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DIREITA VOLVER!

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272 Direita, volver!<br />

públicas visando sua adoção de forma mais imediata, enquanto com o CEP<br />

ocorreu o movimento oposto. 19<br />

De qualquer forma, a despeito da singularidade do caso chileno, é possível<br />

dizer que a atuação da Atlas na América Latina durante os anos 1980 e início<br />

da década de 1990 marcou o primeiro momento no histórico de atuação de<br />

think tanks “ativistas” de direita na América Latina. Seja auxiliando na fundação<br />

de organizações novas ou incorporando think tanks criados por elites locais,<br />

especialmente por grupos de empresários nacionais e estrangeiros, como<br />

é o caso do Brasil com IEE 20 e o Instituto Liberal (Gross, 2002), a Atlas foi<br />

fundamental para conferir um certo grau de homogeneidade aos discursos e<br />

práticas dos think tanks latino-americanos, os quais logo passaram a desempenhar<br />

atividades similares, em maior ou menor grau, àquelas desempenhadas<br />

pelo IEA ou pelos think tanks “ativistas” norte-americanos. Dessa maneira, nos<br />

anos 1990, de forma análoga ao que ocorreu na década anterior na Inglaterra<br />

e nos Estados Unidos, certas políticas de corte neoliberal passaram a ser adotadas<br />

em vários países do subcontinente.<br />

Na América Latina, contudo, a adoção de tais políticas de forma mais enfática<br />

ocorreu por um período menor em comparação com o contexto anglo-<br />

-saxão. Em geral, tais políticas foram adotadas em menor ou maior grau por<br />

partidos e políticos que não eram necessariamente de direita e que, uma vez<br />

eleitos, em certos casos com base em um apelo eleitoral de tipo “populista”,<br />

afirmavam que as reformas liberalizantes iriam ser adotadas de modo pragmático<br />

para sair da crise econômica que assolava a região, e não em função de<br />

uma adesão ideológica ao neoliberalismo (Weyland, 2003), 21 como ocorreu<br />

durante o governo de Thatcher e Reagan. De qualquer forma, como os inte-<br />

19<br />

De acordo com o presidente atual da Atlas, Alejandro Chafuen, a articuladora não apoiou<br />

inicialmente a formação do think tank chileno por um motivo bastante trivial. Em 1981,<br />

ano de fundação da Atlas, Fisher não pode comparecer ao encontro periódico da Sociedade<br />

de Mont Pelerin que foi sediada naquele ano no Chile, em Viña del Mar, no qual os membros<br />

do recém-fundado CEP tiveram uma atuação importante. Cf. .<br />

20<br />

Sobre os fundadores do IEE, cf. .<br />

21<br />

Aqui é importante chamar a atenção para o fato de que a adoção de reformas liberalizantes<br />

no Chile e na Argentina ocorreu antes da eclosão da crise da dívida, de modo que não é<br />

possível explicar tal fenômeno apenas com base em fatores exógenos de natureza sistêmica,<br />

explicando a mudança de orientação econômica a partir da (re)organização da economia em<br />

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