UnicaPhoto - Ed.18
Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
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Mirar el río hecho de tiempo y agua
Y recordar que el tiempo es otro río,
Saber que nos perdemos como el río
Y que los rostros pasan como el agua.
Yo temo ahora que el espejo encierre
el verdadero rostro de mi alma,
lastimada de sombras y de culpas,
el que Dios ve y acaso ven los hombres.
Jorge Luis Borges (Obra poética: 1923/1985.
[p.161 e 151] Buenos Aires: Emecé Editores, 1989).
O narcisismo envolve o olhar de alguém sobre si mesmo. Além
disso, procura interação com outro olhar, de um ponto de vista,
de onde esse alguém se “vê” sendo admirado, também.
Admirar(-se), mirar(-se) à distância, termina por inaugurar
geografia mais complexa, de um espelho com mais faces
que aquele representado na pintura, por Caravaggio, por
exemplo. Não se trata do reflexo somente, contudo da
multiplicidade fractual, em território mais obscuro e estranho.
Essa estranheza, esse terceiro olhar a partir dessa margem
e desse mar, para qual serve a fotografia na construção e
desconstrução da imagem, está bem posta nas fotos de Renata
Victor neste pequeno grande ensaio especial para Unicaphoto.
Estes narcisos de Renata, estes sfumattos em longa exposição,
trazem a ideia da transcendência e imanência, do transitório
nas representações. Mais ainda: é sobre algum tipo de diluição
do Si-mesmo, desses retratos que se formam e se reformam e
se deformam do Outro, somente uma transformada do Eu.
É para onde apontam também o caminho e a diagnose
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