artigo/entrevistaO fotojornalismpor Simonetta Persichetti8
o está morto?Há tempos,os apocalípticos(me aproprio aquide um conceitodos anos 1960do Umberto Eco)andam pelasredes sociaisvociferando queo fotojornalismomorreu.A Rainha do mar,no Cais Estelita,no Recife, 2010,sob o olharde Hélio Campos Mello.Antes, na página 3,Tancredo Neves de macadesce em Congonhas. 1985.De onde saiu esta afirmação édifícil dizer. Mas, ainda voltando aosemiólogo italiano, as redes sociaisderam voz aos imbecis. Mas o pior,não é quem fala, mas quem escuta.Nos últimos anos vimos redaçõesdemitirem em massa os repórteresfotográficos, entregarem telefonesinteligentes para os repórteresde texto que, se escrevem muitobem, nem sempre conseguem secomunicar por meio da imagem.Em épocas onde as fake newsproliferam, onde no meio detantas imagens não conseguimosdistinguir o que é a reproduçãode um videogame de uma fotoverdadeira, onde por causa doCovid nos fechamos e isolamosem nossas casas os fotojornalistasforam os profissionais que nasruas conseguiram nos transmitir asensação da pandemia. Se o vírusé invisível suas consequênciasnão. O mesmo se dá nas grandestragédias, nas guerras. Comoafirma a professora de jornalismoSusie Linfield, “as fotografias nãoestão lá para dizerem olha o queacontece, mas para nos alertaremde que isso não pode acontecer”.Neste momento em que estetexto está sendo escrito, estamosassistindo a invasão da Rússia naUcrânia. E mais uma vez, são osprofissionais de imagem que vãonos ajudar a entender esta história.Para falarmos sobre a importânciada imagem feita por profissionaisdo jornalismo entrevistamos ofotógrafo e editor Hélio CamposMello, que iniciou sua carreira nosanos 1970, foi fotógrafo, editorde fotografia e diretor de redaçãoda revista IstoÉ. Também foi oresponsável por modernizar aagência do jornal Estado de S.Paulo, criou a revista Brasileiros.Cobriu guerras, fotografou pessoasimportantes do nosso meio políticoe cultural. Acompanhou tragédias,a ditadura militar e o retornoda democracia. Hoje se dedicaa registrar livremente o cenárioartístico e a seus ensaios pessoais,sem nunca perdera plasticidade,a composição e a narrativa dofotojornalismo.Se tem algo que a pandemia nosensinou foi a importância dofotojornalismo. De alguém quepudesse nos contar o que aconteciana rua, enquanto estávamosfechados em casa. Hoje assistimospela imprensa nas redes, nastelevisões, nos jornais a guerra noLeste Europeu Por que as pessoascontinuam com o mantra de que ofotojornalismo morreu?O jornalismo não morreu.Enquanto escrevo este texto vejomaterial publicado nas redes porYan Boechat, repórter, radialista,cinegrafista e um tremendofotojornalista que já está noleste da Ucrânia. Lá no olho dofuracão. No Sesc Pompéia, em SãoPaulo, uma grande exposição deSebastião Salgado, mais de 500fotos com trilha sonora compostaespecialmente por Jean MichelJarre, chama a nossa atenção para9