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DIREITA VOLVER!

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214 Direita, volver!<br />

cia do Ciberespaço, em 1996. 1 Nela, exigia que os governos do mundo industrial,<br />

“gigantes aborrecidos de carne e aço”,<br />

em nome do futuro [...] nos deixem em paz. Vocês não são benvindos entre nós.<br />

Vocês não têm a independência que nos une. [...] Seus conceitos legais sobre propriedade,<br />

expressão, identidade, movimento e contexto não se aplicam a nós. Eles<br />

são baseados na matéria. Não há nenhuma matéria aqui.<br />

Curiosamente, a primeira grande campanha política que reivindicou as<br />

qualidades da internet para a participação social foi realizada por um candidato<br />

a presidente dos Estados Unidos, o empresário Ross Perot. Opondo-se ao<br />

controle de armas, defendendo um orçamento público equilibrado, o aumento<br />

da guerra às drogas, Perot se tornou um candidato independente à presidência.<br />

Mas foi sua proposta de democracia digital direta e de constituição de<br />

prefeituras eletrônicas com o engajamento dos cidadãos que chamou atenção<br />

de todos na campanha presidencial de 1992. Essa sugestão gerou intensos<br />

debates, pois Perot chegou a defender que o parlamento seria supérfluo com<br />

a expansão das redes digitais. Ele terminou em terceiro lugar, recebendo aproximadamente<br />

19% dos votos. Uma votação estupenda para um país envolto<br />

em um bipartidarismo.<br />

A internet, em tese, permitiria governos mais transparentes, consultas públicas<br />

online, canais abertos para cidadãos reclamarem e parlamentares que<br />

efetivamente ouvissem seus eleitores. A esfera pública ganhava mais intensidade<br />

e se conectava. A promessa da democracia deliberativa parecia bem<br />

mais paupável. Nesta direção, no livro Redes de indignação e esperança, Manuel<br />

Castells descreveu cenas de articulação e interatividade em redes distribuídas,<br />

abrindo possibilidades para as explosões sociais e rebeliões que mesclavam as<br />

redes e as ruas como o ocorrido na Tunisia, Egito, Islândia e Espanha.<br />

Entretanto, vozes como a de Evgeny Morozov questionavam o sentido libertador<br />

e progressista da internet. Para o pesquisador bielorusso, a internet<br />

poderia estar destruindo liberdade, favorecendo a fragmentação das ideologias,<br />

fortalecendo Estados totalitários e lideranças que aspiram a derrocada das<br />

democracias, bem como consolidando a supremacia dos mercados sobre a so-<br />

1<br />

Disponível em: .<br />

Direita volver Final.indd 214 28/10/2015 15:59:18

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