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A nova direita brasileira 139<br />
Quando se olha a distribuição dos resíduos ajustados do perfil ocupacional<br />
dessas correntes político-ideológicas, chamam a atenção três dados.<br />
As siglas da velha direita não têm conseguido atrair candidatos das camadas<br />
médias urbanas. Há sempre uma diferença importante entre a contagem<br />
esperada de candidatos e os aspirantes apresentados por esses partidos. Os<br />
resíduos na Tabela 4 são sistematicamente negativos e sempre em torno<br />
de -3. Os partidos da nova direita apresentam em todos os anos resíduos<br />
negativos acima do limite crítico para a categoria dos políticos profissionais<br />
(chegando a -8,3 em 2010). Contudo, os políticos profissionais estão sempre<br />
ocupando os “outros partidos”, descolando-se tanto da nova quanto da<br />
velha direita. Por outro lado, a nova direita tem atraído, a partir de 2002,<br />
uma quantidade acima do esperado de novas lideranças, atingindo resíduos<br />
padronizados ajustados de 4,1 em 2010. Junto com as novas lideranças, os<br />
trabalhadores ajudam a engrossar as fileiras da nova direita. No grupo dos<br />
“outros partidos” há dois grupos sistematicamente ausentes: empresários<br />
(resíduos de -6 em 1998 e -6,5 em 2016) e novas lideranças políticas. Em<br />
contrapartida, as ocupações de camadas médias estão sempre sobrerrepresentadas<br />
em todas as eleições.<br />
Para resumir: a velha direita prossegue sendo representada majoritariamente<br />
pelo empresariado. A nova direita é composta por novas lideranças e<br />
por trabalhadores. E os outros partidos são compostos, em sua maioria, por<br />
políticos profissionais e por profissionais liberais. Isso remete três conclusões<br />
parciais. A primeira é que uma das razões da queda da velha direita foi sua<br />
baixa capacidade de articular seus fins para competir eleitoralmente. Não foi<br />
capaz nem de reter seus políticos profissionais, nem de absorver as novas lideranças<br />
políticas. A segunda conclusão é que a nova direita tem sua força<br />
eleitoral calcada no espaço dado para trabalhadores e para novas lideranças.<br />
Isso pode ser interpretado pelo tamanho dos partidos, como dissemos, em<br />
sua maioria micro ou pequenas legendas, que servem apenas de esteio para<br />
absorver o capital eleitoral pessoal de seus candidatos. E, finalmente, ao mesmo<br />
tempo que os trabalhadores não encontram mais guarida nos partidos<br />
tradicionais (em sua maioria dentro da categoria de “outros”) ocupados por<br />
políticos profissionais e camadas médias, correm para os novos partidos, onde<br />
a competição é baixa e a chance de conquistarem uma vaga nas listas eleitorais<br />
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