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UnicaPhoto - Ed.18

Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco

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aceleração e pela fugacidade, o que

é demonstrado pela rapidez com

que tudo aparece

e desaparece, refletindo uma era

da multiplicação da imagem de

massa que na contemporaneidade

assume uma dimensão

exponencial. Dessa forma, a

experiência é simplesmente

esvaziada, significando que

as novas formas de perceber

promovidas pelas tecnologias são,

em síntese, extensões dos sentidos,

pois interferem no próprio homem

e no cenário em que está destinado

a viver provocando novas formas

de subjetivação.

No que diz respeito à implicação

do tema das imagens às novas

tecnologias, são inúmeros

os recortes produzidos. Na

perspectiva de Giddens (2002),

uma das mais distintas marcas

da nossa época é que as coisas

não valem pelo que são, mas em

função da medida estabelecida

pelas fontes midiáticas. Se o que

garante a existência das coisas

é o fato de serem visualizadas

e veiculadas pelos meios de

comunicação de massa, que lhes

conferem um lugar no regime de

visualidade atual, compreendemos

que o que não aparece tende a

uma não-existência, enquanto o

que aparece tende a desaparecer

rapidamente em meio à inundação

pictórica.

A profusão de imagens, através

das mídias cuja velocidade vai do

encontro à ausência em detrimento

da pura presença constante,

mostra que não há mais nada a

mostrar e que

o ambiente está contaminado

pela intoxicação midiática. A

crescente pletora à qual estamos

submetidos elimina ausência,

distância, separação. (Baudrillard,

2011). A confusão, no sentido

da fusão com o outro ou com o

mesmo, reina e produz efeitos na

subjetividade. As selfies, como

nova forma do autorretrato,

evidenciam um jogo de imagens

entre o público e o privado, entre

o tempo do acontecimento real e

o tempo do acontecimento virtual,

uma confusão entre a existência

e seu duplo. Vemos uma colisão

dos polos, o desaparecimento da

distância e a aceleração do ritmo

que vai de encontro à concepção de

uma subjetividade como processo

das gerações e em acordo com

rituais transgeracionais, que

particularizam a subjetividade

articulada à dimensão simbólica.

Assim, nas redes sociais, as ruas,

as paisagens, as vidas humanas,

a magia do retrato se diluem,

fotos não são mais guardadas em

um álbum, registros apenas das

importantes ocasiões e privilégio

dos ricos.

Não se trata apenas do

desaparecimento das imagens,

mesmo porque o que desaparece

já apareceu em algum momento

para alguém, posto que a presença

e a ausência são inseparáveis, toda

ausência só se constitui no fundo

de uma presença.

Trata-se da velocidade, cada

vez mais acelerada, com que as

imagens veiculadas pelos meios de

comunicação de massa aparecem e

desaparecem. Pois essa aceleração

leva a uma massificação refratária

às particularidades do desejo.

REFERÊNCIAS

BAUDRILLARD, J. (2011). Tela total: mitoironias

do virtual e da imagem. Porto Alegre:

Sulina.

BENJAMIN, W. (1935-6/1987). “A obra de

arte na era da sua reprodutibilidade técnica.”

In Walter Benjamin. Obras escolhidas, vol. I,

Magia e técnica, arte e política. São Paulo:

editora brasiliense, pp. 165-196.

BOEHM, G. (2017). “Aquilo que se mostra:

sobre a diferença icônica”. In: ALLOA,

Emmanuel. Pensar a imagem (p.23-38). Belo

Horizonte: Autêntica Editora.

DIDI-HUBERMAN, G. (2013a) A imagem

sobrevivente: história da arte e tempo dos

fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de

Janeiro: Contraponto.

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