UnicaPhoto - Ed.18
Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco
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e cópias fotográficas) para o
digital. Além da oportunidade
fantástica, no Recife, de estagiar
no laboratório da ACÊ Filmes do
saudoso mestre Alcir Lacerda.
Foi lá que compreendi o processo
físico-químico de uma revelação
de filme e da cópia em papel
fotográfico. Tudo em P&B.
A ACÊ era um laboratório
especializado nessa técnica.
Entendi de como a temperatura
dos químicos de revelação
e a dosagem influenciam na
pigmentação, nos grãos de uma
imagem revelada, os famosos e
atuais pixels, e de como puxar
uma revelação (aumentar o tempo
que a película fica imersa na
solução) de um filme para ganhar
mais luz.
O curso de Comunicação Social,
na Unicap, me apresentou o
caminho para o jornalismo visual,
chegando ao Jornal do Commercio
num misto de deslumbramento,
euforia e responsabilidade,
diante dos profissionais da
“velha guarda” que dominavam a
respeitada Editoria de Fotografia.
Impossível citar tantos nomes
que contribuíram com a minha
formação, mas de certo Luiz
Luna foi um deles. Com sua
bolsa de couro “legitimo”, calças
de linho impecável e sapatos de
dançarino, inspirou lendas e, por
dessas coincidências da vida,
minha primeira foto emplacada na
primeira página do JC saiu com o
crédito de, acreditem, Luiz Luna.
Outra grande experiência
profissional foi no mais antigo
jornal em circulação na América
Latina, o nosso Diario de
Pernambuco, ainda na Praça
da Independência e depois no
moderno prédio no bairro de
Santo Amaro. Cheguei pelas
mãos do saudoso amigo José
Maria Garcia, então secretário
gráfico do DP, numa empresa
cujo sistema de trabalho era
totalmente diferente do que eu
conhecia: dois corpos de câmera,
um com filme p&b e outro colorido
positivo (slides). Imagine decidir,
em fração de segundos, se aquela
imagem poderia ir para a capa do
jornal, exigindo o clique na hora
exata, com a máquina certa.
Com a evolução natural dos
processos, logo o jornal comprou
equipamentos que agilizavam a
revelação, ganhando tempo, mas
ainda com custos altos, numa
época em que as editorias eram
pressionadas pelo financeiro. A
solução veio quando já estava à
frente da Editoria de Fotografia,
apresentando um ousado
projeto à direção do DP: a total
informatização do setor, com
a aquisição de equipamentos
digitais, mudanças dos fluxos
internos, garantindo economia
e, posteriormente, até lucro
com parcerias junto às agências
nacionais e internacionais,
interessadas na agilidade da
disponibilização das nossas
imagens. Esse ponto, por
sinal, deixava ainda um saldo
para o fotógrafo, que levava
sua comissão pela compra da
imagem.
Mas tudo isso são memórias,
registro de tempos que se foram
e que deixaram aprendizados
para as novas gerações.
A verdade é que, nesse instante,
o fotojornalismo vive um novo
momento, de transformação e
adaptação, decerto para evoluir.
Sabemos que não basta um
bom equipamento para ser um
bom fotojornalista. São muitos
os componentes incluídos
na formação do profissional.
Ter abnegação pelo exercício
incansável do seu trabalho,
ser consciente que o momento
perdido de um flagrante nunca
mais irá se repetir e não se
lamentar por isso, ir atrás de
outros. Por último ter sempre
em mente a responsabilidade e
percepção de que ao apertar o
botão de disparo de sua máquina
fotográfica o fotógrafo está
escrevendo a história do mundo
com a luz.
Nos resta torcer para que, nesse
novo tempo, seja dissipada
qualquer nuvem de pessimismo
em torno da nossa profissão. É
preciso acreditar ser possível
seguir expressando nossa arte
e que o fotojornalismo voltará a
ser respeitado e valorizados por
contar a história do mundo sem
utilizar uma única palavra.
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