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Buckley Jr., Kirk e o renascimento do conservadorismo nos Estados Unidos 253<br />
sobre a qual a vida correta seria fundada; preservando a reverência, a disciplina,<br />
as ordens e as classes sobre as quais se assentaria o “princípio da liderança”;<br />
reestabelecendo “os propósitos do trabalho e da existência doméstica” corroídos<br />
pelo “fenômeno do proletariado”; resistindo às “ideologias armadas”, ou<br />
seja, ao comunismo, com os meios necessários, inclusive por meio de “duras<br />
decisões diplomáticas e militares”; por fim, reconstruindo as verdadeiras<br />
comunidades e as energias locais que se oporiam ao coletivismo compulsivo<br />
(Kirk, 2014 [1986], p.472-473). Os primeiros passos estavam sendo dados,<br />
mas faltava ainda construir e fortalecer uma opinião pública conservadora.<br />
National Review e o anticomunismo<br />
Em 1948, o ex-editor da revista Time Whittaker Chambers (1901-1961)<br />
afirmou na House Un-American Activities Committee (HUAC) do Senado<br />
norte-americano que tinha conhecimento de uma célula comunista infiltrada<br />
nos altos escalões governamentais. Alger Hiss (1904-1996), o principal acusado,<br />
era presidente do Carnegie Endowment for International Peace, havia sido<br />
um dos conselheiros do presidente Franklin Delano Roosevelt na conferência<br />
de Yalta e era uma figura chave entre os liberais norte-americanos. O depoimento<br />
de Hiss no House Committee on Un-American Activities foi devastador<br />
e enterrou as acusações de Chambers, abalando sua reputação, mas as sequelas<br />
na sociedade norte-americana foram profundas e o confronto Chambers-Hiss<br />
prefigurou a cisão na opinião pública que estava por vir. 8<br />
No Senado, as acusações de Chambers forneceram argumentos para a cruzada<br />
de Joseph McCarthy, o qual desde o início de 1950 vinha aumentando o<br />
tom de suas denúncias contra comunistas que supostamente trabalhavam no<br />
Departamento de Estado. Buckley, juntamente com seu antigo colega de Yale,<br />
Bert Bozell (1925-2008), tomou o partido do senador e juntos publicaram<br />
um libelo em sua defesa (Kirk, 2014 [1986], p.472-473). O livro, embora<br />
reconhecesse alguns “exageros” cometidos pelo senador, endossava não apenas<br />
as acusações como também os métodos utilizados por ele<br />
8<br />
A bibliografia sobre o tema é enorme, mas destacam-se as narrativas biográficas dos próprios<br />
envolvidos (ver Chambers, 1952; Hiss, 1957). Cf. a coleção de artigos de opinião da época<br />
reunida por Swan (2003).<br />
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