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UnicaPhoto - Ed.18

Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco

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Fotos: Matheus Jose Maria

macaco, iguaria apreciada por

toda a tribo. Os índios Korubo

estão armados para enfrentar os

invasores, com bordunas, lanças

e zarabatanas, o corpo coberto

de barro, do qual origina o nome

na língua Pano (a mesma dos

vizinhos Morubo, Matsés e Matis).

Algumas fotos são posadas,

feitas num estúdio móvel forrado

de lona, que o fotógrafo deixava

montado à espera da presença

espontânea de seus personagens.

Sebastião Salgado registram os

hábitos e costumes de povos da

Amazônia, com foco especial nos

Korubo, Marubo, Yanomami,

Yanawá, Suruwhá, Zo’é, Awa-

Guajá, Macuxi e Asháninka. Se

em 1500 eram cerca de cinco

milhões indivíduos, hoje não

passam de 370 mil, divididos

em 188 grupos indígenas –

114 identificados, mas nunca

contatados.

São cerca de 200 fotos

selecionadas, resultante de sete

anos de expedições – por terra,

água e ar - e experiências com

os povos da floresta. A paisagem

humana divide a atenção e se

confunde com a paisagem natural

amazônica, revelam como nós

somos ínfimos diante do esplendor

de uma sumaúma secular, de copa

invisível.

A plasticidade que Sebastião

Salgado imprime em suas

imagens é comovente. A

primeira imagem, logo à entrada,

causa impacto, remete a uma

pintura gestual abstrata, com o

serpenteio das curvas do rio. A

geografia das águas cria imagens

de balé, os sobrevoos revelam

composições cheias de harmonia

da copa das árvores, das lagoas,

cachoeiras e relevos. A chuva

torrencial nos leva ao coração

das trevas. É inevitável a fotocartão-postal

do Monte Roraima.

Se em alguns momentos, poucos,

Sebastião Salgado registra o

detalhe, em outros, quando

fotografa a chuva, por exemplo,

cria imagens impressionistas, de

um pontilhismo belo. Entre os

momentos mais impressionantes

estão “rios aéreos”, “mais

volumosos que o rio Amazonas”,

formados pelo sistema de

umidade das árvores de uma

floresta encoberta de nuvens, que

filtram os raios do sol com poesia.

A Amazônia clama por socorro

urgente. Sebastião Salgado

sabe disso. Você sabe disso. Ou

já ouviu alguém falar. Mas o

“Brasil não conhece o Brasil”,

diz a canção de Aldir Blanc

e Maurício Tapajós. Para a

maioria da população a maior

floresta tropical do mundo é tão

impenetrável quanto misteriosa

e exótica. O que não impede

que a cada ano seja mais e mais

destruída, degradada pelas suas

bordas pela ação devastadora

e irracional de gananciosos

grileiros e garimpeiros que a

devastam para expropriar suas

riquezas, através da violência

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