x i i c o n f e r ê n c i apossivelmente refletindo o declínio da atividade metabólicano tendão maduro. No tendão flexor digital adulto, amaioria dos núcleos celulares é fusiforme, o que indica umamenor atividade de síntese. Pesquisas recentes mostraramque os tenócitos, inclusive os dos tendões equinos, possuemgrande quantidade de extensões citoplasmáticas queinteragem com as células vizinhas, formando um sincíciode células intercomunicantes capazes de responder a umestímulo como um único órgão. O desenvolvimento tendíneofetal precoce parece derivar desse sincício interativo decélulas secretórias e pequenas fibrilas colágenas em organização,através de extensões citoplasmáticas especializadas(“fibropositoras”). Após o nascimento, as fibrilas colágenasaumentam de tamanho devido ao acréscimo de moléculascolágenas secretadas pelos tenócitos às pequenas fibrilas colágenasparalelas – conceito este chamado de “semeadura enutrição” (“seed and feed”) –, dando origem ao alinhamentoparalelo dos feixes de fibras colágenas, característico da estruturatendínea.O suprimento sanguíneo dos tenócitos deriva defontes intratendíneas e extratendíneas. O tendão flexordigital superficial possui um suprimento sanguíneo intratendíneoproeminente, com mínima contribuição dosvasos paratendíneos. Os tendões também são irrigadospor vasos que penetram através de seus pontos de origeme inserção. No interior de bainhas sinoviais, o suprimentosanguíneo extratendíneo é fornecido por vasos sanguíneosintermitentes, que têm acesso ao tendão através dediversas inserções em tecidos moles (mesotendão). Anutrição dos tenócitos ocorre por perfusão sanguínea edifusão de nutrientes a partir do líquido sinovial contidonas bainhas tendíneas. No equino, dado o tamanho dostendões, acredita-se que a contribuição deste segundomecanismo seja mínima. O suprimento sanguíneo dotendão flexor digital superficial equino é surpreendentementealto, assemelhando-se ao do músculo esqueléticoem repouso, segundo estudos realizados com clearanceradioativo. A resposta ao exercício é menos previsível.Enquanto alguns estudos mostram aumento mínimo dofluxo sanguíneo, outros relatam aumentos da ordem dequase três vezes em relação ao tendão em repouso, o quepode refletir o efeito do treinamento ou pré-condicionamento.O suprimento sanguíneo aumenta dramaticamenteem ambos os membros após a lesão, indicandoque esta raramente afeta um único membro, embora oquadro possa parecer unilateral do ponto de vista clínico.Patogênese da lesão por estiramento excessivoAs lesões tendíneas podem decorrer de fatores intrínsecos(estiramentos) ou extrínsecos (perfurações elacerações), além de deslocamentos. As lesões intrínsecas,ou lesões por estiramento, são mais frequentes e afetamprincipalmente os tecidos moles palmares que dão sustentaçãoà articulação metacarpofalangeana, notadamente otendão flexor digital superficial (TFDS) e o ligamento suspensório(LS), embora também afetem o ligamento acessóriodo tendão flexor digital profundo (LATFDP).As lesões por estiramento excessivo decorrem da hiperextensãorepentina da articulação metacarpofalangeana,que ultrapassa a força do tendão. Entretanto, atualmentese acredita que a forma mais comum de lesão decorra deuma fase precedente de degeneração tendínea. Uma vezque o TFDS trabalha muito perto de seu limite funcional,perdas mínimas de força podem aumentar muito o riscode tendinite clínica.Em princípio, todos os tendões possuem composiçãosemelhante ao nascimento (o conceito de tendão “semmemória”, imitando a situação da cartilagem). Entretanto,a aplicação de carga subsequente e possivelmenteos fatores de crescimento agem sobre a matriz, determinandoo crescimento e as características mecânicasfuncionais ideais. A anisotropia ocorre nas áreas sobcompressão, que desenvolvem matriz semelhante à dacartilagem, e os dois tipos de tendão divergem quantoà composição e propriedades mecânicas. A investigaçãodos efeitos da idade, da função e do exercício foi objetode diversos estudos experimentais envolvendo exercíciose análise tendínea post mortem. No tendão jovem e imaturo,a aplicação de carga parece estimular a produção dematriz, efeito que se perde em grande parte após a maturidadeesquelética. Em adultos, as propriedades mecânicasnão diferem significantemente de acordo com a idadeou o exercício, embora haja grande variância. O comprimentoe o ângulo da ondulação das fibrilas colágenas sãoreduzidos na porção central com o exercício e a idade,que agem de forma sinergística. Diferenças regionais dediâmetro das fibrilas colágenas da matriz foram observadasem equinos mais velhos exercitados por longos períodos,mas não por curtos períodos ou em equinos maisjovens. A maior proporção de fibrilas pequenas na regiãocentral do tendão dos animais exercitados por longosperíodos de tempo parece resultar da desagregaçãodas fibrilas de diâmetro maior, uma vez que não houvecorrelação com a neoformação de colágeno. Além disso,nesses animais foi observada uma perda de glicosaminoglicanase de COMP na região central do tendão, pontopreferencial de ocorrência das lesões clínicas.Com base nos resultados desses estudos, acredita-seque a região do 1/3 médio do TFDS se adapte ao exercíciodurante o desenvolvimento esquelético, perdendoessa capacidade após essa fase. Uma pesquisa recente90 mv&z c r m v s p . g o v . b r
