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UnicaPhoto - Ed.18

Revista do Curso de Fotografia da Universidade Católica de Pernambuco

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“O olhar que

não mais se

demora e o

desaparecimento

das imagens”.

Neste pequeno

grande ensaio

sobre a realidade

plástica e

psíquica Luciene

Paz e Véronique

Donard

comentam sobre

as idas e vindas

das questões

da imagem no

campo filosófico.

Na mesma

direção, este

pequeno

grande ensaio

fotográfico de

Renata Victor

materializa as

subjetividades

deste velho novo

mundo.

O olhar que não mais se demora e

o desaparecimento das imagens.

A vertiginosa proliferação

das imagens ocupa todos os

espaços, elas se sobrepõem

umas às outras, se misturam e,

face a elas, desaparece o olhar

atento. A velocidade com a que

passam traz à mente o trânsito

infernal das grandes cidades, em

que luzes ofuscantes desviam

incessantemente a atenção do

motorista. São pensamentos

sem palavras, emoções já feitas,

objetos, prontos para serem

consumidos, letreiros e painéis

eletrônicos intrusivos que piscam

exaurindo o que temos de mais

valoroso: a atenção. Pedem apenas

identificação, não dando qualquer

espaço-tempo para o olhar

demorado, um olhar

contemplativo que engaje

subjetivamente o desejo.

A imagem é o começo.

A imagem é o ponto de partida

da subjetividade. O Eu é uma

imagem que se constitui a partir

do encontro com o semelhante,

em estado de espelho. O sujeito,

durante toda a sua vida, é

capturado por imagens, às quais

ele se identifica sucessivamente.

É sobre este aspecto da relação

do sujeito com as imagens, das

transformações dos seus retratos e

fotografias e do uso destas imagens

como fontes de pesquisa que nos

debruçamos, com o objetivo de

tecermos algumas considerações

sobre o olhar que não mais se

demora e o desaparecimento das

imagens.

A questão da imagem é filosófica.

Ela aparece e desaparece na

filosofia. Como objeto durante

muito tempo excluído, mais do que

nunca, reaparece na atualidade e

ganha visibilidade tal que a coloca

à prova da crítica, na qual pensar

a imagem se torna imprescindível.

(Boehm, 2017).

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