z o o n o s e sMORATO, F.; IKUTA, C. Y.; ITO, F. H. Raiva: uma doença antiga, mas ainda atual. Parte 1. / Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP/ Journal of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP. São Paulo: Conselho Regional de Medicina Veterinária, v. 9, n. 3 (2011), p. 20–29, 2011.Raiva: uma doençaantiga, mas ainda atualParte1Rabies: an antique disease,but still currentResumoO objetivo principal deste manuscrito é fornecer informações técnicase científicas sobre a raiva aos estudantes de medicina veterinária,veterinários e outros profissionais relacionados à saúde. Emboraconhecida desde a antiguidade, atualmente ela é definida comouma zoonose negligenciada e permanece endêmica, especialmenteem países em desenvolvimento, por causa de limitações financeirase problemas de infraestrutura. Os morcegos hematófagos foramrelatados como novos reservatórios da raiva na América Latina eno Caribe no início do século XX, causando prejuízos econômicosna pecuária e mortes humanas, no entanto o mundo ainda estásurpreso por causa dos lissavírus em morcegos não hematófagos naÁfrica, Oceania e Eurásia. Os vírus da raiva e os vírus relacionadosà raiva, coletivamente denominados de lissavírus, podem ser distinguidospela caracterização molecular em vários genótipos distintos,no entanto somente os vírus do genótipo 1 são costumeiramentereferidos como vírus da raiva, enquanto todos os outros são chamadosde lissavírus. Na taxonomia viral, o uso de técnicas molecularesdisponíveis na atualidade possibilitou a inclusão de novas espéciesmembrosno gênero Lyssavirus e revelou a existência de variantesdistintas dos vírus da raiva distribuídas entre diferentes espéciesanimais em diferentes regiões do mundo. A colonização europeiada África, Ásia e do Novo Mundo teve papel importante na disseminaçãoda “linhagem cosmopolita” do vírus da raiva através de cãesque viajavam com os conquistadores e colonizadores. O vírus, umavez estabelecido nas populações de cães, subsequentemente podeter sido transmitido para novas espécies de reservatórios silvestres eevoluiu para distintas linhagens devido às mutações acumuladas aolongo dos séculos. Os hospedeiros reservatórios da raiva no mundovariam conforme as localizações geográficas.SummaryThe main objective of this manuscript is to provide studentsof veterinary medicine, veterinarians and other health-relatedprofessionals with scientific and technical information on rabies.Although the disease is known since antiquity, it is nowdefined as a neglected zoonosis and it remains endemic especiallyin developing countries, because of financial limitationsand problems of infrastructure. The vampire bats werereported as new reservoirs of rabies in Latin America and Caribbeanislands in the early 20th century provoking economiclosses in livestock and human deaths, but still the world isastonished because of the lyssaviruses in non hematophagousbats in Africa, Oceania, and Eurasia. Rabies and the rabiesrelatedviruses, collectively known as lyssaviruses, can be distinguishedby molecular characterization into several distinctgenotypes but only the genotype 1 viruses are customarilyknown as rabies viruses, whereas all others are referred toas lyssaviruses. In virus taxonomy, the use of the moleculartechniques now available has augmented the species membersof the genus Lyssavirus and revealed the existence of distinctvariants of rabies viruses distributed among different animalspecies in different regions of the world. The European colonizationof Africa, Asia and the New World played a significantrole in the dispersion of the “cosmopolitan lineage” of the rabiesvirus through infected dogs traveling with the conquerorsand colonizers. Rabies virus, once established in the dog populations,may then have been transmitted into new wildlife hostreservoirs and evolved into distinct strains due to accumulatedmutations through centuries. The reservoir hosts of rabies inthe world differ according to the geographic locations.20 mv&z c r m v s p . g o v . b r