x i i c o n f e r ê n c i ainvestigou a meia-vida de diferentes proteínas da matriztendínea e confirmou que a meia-vida do colágeno, queé a principal proteína estrutural do tendão, é de décadas,enquanto a das proteínas não colágenas é de meses. Apósa maturidade esquelética, o efeito sinergístico da idade edo exercício causa um acúmulo inevitável de microlesões(degeneração), que não podem ser adequadamente reparadase predispõem à lesão clínica. Os sinais de degeneraçãosubclínica são mínimos e as alterações importantesocorrem em nível molecular, sem desencadeamento deprocesso inflamatório ou reparativo (“inflamação molecular”).Corroborando essa hipótese, outros estudosdemonstraram a ocorrência de atividade genética naproteína da matriz na região metacarpiana de tendõesde bovinos em fase de crescimento, mas não em adultos.Além disso, vários estudos epidemiológicos demonstraramuma íntima associação entre a incidência de lesõestendíneas e a idade, tanto em atletas humanos como ematletas equinos.Uma das possíveis explicações para essa perda aparentede adaptabilidade é a de que ela seja voltada exclusivamentepara as propriedades de mola. A adiçãoou remoção de matriz não faria sentido, uma vez quereduziria a eficiência da mola (por torná-la mais rígidaou mais elástica). No contexto “normal” do equino enquantoanimal de pastejo, o acúmulo de microlesõesdecorrentes da idade e do exercício não seria suficientepara causar tendinite clínica. Entretanto, o uso do equinoem treinamentos de corrida e outras atividades atléticascompetitivas acelera esse processo, podendo enfraquecero tendão a ponto de provocar a tendinite clínica quandoa aplicação normal (ou anormal) de carga ultrapassa acapacidade de resistência do tendão degenerado.Mecanismos degenerativos relacionados à idadeEm nossos estudos, observamos altos níveis de fatoresde crescimento, principalmente TGF-β, em tendõesequinos jovens, com declínio após a maturidade esquelética.Observamos também que células colhidas de TFDSsvelhos (mas, curiosamente, não do tendão extensor digitalcomum) apresentam redução de aproximadamente50% da síntese in vitro em resposta à aplicação de fatoresde crescimento exógenos e de carga mecânica, quandocomparadas com tenócitos de TFDSs jovens. Além disso,ocorre uma redução das junções comunicantes (“gapjunctions”) no TFDS adulto. Portanto, a resposta adaptativado tendão adulto parece decorrer de uma combinaçãode ausência ou baixa disponibilidade de fatores decrescimento, redução da comunicação celular e declínioda capacidade de síntese.Os mecanismos que desencadeiam a degeneraçãonão são bem conhecidos, podendo envolver a injúria dereperfusão e os efeitos da aplicação cíclica de carga, quepode afetar diretamente as células residentes, induzindo aliberação de citocinas ou hipertermia. Tanto a liberação decitocinas como a hipertermia podem modular a liberaçãode enzimas proteolíticas pelas células residentes, levando àlesão da matriz. O esclarecimento dos mecanismos causadoresda degeneração em nível molecular pode vir a permitiro desenvolvimento de estratégias preventivas ou quepermitam reduzir a velocidade da degeneração.Início da doença clínicaFatores capazes de aumentar a carga máxima aplicadasobre o TFDS, como o peso do cavaleiro, o tipo de superfíciee a velocidade do cavalo, aumentam tanto a velocidadede degeneração quanto o risco de tendinite clínica. Alesão pode envolver desde o deslizamento irreversível dasfibrilas até a ruptura completa do tendão, passando pelaruptura isolada de fibras e pela ruptura do fascículo. Emcasos de ruptura completa, apenas o paratendão costumaficar intacto, servindo de arcabouço para o reparo, querequer um implante artificial. A falha do tendão desencadeiauma resposta reparativa que resulta na formaçãode tecido cicatricial, que difere do tendão “normal” emtermos de composição, organização e função. No TFDS, aformação de tecido cicatricial é invariavelmente excessiva,resultando em um tendão mais rígido após a conclusão doprocesso de cicatrização e predispondo a estrutura a novaslesões, por aumentar a tensão nas áreas adjacentes (“zonasde transição”).Estratégias preventivasA prevenção das lesões tendíneas se reveste de grandeimportância, uma vez que a eficiência dos tratamentosdeixa a desejar. Com base nos mecanismos de crescimentoe degeneração tendínea, podemos concentrar asestratégias preventivas em quatro áreas:Redução da degeneração após a maturidade esqueléticaEstamos investigando os mecanismos idade-dependentesque causam degeneração de tecidos moles e épossível que o seu esclarecimento venha a permitir o desenvolvimentode opções terapêuticas futuras, capazes deinfluenciar o processo de envelhecimento. Atualmente,a estratégia mais simples é a aplicação de frio após oexercício, embora faltem dados para embasar a eficiênciadessa técnica. No momento, o único aconselhamentoa ser feito é evitar protocolos de treinamento voltadosc r m v s p . g o v . b rmv&z91
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