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240 Direita, volver!<br />
direita nos anos 1980, aquela dos think tanks que se formaram nos anos 1970<br />
para dar corpo ao neoliberalismo de Thatcher e Reagan, para que eles empolgassem<br />
e tomassem os seus partidos (o Conservador e o Republicano).<br />
Eles já eram think tanks versão 2.0. Mas... aparentemente, há uma espécie de<br />
novíssima direita com Bush Jr. E essas organizações parecem também ter uma<br />
outra cara, missão, composição. Novos fronts e novos métodos, também. Não<br />
necessariamente think tanks 3.0, mas, quem sabe, think tanks 2.1.<br />
Nesta nova conjuntura, não apenas os think tanks se tornaram elementos<br />
centrais do “fazer política”. Já eram assim. Eles se transformaram radicalizando<br />
bastante o papel que já vinham desenhando nos anos 1970. Mais ainda do<br />
que nos anos 1970-80, os think tanks da “novíssima direita” têm se tornado,<br />
cada vez mais, elementos fundamentais não para fornecer respostas a questões<br />
colocadas diante dos cidadãos. Têm se tornado fundamentais para parametrizar<br />
as próprias questões. Em outras palavras, têm cumprido papel relevante<br />
de agenda setting ou de framing para as questões. E isso ocorre de modo deliberado,<br />
como uma estratégia política clara: a “novíssima direita” cria e multiplica<br />
think tanks e aparatos de mídia (impressa, eletrônica, virtual etc.) para<br />
modelar o ambiente político. De outro lado, operando também como lobbies<br />
(pressionando para aprovação de certas políticas ou para o direcionamento das<br />
já existentes), eles conseguem esse mesmo objetivo: policies make polity, 6 diz a<br />
sentença. Assim, por exemplo, ocorre com o fato de determinados programas<br />
públicos (provisão de saúde, educação etc.) serem financiados pelo público,<br />
mas “entregues” através de canais privados: isto os faz, ainda que públicos,<br />
reconhecíveis pelo usuário como privados. Utilizei, para provocar, o termo<br />
“células” no título desta fala. Os think tanks vão criando uma grande diversidade<br />
de formas – tanto no que diz respeito às “áreas temáticas”, quanto no que<br />
diz respeito ao espaço, à geografia de sua atuação. Os partidos de esquerda têm<br />
células “temáticas” para intervenção nas “frentes de massa” específicas – células<br />
de metalúrgicos, professores, mulheres, artistas etc. Também se organizam em<br />
células para responder à geografia – não há apenas “célula de metalúrgicos”,<br />
mas “célula de metalúrgicos da zona oeste da cidade”, por vezes célula de fábrica<br />
etc. Os think tanks cedo percebem que precisam se diversificar, criando<br />
6<br />
Trad.: “Políticas fazem política”. (N. E.)<br />
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