A imagem sustentável do Brasil na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 (Lucas Rodrigues Félix)

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Diante das crises que 2016 já acumulava para os brasileiros até a realização da
cerimônia, o jornal O Povo lembrou que o sucesso do evento representou uma
recuperação da estima nacional, transformando-se em “antídoto para o habitual complexo
de vira-latas do país” 311 . Não por acaso, o valor mais representado entre os selecionados
por esta monografia foi o da brasilidade. Quase 87% dos segmentos trouxeram elementos
da identidade nacional em destaque. A representação do espírito do Brasil só não esteve
retratada em conjunto nos blocos que falaram de maneira mais universal sobre a
sustentabilidade e na entrega da Láurea Olímpica.
Segundo valor mais presente, a diversidade esteve em 74% dos segmentos. A
opção desta monografia foi por permitir que todas as ideias contidas em cada bloco entre
as quatro previamente selecionadas fossem contempladas nos cálculos, dado o
compartilhamento dos conceitos registrado em 91% das frações da cerimônia. Apenas
“depois da festa” e “uma ideia simples que ajuda muito” foram apontados como pautados
exclusivamente pela sustentabilidade.
Os valores sustentáveis, aliás, estiveram em mais da metade da cerimônia (52%).
Em um terço dos casos, agregados ao olimpismo (presente em 48% do total do
espetáculo), em momentos como o acendimento da pira olímpica projetada de maneira
ecológica. A sustentabilidade também compartilhou espaços com a brasilidade e a
diversidade, o que foi visto na parada dos atletas e nos momentos em que foi narrada a
formação da população do país. Brondani (2020), também utilizando a análise de
conteúdo, já havia observado a priorização do universo ambiental em relação aos assuntos
econômicos na cerimônia. Ou seja, constata-se em diferentes recortes que o meio
ambiente foi mesmo uma prioridade do comitê organizador da Rio 2016, ao menos na
composição da cerimônia inaugural da 31ª Olimpíada da Era Moderna.
Nos dezessete dias de Jogos Olímpicos, outras boas lembranças foram se unindo
ao imaginário coletivo nacional após a cerimônia de abertura. A delegação brasileira fez
311
O termo foi cunhado pelo jornalista Nelson Rodrigues ao falar sobre a “inferioridade em que o brasileiro
se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/cdrom/rodrigues03/rodrigues3.pdf. Acesso em: 12 jun. 2023.