Foto: Hélio Campos Mello
editorialeles, elas, demuitos nomesO fotojornalismo tem muitos sobrenomes: Boechat,Lima, Campos, Adams, Parks, Verger, Manzon, Weege,de Souza, Lacerda, Mandel, Teixeira, Maia, Salgado,Portela, Brito... todos e todas uma só família. Não cabemem mil antologias. A 18ª edição de sua Unicaphoto trazalguns desses. Homenagem a uma profissão que passapor momentos críticos. Claro, tudo é crítico e delicadona história recente deste país e, por isso, é mil vezesimportante falar sobre fotojornalismo no Brasil.Se é que essa “arte” não esteja já morta e sepultada.São questões abertas por Simonetta Persichetti emuma das portas de entrada desta edição, evocando obelíssimo trabalho de Hélio Campos Mello. E é aondecaminha André Antônio, quando enfileira sobrenomesdo fotojornalismo clássico e cobra, sem nostalgias, alémde familiaridades, novidades e identificações. Enquantoisso e aquilo, Julianna Torezani abre caminhos de leiturae reconhecimento às questões tecno-sociais associadasà imagem de imprensa, na resenha de Instantâneos dafotografia contemporânea, de Afonso Jr.Não acaba: João Guilherme Peixoto relaciona ofotojornalismo a verbetes como inovação, produção,distribuição, tudo isso aplicado aos efeitos do consumo.Outra visão, integralíssima, você pode ler no ensaiode José Artur Nóbrega de Pontes sobre tempos depandemia e acelerações, com novas visões como ometaverso e a fotografia pré-industrializada, por ondeapresenta novo pictorialismo em cianotipias.Metaverso, ou melhor, multinverso é o tema do ensaioda artista visual Kyrti Ford representando nossa (falhade) memória, em colagens. E quando não o piloto, maso fotógrafo sumiu, como soldado sem nome na guerra?Ainda sobre autorias, você lerá o reestabelecimentode alguns nomes da fotografia da vida urbana, dofotojornalismo de Pernambuco, com Betânia Corrêa.Tempo para um café. Para uma foto. Uma única foto. DeEvandro Teixeira. Para nos lembrar de tema urgente. Ademocracia. Na coluna sobre audiodescrição de LilianaTavares.E, ainda, duas paradas sobre o ponto da memória:1. a história íntima, pessoal, no depoimento de Otavio deSouza, fotojornalista, que vale mesmo ver/ler.E, 2. dessa vez de forma mais ampla, indexada: acontribuição do pesquisador Leonardo Wen com acriação da Base de Dados de Livros de Fotografia, açãopioneira no Brasil e vital para acesso à memória editorialdo país. Unicaphoto faz parte dessa “enciclopédiavisual”. A matéria é de Filipe Falcão.Ah, ainda sobre memória & esquecimento: ou “o olharque não mais se demora e o desaparecimento dasimagens”, como escrevem Luciene Paz e VéroniqueSonard, convidadas desta edição. É sobre estética epsicanálise, dentre outras manifestações e latênciasque emergem, conscientes, inconscientes, diante dasfotografias imano-transcendendes, de longa exposição,de Renata Victor, numa melancólica atmosfera para osdias “normais”. Entre os novos dias normais há desde asolidão de uma estação de metrô, no ensaio de RenatoMenezes, à solidão e clausura de Dhiego de Lima, cujoensaio tanto pode ser sobre o vento pela janela como opneuma, a vida. Ou a constatação, na pele, da arquitetaAmanda Câmara, quando decidiu se mudar para apraia e viu, ou não viu, a cidadezinha à beira-mar sersoterrada pela especulação imobiliária. Para compensaressas e outras invasões, pedimos o jornalista MarceloPereira para nos mostrar seu olhar sobre “Amazônia”,de Sebastião Salgado, em cartaz em São Paulo.Imperdível, como se diz.Você pode ler sobre assuntos utilíssimos à longevidade(e memória) da foto, com Gustavo Bettini. Acompanharo que aconteceu no nosso campus. Destaque para osvencedores e vencedoras dos prêmios ConsciênciaNegra e SOS Oceanos, de Fotografia.Ao final desta edição soubemos da morte docompanheiro de profissão Orlando Brito, aos 72 amos.Nosso adeus silencioso, e por isso mais expressivo, vaipara Orlando, na capa e contracapa desta edição.