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UnicaPhoto - Ed.18

Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco

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o está morto?

Há tempos,

os apocalípticos

(me aproprio aqui

de um conceito

dos anos 1960

do Umberto Eco)

andam pelas

redes sociais

vociferando que

o fotojornalismo

morreu.

A Rainha do mar,

no Cais Estelita,

no Recife, 2010,

sob o olhar

de Hélio Campos Mello.

Antes, na página 3,

Tancredo Neves de maca

desce em Congonhas. 1985.

De onde saiu esta afirmação é

difícil dizer. Mas, ainda voltando ao

semiólogo italiano, as redes sociais

deram voz aos imbecis. Mas o pior,

não é quem fala, mas quem escuta.

Nos últimos anos vimos redações

demitirem em massa os repórteres

fotográficos, entregarem telefones

inteligentes para os repórteres

de texto que, se escrevem muito

bem, nem sempre conseguem se

comunicar por meio da imagem.

Em épocas onde as fake news

proliferam, onde no meio de

tantas imagens não conseguimos

distinguir o que é a reprodução

de um videogame de uma foto

verdadeira, onde por causa do

Covid nos fechamos e isolamos

em nossas casas os fotojornalistas

foram os profissionais que nas

ruas conseguiram nos transmitir a

sensação da pandemia. Se o vírus

é invisível suas consequências

não. O mesmo se dá nas grandes

tragédias, nas guerras. Como

afirma a professora de jornalismo

Susie Linfield, “as fotografias não

estão lá para dizerem olha o que

acontece, mas para nos alertarem

de que isso não pode acontecer”.

Neste momento em que este

texto está sendo escrito, estamos

assistindo a invasão da Rússia na

Ucrânia. E mais uma vez, são os

profissionais de imagem que vão

nos ajudar a entender esta história.

Para falarmos sobre a importância

da imagem feita por profissionais

do jornalismo entrevistamos o

fotógrafo e editor Hélio Campos

Mello, que iniciou sua carreira nos

anos 1970, foi fotógrafo, editor

de fotografia e diretor de redação

da revista IstoÉ. Também foi o

responsável por modernizar a

agência do jornal Estado de S.

Paulo, criou a revista Brasileiros.

Cobriu guerras, fotografou pessoas

importantes do nosso meio político

e cultural. Acompanhou tragédias,

a ditadura militar e o retorno

da democracia. Hoje se dedica

a registrar livremente o cenário

artístico e a seus ensaios pessoais,

sem nunca perdera plasticidade,

a composição e a narrativa do

fotojornalismo.

Se tem algo que a pandemia nos

ensinou foi a importância do

fotojornalismo. De alguém que

pudesse nos contar o que acontecia

na rua, enquanto estávamos

fechados em casa. Hoje assistimos

pela imprensa nas redes, nas

televisões, nos jornais a guerra no

Leste Europeu Por que as pessoas

continuam com o mantra de que o

fotojornalismo morreu?

O jornalismo não morreu.

Enquanto escrevo este texto vejo

material publicado nas redes por

Yan Boechat, repórter, radialista,

cinegrafista e um tremendo

fotojornalista que já está no

leste da Ucrânia. Lá no olho do

furacão. No Sesc Pompéia, em São

Paulo, uma grande exposição de

Sebastião Salgado, mais de 500

fotos com trilha sonora composta

especialmente por Jean Michel

Jarre, chama a nossa atenção para

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