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DIREITA VOLVER!

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O golpe parlamentar no Paraguai 289<br />

manifestaram especialmente em dois planos: em primeiro lugar, no que se<br />

refere ao direcionamento das políticas públicas e, em segundo, na luta pela<br />

direção de espaços institucionais para a administração de recursos de poder<br />

(Martínez-Escobar, 2013).<br />

Pela primeira vez, partidos como o Colorado e o Liberal tiveram que lidar<br />

com um ator político com força de implementação de políticas que estavam<br />

conectadas a reivindicações provenientes de setores camponeses, sindicais, estudantis<br />

e outros movimento sociais. Setores dessas forças progressistas vinham<br />

de histórias de oposição, por exemplo, às privatizações, ao modelo agroexportador,<br />

à repressão estatal ou a tentativas de integração comercial como a<br />

Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Naquele momento, vários desses<br />

setores se encontravam no Poder Executivo e haviam conseguido se unir, no<br />

ano de 2010, em um só espaço político, a Frente Guasú, que incluía um espectro<br />

de organizações políticas que ia do centro até a esquerda.<br />

Um exemplo concreto de como essa disputa ocorreu dentro do Poder Executivo,<br />

entre estes setores e o Partido Liberal, é ilustrado pelo posicionamento<br />

dos ministérios e secretarias em torno da introdução do Algodão Bollgard BT<br />

da empresa Monsanto. 15 Quatro entes públicos tomaram medidas no caso,<br />

um dirigido pelo Partido Liberal e três pelos setores progressistas. O Ministério<br />

da Agricultura, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, autorizou a entrada<br />

da semente de algodão geneticamente modificada no Paraguai; contudo, o<br />

Ministério da Saúde, a Secretaria do Meio Ambiente e o Serviço Nacional de<br />

Qualidade e Saúde Vegetal e de Sementes, ligados à então unificada Frente<br />

Guasú se opuseram. Essa razão deteve sua entrada no Paraguai até dois meses<br />

após a destituição de Fernando Lugo, isto é, uma vez que as forças políticas<br />

progressistas foram afastadas do Poder Executivo (Martínez-Escobar, 2013).<br />

Os conflitos em torno da direção da administração de recursos de poder<br />

foram aumentando no final do governo Lugo. Com a consolidação da Frente<br />

Guasú e a relativa popularidade do próprio presidente, que lhe outorgava um<br />

poderoso papel de influência para incidir nas próximas eleições presidenciais,<br />

parecia que o PLRA ficaria novamente em uma posição relegada na próxi-<br />

15<br />

Este caso não é menor, já que está ligado ao principal modelo econômico do Paraguai e representa<br />

um dos temas que consegue sobredeterminar grande parte da demanda do campo<br />

progressista, ainda que não seja a única demanda.<br />

Direita volver Final.indd 289 28/10/2015 15:59:20

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