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DIREITA VOLVER!

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182 Direita, volver!<br />

quanto projetos mais substantivos de distribuição de riqueza. E, por estar baseado<br />

fortemente em setores exportadores de commodities, há pouca alteração<br />

da estrutura produtiva nacional.<br />

Ainda que numa formulação paradoxal, pensamos ser pertinente caracterizar<br />

esse ciclo como um modelo neoliberal modificado parcialmente por<br />

políticas desenvolvimentistas. Algo próximo a que Boito Jr. (2012) chamou de<br />

“desenvolvimentismo possível num modelo neoliberal periférico reformado”<br />

e que Saad Filho e Morais (2011) mostraram como o caráter complementar,<br />

mas não substitutivo, de propostas neodesenvolvimentistas em relação à política<br />

econômica neoliberal.<br />

Para os objetivos aqui traçados, mesmo que, desse processo, o resultado<br />

tenha sido um “reformismo fraco”, o fato é que ele produziu efeitos significativos<br />

e importantes quando se toma como referência o ponto de partida<br />

do projeto, como salienta Singer (2012): uma sociedade com altos níveis de<br />

pobreza e miséria, com uma desigualdade extremamente elevada e parte considerável<br />

da população sequer integrada à massa que vende força de trabalho<br />

nos moldes capitalistas.<br />

3. Classe média e o ciclo neodesenvolvimentista<br />

Se existem diferenças importantes, como já assinalamos, na relação da baixa<br />

classe média com o ciclo neodesenvolvimentista, o sentimento de aversão e reação<br />

negativa ao efeitos mais gerais desse projeto por parte da alta classe média<br />

é o que predomina em suas fileiras. As manifestações de rua em 2015 contra o<br />

governo podem ser vistas como o clímax de um processo que anunciava uma<br />

revolta conservadora. Interessa-nos mais propriamente entender como se efetivou<br />

esse processo, que fez a discordância se transformar em oposição explícita,<br />

mais bem articulada e, não raro, virulenta. Duas explicações destacam-se na<br />

literatura sobre o tema e nas intervenções dos próprios agentes: a revolta contra a<br />

corrupção e impactos socioeconômicos negativos sentidos pela alta classe média<br />

nos últimos anos. Essas duas razões tocam em aspectos importantes do processo,<br />

mas se mostram insuficientes ao descurar determinações de maior alcance.<br />

No tocante à corrupção – a mais forte motivação autodeclarada dos próprios<br />

manifestantes –, é inegável que esse tema tenha se transformado no<br />

Direita volver Final.indd 182 28/10/2015 15:59:17

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