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DIREITA VOLVER!

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192 Direita, volver!<br />

5. Considerações finais: conservadorismo liberal no<br />

Brasil?<br />

Inúmeras questões, aqui apenas tangenciadas, exigiriam maiores aprofundamentos<br />

conceituais e empíricos. Posições liberais e/ou conservadoras têm sido<br />

verificadas pelas pesquisas nas manifestações de 2015, mas o uso desses dados<br />

exige maiores cuidados e quadros de referência e de comparação mais bem<br />

desenvolvidos. Apenas assim seria possível tratar uma questão seminal: se é<br />

certo que as ideologias – como a de valorização do trabalho duro em geral e a<br />

meritocrática – afetam todas as classes, o necessário é entender como elas são<br />

distintamente incorporadas e como algumas são mais funcionais e orgânicas a<br />

cada classe do que outras. 19<br />

Interessa-nos apenas apontar certos elementos que marcam o fortalecimento,<br />

no debate público, de um conservadorismo liberal – ou um liberalismo<br />

conservador, se a intenção é enfatizar a trajetória particular do liberalismo<br />

no Brasil. 20 Trata-se de uma combinação particular do rechaço ao que seriam<br />

experimentos utópicos que visam “justiça social” com a defesa do livre mercado<br />

e das ideias justificadoras inerentes a ele – postura essa que deixa até em<br />

segundo plano a defesa de valores “tradicionais”. Algo como um encontro da<br />

filosofia política de Edmund Burke com a teoria econômica de Ludwig von<br />

Mises e Friedrich Hayek.<br />

Parece-nos que esse conservadorismo liberal, que chega fortemente na classe<br />

média por meio de certos veículos de comunicações de ampla circulação, 21<br />

encontra nos ambientes privados e nas manifestações importantes ponto de<br />

19<br />

Um cuidado metodológico fundamental é o de não confundir as posições individuais apreendidas<br />

em contextos “individuais” (que podem ser as mais variadas possíveis) com as posições<br />

individuais apreendidas em contextos de ações e movimentos de classe (que apresentam<br />

limites e condicionantes mais claros).<br />

20<br />

Uma referência comum de seus seguidores é a tradição liberal-conservative inglesa. Porém,<br />

há diversos novos grupos liberais e libertários (ou libertarianos) que buscam se diferenciar<br />

do conservadorismo. Outro fenômeno importante é o conservadorismo liberal proveniente<br />

de lideranças religiosas que se lançam à política profissional em defesa “da moral e dos bons<br />

costumes” e com forte discurso pelo livre mercado. Por enquanto, são candidaturas fortes no<br />

legislativo (como Eduardo Cunha), mas pouco expressivas no executivo (Pastor Everaldo).<br />

21<br />

A revista citada como a mais “confiável” no Brasil, única que recebeu avaliação totalmente<br />

positiva de mais da metade (51,8%) dos entrevistados na manifestação de 12 de abril, foi<br />

Veja, cujas edições impressas e blogs abrigam o discurso mais organizado da direita no país.<br />

Direita volver Final.indd 192 28/10/2015 15:59:17

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