotografia experimental
praticada pelos Pictorialistas no
século XIX, geralmente tudo é
muito lento e imprevisível, há
um ritual no fazer da fotografia,
difícil de se repetir, ou seja,
tudo que a fotografia comercial
do século XXI não permite que
os fotógrafos sejam. No mundo
da fotografia experimental do
séc XIX a automação não tem
espaço, há uma maior participação
do artista, como num ritual, os
processos não são automáticos.
Na fotografia Pictorialista não
há a preocupação em fazer fotos
realistas, ou acelerar a produção
automatizando processos.
“O neopictorialismo surge
como um pictorialismo
contemporâneo, propagando
parte das características
de seu homólogo do século
XIX, como valor ao estatuto
de arte, subjetividade do
fotógrafo, a utilização de
processos manuais e artesanais
como a reapropriação de
técnicas fotográficas antigas”.
(Capeletti, p 285, 2015).
Com esse ensaio, gostaria de
refletir sobre a automatização
dos processos fotográficos e
como a reprodutibilidade da
fotografia pode interferir sobre
sua autenticidade. (obs: todas
as fotografias neste documento
possuem uma versão anexa em
alta resolução em 150dpi)
Walter Benjamin (1892), em seu
livro A Obra de Arte na Era de
Sua Reprodutibilidade Técnica
(1936), fala da automação da
arte reproduzida a nível industrial
por não artistas, e reflete sobre
como a reprodução em massa gera
uma arte mais acessível, porém
sua autenticidade não poderia ser
copiada.. “A totalidade do campo
da autenticidade mantém-se alheia
Cianotipia. Papel
Canson A5, 300g.
(14,8 x 21,0 cm)
à reprodutibilidade" (BENJAMIN,
1936, p24.). Com a modernização
da fotografia e automação dos
processos, a capacidade de
reprodutibilidade cresce. São com
as fotografias feitas anteriormente
a essa produção em massa que
minhas fotografias dialogam.
Os Pictorialistas negavam a
industrialização da fotografia no
século XIX, procuravam agregar
à fotografia qualidades que eram
dadas às artes convencionais,
numa tentativa de trazer para o
trabalho qualidades atribuídas
apenas a modos artísticos mais
convencionais.
As reproduções de obras podem
copiar com perfeição todas as
suas características, menos a sua
autenticidade. Com o surgimento
da pandemia, a aceleração dos
processos automatizados, as
redes sociais e o metaverso, a
fotografia pré-industrialização
de certa forma funciona como
uma resistência ou uma reflexão,
a toda automação e reprodução
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