Flávia MoratoCássia Yumi IkutaFumio Honma ItoDepartamento de Medicina VeterináriaPreventiva e Saúde Animal, Faculdade deMedicina Veterinária e Zootecnia daUniversidade de São Paulo – FMVZ/USPAv. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87Cidade Universitária, São Paulo-SPCEP: 05508-270e-mail: flamora@hotmail.comPalavras-chaveRaiva, Distribuição, Vírus da raiva, Taxonomia,Reservatórios.KeywordsRabies, Distribution, Rabies virus, Taxonomy,Reservatories.Araiva é uma antropozoonose causada por um vírusdo gênero Lyssavirus, caracterizada em animaise no ser humano por uma encefalite aguda fatal(ACHA; SZYFRES, 2003), ou “quase sempre fatal”(NILSSON, 1970; BELL et al., 1971) nos animais e“quase invariavelmente fatal” no ser humano (MACHADO, 1996).O termo Hidrofobia é utilizado para designar a doença no ser humano(WILKINSON, 2002). No cão, popularmente é denominadade doença de “cachorro louco” e, em bovinos, como “raiva paralítica”ou “doença paresiante” ou ainda “mal das cadeiras”, especialmente naAmérica Latina (BAER, 1991).A doença foi também denominada de “reemergente” ou “emergente”(WHO, 1995) ou como “doença zoonótica negligenciada”(WHO, 2010). O Centers for Disease Control – CDC (2010), de Atlanta,Georgia, EUA, define a raiva como uma doença prevenível com usode vacinas. Em princípio, essa é uma doença mantida e perpetuada nanatureza, principalmente pelos animais mamíferos carnívoros e pelosmorcegos de diferentes hábitos alimentares, conhecidos como “reservatórios”,“vetores” ou ainda “hospedeiros amplificadores” (VAN DERMERWE, 1982; FIELD et al., 2001).HistóricoA raiva é temida desde a antiguidade em razão da sua naturezaviolenta, tanto em animais como no ser humano. O primeiro registroescrito aparece no Código de Eshnunna (cidade da antiga Mesopotâmia,perto de Bagdá, atual Iraque) de 1930 a.C: o proprietário deum cão que provocasse a morte de uma pessoa por raiva era multadopesadamente pelos legisladores (BLANCOU, 2004). O temor causadopela raiva transmitida por cães, lobos e chacais era geral tanto nas populaçõesurbanas como nas rurais. No entanto o número de vítimashumanas, quando comparado com outras doenças infecciosas, jamaismereceu a atenção dos demógrafos. Nos registros antigos, aparecemdescrições de doenças no homem e nos animais que se assemelhamàs da raiva. Aparentemente, os sinais da raiva não sofreram alteraçõesc r m v s p . g o v . b rmv&z21
- Page 1 and 2: mv&zCONSELHO REGIONAL DE MEDICINA V
- Page 3 and 4: E X L I B R I SC R M V - S Pc r m v
- Page 5 and 6: E D I T O R I A LColega,Fale conosc
- Page 9 and 10: g r a n d e s a n i m a i sMaterial
- Page 11 and 12: g r a n d e s a n i m a i sOs resul
- Page 13 and 14: g r a n d e s a n i m a i snostico
- Page 15 and 16: Pedro Vieira Borges Salgueiro 1 sal
- Page 17 and 18: h i g i e n e a l i m e n t a rquan
- Page 19: h i g i e n e a l i m e n t a rfaci
- Page 23 and 24: z o o n o s e santigo datado de 182
- Page 25 and 26: z o o n o s e sNa Austrália, o ví
- Page 27 and 28: z o o n o s e sos genótipos 2 e 3.
- Page 29 and 30: z o o n o s e s45. PATHINFO (Pathog
- Page 31: I I e n d e s aII ENDESAc r m v s p
- Page 36 and 37: I I e n d e s aque as proteínas pu
- Page 38 and 39: I I e n d e s aA Vaccinia bovina (V
- Page 40 and 41: I I e n d e s aaftosa. Os pecuarist
- Page 42 and 43: I I e n d e s aaté a sétima passa
- Page 44 and 45: I I e n d e s a1Instituto “Evandr
- Page 46 and 47: I I e n d e s aequinos sensibilizad
- Page 48 and 49: I I e n d e s aA mastite é um entr
- Page 50 and 51: I I e n d e s anos animais vacinado
- Page 52 and 53: I I e n d e s acom menos de 30 fêm
- Page 54 and 55: I I e n d e s aCardoso, D. L. 1 ; V
- Page 56 and 57: I I e n d e s aMercury, lead, arsen
- Page 58 and 59: I I e n d e s afoi avaliar a presen
- Page 60 and 61: I I e n d e s adois pontos abaixo n
- Page 62 and 63: I I e n d e s aaquáticos. Tais est
- Page 64 and 65: I I e n d e s aE-mail: giovanacamil
- Page 66 and 67: I I e n d e s a1Empresa de Pesquisa
- Page 68 and 69: I I e n d e s aSpectrophotometric d
- Page 70 and 71:
I I e n d e s apublicações detalh
- Page 72 and 73:
I I e n d e s aa partir de modelos
- Page 74 and 75:
I I e n d e s aVigilância da sanid
- Page 76 and 77:
I I e n d e s asistema, essas respe
- Page 78 and 79:
x i i c o n f e r ê n c i a78 mv&z
- Page 80 and 81:
x i i c o n f e r ê n c i aMCCUE,
- Page 82 and 83:
x i i c o n f e r ê n c i aFigura
- Page 84 and 85:
x i i c o n f e r ê n c i aSMITH,
- Page 86 and 87:
x i i c o n f e r ê n c i aprogram
- Page 88 and 89:
x i i c o n f e r ê n c i aSMITH,
- Page 90 and 91:
x i i c o n f e r ê n c i apossive
- Page 92 and 93:
x i i c o n f e r ê n c i aapenas
- Page 94 and 95:
x i i c o n f e r ê n c i aMCCUE,
- Page 96 and 97:
x i i c o n f e r ê n c i aGrau Co
- Page 98 and 99:
x i i c o n f e r ê n c i adiscord